sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Inspiração, amor, polêmica, sucesso...

Quando a inspiração parecer que nunca mais virá, escreva sobre amor.

Existem assuntos que são infalíveis. Numa das primeiras aulas de jornalismo, aprende-se que qualquer acontecimento que apresente morte, novidade ou escândalo – entre outros que não lembro ou não são importantes – chamam a atenção e viram notícia. No caso das crônicas, é o amor que nunca nos deixa na mão.

Vale ser piegas e dizer que o amor é uma flor de cor vibrante e cheiro intenso, que brota em meio a um mar de espinhos, curando todas as feridas e devolvendo a saúde de um coração sofrido; ou ser sonhador e dizer que na vida existe apenas um amor, esperando sabe-se lá onde, com tudo o que é importante saber e sentir guardado carinhosamente num cesto de vime, simplesmente esperando o sublime encontro com a alma gêmea; ou então ser que nem eu e dizer que o amor, oras bolas, não existe.

Pã, pã, pã, pã. (Criou-se o momento do clímax)

O amor não existe, o amor não existe, o amor não existe. Sim, estou debochando da sua cara, como uma criança que provoca o rival da rua de baixo. O amor não existe, o amor não existe. Mas, calma! Como diria Murphy numa de suas tantas leis, "nem tudo está tão ruim que não possa piorar": assim como não existe amor, não existe Deus.

(Tomara que agora, com a polêmica criada, este blog finalmente alcance o sucesso merecido e esperado)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Justificativa

O personagem que vivo no dia-a-dia está de roupagem nova. É um personagem representando outro personagem. Que loucura.

Juro que não tenho controle sobre isso.

Sem nexo 6

É muito fácil enlouquecer. Bastam dois minutos de prosa com alguém que já foi acometido pela loucura da vida para que as idéias da mente comecem a se confrontar. Ou então dar uma lida em um ou outro livro que exponha a insignificância do ser humano perante a infinidade do universo. Ou até, quem sabe, algumas horas de reflexão acerca do inexorável sentido da vida. Ler o jornal do dia também ajuda a chegar lá.

Loucos, na verdade, acho que somos todos nós, que nos consideramos normais. Nós, que vivemos segundo as regras do jogo. Geroge Orwell já dizia que "liberdade é escravidão", e pensar nisso causa angústia aos mais realistas. Entender que o mundo e suas leis de convivência estão errados e danando a própria existência humana causa frustração aos mais desavisados.

O que ninguém parece compreender é que o indivíduo é muito pouco no contexto do todo. O que é, por favor!, viver a vida? Os acomodados dirão que basta fazer tudo o que der na telha, da maneira que desejar, buscando sempre a felicidade. Mas, ó raios, tudo é muito relativo! Em tudo na vida, como na física, o que importa é o referencial. A minha felicidade não deve ser a mesma que a sua.

Eu faço muitas coisas que me dão prazer. Muitas. E, admito, consigo sucesso na grande maioria delas. Posso dizer que sou um cara feliz, na medida do possível. Porém – ah, o porém – eu quero mais. Sempre quero mais. E sabe porque não consigo fazer dez vezes mais coisas legais do que já faço? Sim, os seres humanos. Já disse e repito: os seres humanos são a escória da humanidade.

Vocês estragam tudo. Ou melhor, nós estragamos tudo. O seres humanos conseguem destruir toda e qualquer coisa em que botam as mãos. Vocês... nós pegamos a inocente folha de coca, trabalhamo-la e criamos a cocaína. E depois proibimos. O mesmo com a papoula. O mesmo com os carros esportivos que mostram no odometro a velocidade máxima de 320 km/h. Aos humanos, um aviso: muito ajuda quem não atrapalha.

Ok, admito. Estou ficando louco. Acho que é muita leitura. Ou muito café. Os livros nos fazem pensar, o café catalisa idéias mirabolantes. As idéias mirabolantes – God damn'it – causam suicídio.

Pensar enlouquece. Pense nisso.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Mexe com está quieto

Logo cedo quando ia ao trabalho, Silvio viu um tumulto do lado de fora do coletivo, eram dois motoqueiros que se espancavam. Todos dentro do coletivo assistiam como se aquilo fosse um espetáculo. Até o cobrador se esticava todo para ver a cena de brutalidade. O sinal abre para o ônibus, mas o motorista estava vidrado na cena. Silvio era o único que olhava na direção contrária da briga, olhava para o rosto das pessoas e só via uma sede torpe por brutalidade.

