quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Eu, psicopata

Nós andávamos brigando muito. Toda semana era uma discussão nova. Toda semana mamãe era sumariamente xingada. Viver assim, sob o mesmo teto, já estava ficando insuportável. Mas eu sou paciente. Eu fui muito paciente. Agüentava todos os xingamentos sem mover um pêlo sequer. Retrucava sim, mas com a sabedoria e paciência que a vida me ensinou a ter.
O problema é que ela não podia me ver trabalhando em casa. Não entendia que um homem pode trabalhar em casa. Eu faço tudo aqui, depois mando por e-mail. Simples, mas ela não entendia isso. Achava que um homem deveria sair cedo de casa e só voltar na hora da janta. Tinha o pensamento muito machista. O sonho dela sempre foi de me receber de avental amarrado nas costas e pano de prato na mão. Queria porque queria ser uma simples dona-de-casa.
Aconteceu enquanto eu estava na minha escrivaninha, desenhando. Ela veio da cozinha toda nervosa porque eu tinha lavado a louça. A desgraçada sequer me deixava arrumar a cama! Aí veio me xingando, me chamando de baitola, dizendo que homem não deve fazer serviços de casa e blá-blá-blá. Que culpa eu tenho se ela se jogou sobre o meu lápis? Caiu de nuca! Ela sabia que isso poderia acontecer: viu enquanto eu o apontava.

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