Nisso o sinal fecha e ninguém percebeu, ainda estavam hipnotizados pelos gritos e socos desferidos pelos dois valentões de capacete. Silvio ignora a briga, aumenta o volume da música que estava ouvindo e continua lendo uma revista. Algum tempo depois, talvez pelo horário, o motorista resolve seguir seu caminho. O semblante das pessoas mostrava que o comentário era sobre a briga, Silvio nem deu pelota para o assunto.

Um sujeito que estava sentado ao lado dele, disse algo. Silvio tirou o fone do ouvido e perguntou o que o sujeito queria. O figura queria muito comentar que um dos motoqueiros deveria ser lutador de jiu-jitsu. Silvio respondeu que não prestou atenção na briga, tentando não dar margem para uma conversa sobre técnicas de luta, mas o sujeito insistiu. E foi além, pediu para baixar o volume da música para ouvi-lo melhor. Pronto era só o que faltava, um figura que ele nunca falou na vida (apesar de que já se conhecerem de vista no coletivo) pedindo para ele deixar de ouvir música para discutir briga de trânsito.

De todos os passageiros do coletivo, o colega do banco do lado era o mais empolgado com a ‘batalha dos motocas’, como ele mesmo chamou a briga. A única coisa engraçada nisso foi que ele dizia coisas do tipo: - se fosse comigo, na hora que o cara fez isso. Eu fazia aquilo e dava um arm-lock (falou o Mr. Graice). Ele seguia com suas teorias e destilava todo seu conhecimento de jiu-jitsu, karatê, capoeira e judô. Quando o sujeito falou em judô, Silvio não se agüenta e começa a rir. Isso deixou sujeito um pouco irritado.

Com cara de poucos amigos, perguntou o que Silvio achava de tão engraçado no judô. Que ainda rindo disse que achava estranho alguém que tinha se amarrado tanto com a violência dos motoqueiros, e que se estivesse no lugar de um dos brigões daria um “arm-lock”, enfim uma cara que acha graça em uma briga, e quanto mais violenta melhor, viesse me falar de judô. Afinal judô só conhecia dois tipos de pessoas que praticam*: crianças nas escolas e atletas olímpicos (tipo a Edinanci). Sem falar que judô é algo que prega disciplina e respeito.

O camarada ficou puto, achou que Silvio estava debochando dele. E debochava mesmo, então Silvio disse a ele: Já lhe ocorreu que em momento algum eu quis falar sobre aquela briga estúpida?

Fim


*Tudo bem podem existir adultos que pratiquem judô, mas eu não conheço nenhum.

Chefia

Em um dos mais de 200 livros que escreveu Plutarco há uma fábula que ainda gera muita intriga. Confesso que nunca a li, mas conheço a história. Trata-se de um soldado que salvou a vida de um rei. Um sábio o aconselhou que fugisse (o soldado), mas ele preferiu ficar para receber a gratidão do monarca. Acabou assassinado pelo rei.

Dizem que a anedota trata da ingratidão humana para com os atos dos seus semelhantes. Não concordo. É claro, há ingratidão. Mas imagina a vergonha para um rei ter de admitir que a sua vida é devida a um ato de coragem de um soldado qualquer. Ele foi morto por isso – a vergonha –, e não porque o rei não reconheceu ou não teve gratidão por sua bravura.

Cuidado na hora de ajudara alguém supostamente superior. Não o faça esperando algo em troca. Quem viu O Diabo Veste Prada –filme besta, mas tem essa mensagem que vale a pena – sabe como são as relações de admiração entre chefe e subordinado. No filme, a mocinha, depois de se demitir, vai a uma redação (ela é jornalista) procurar emprego, e o diretor que a recebe diz "sua ex-chefe me ligou e disse que você foi a pior assistente que ela já teve e que, por isso, seria um erro se eu não a contratasse".

A admiração dos chefes é sempre contida. Eles nunca admitirão que você é bom, apesar de sempre dizerem, retoricamente, "você é o nosso melhor profissional". Isso é apenas conversa fiada, daquelas aprendidas em palestras de motivação de empregados. O importante é que você nunca os deixe saber que almeja suas posições. Os chefões não admitem concorrência.

O problema está nas relações de poder. Não podem haver dois reis num mesmo reino. As pessoas não conseguem louvar mais de um deus. Basta ver que no mundo animal a liderança dos grupos é disputada literalmente a tapa (ou a chifrada, ou a patada, ou a bicada, enfim). Nada muito diferente do que acontece com os seres humanos. Somos todos uns animais. Ou melhor: piores que os animais.

Eles pelo menos não andam de carro.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Caixa, papel e fita

Escolher um presente de aniversário é uma complicada arte milenar. Para mim, então, com tantas confusões mentais e algumas convicções a serem urgentemente revisadas, é mais difícil ainda. A ingerência dos meus ideais por parte do meu já tão comentado e famigerado hipotálamo não permite escolhas sem que sejam feitas algumas daquelas presumíveis conjecturas. Traduzindo porcamente, não consigo pensar num presente a ser dado sem imaginar o futuro dele nas mãos do aniversariante.

Quem dá presente – sincero, não por atacado – não o faz sem muita reflexão. É preciso pensar em tudo: nos gostos e vontades do aniversariante, no sentido que a lembrança terá, na utilidade do objeto, na significância do ato... Às vezes, dependendo da circunstância, um cartão musical do Smilingüido tem muito mais valor do que uma Barbie Alpinista (favor desconsiderar se o aniversariante é criança – NUNCA dê roupas, colares ou abajures de presente para uma criança).

Lembro-me de um bonequinho que ganhei de uma amiga, num aniversário qualquer. Não tinha muita utilidade a não ser ocupar uma lacuna entre duas miniaturas de Ferraris na estante, mas era de um grande significado. Não vou explicá-lo agora porque envolve muitas questões filosóficas, sentimentais e mercantilistas. O fato é que sempre que eu olhava para o boneco, lembrava dela. Se alguma visita perguntava "que raios boneco feio é esse?", minha resposta invariavelmente era "foi fulana que me deu". Sem ressentimentos.

É bom lembrar que não importa se o boneco era feio ou não, útil ou não, caro ou não. Ele era simplesmente um símbolo, uma marca constante e insistente da nossa amizade que se fazia presente todas as manhãs. Poderia ser um quadro, uma carta ou uma folha de parreira, não importa. Ele era algo bem mais complexo e intenso do que uma simples peça de decoração.

Hoje em dia nem sei mais por onde o bicho anda. Assim como a amiga, deve ter ficado para trás numa das tantas mudanças que fiz nos últimos anos. Algumas amizades são efêmeras, todos os objetos são finitos. Somente símbolos duram para sempre. A minha maior dificuldade em presentar é justamente achar algo que represente bem o sentimento que me une ao presenteado.

Mas também não vou apelar e comprar um boneco qualquer numa espelunca qualquer para dar para alguém. Acho que nenhuma pessoa teria um gosto tão exótico (leia-se coragem) quanto o meu para colocar um boneco riTículo daqueles na estante.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Fama ou anonimato

Preciso parar de escrever tanto, todos os dias. Dizem que a mente é infinita, mas sinto que ela não pode se expandir mais do que a caixa craniana. O que eu vou escrever quando for contratado por uma revista de circulação nacional? Do jeito que andam as coisas, quando eu for para a The New Yorker só o que terei para fazer é traduzir meus próprios textos para a língua do Tio Sam.

Já vi muitos filmes em que a moral da história é "não deixe o sucesso subir à sua cabeça". Normalmente eles mostram a história de atletas ou artistas que perderam tudo o que conquistaram por mudarem a personalidade depois de virarem conhecidos. Ora, quem mudaria seu jeito de ser só por uns milhõezinhos a mais na conta bancária?

Quando acontecer comig... não, não posso garantir como vou agir. Sou muito suscetível a palavra "fama". Acho que só namorarei modelos-e-atriz, baterei em paparazzis e desconhecerei minhas origens. Meus atuais amigos, esqueçam: vocês não serão convidados aos bailes promovidos em minha homenagem no Copacabana Palace. Aproveitem para sair em fotos comigo agora, pois no futuro ignorarei os anônimos.

O conceito de sucesso é muito estranho. Ser conhecido não lhe garante a fama. Ou garante, mas de forma muito efêmera. Somente os transgressores são eternamente lembrados. Ou alguém aqui recorda de Paulo Sérgio, cantor da música "Última Canção"? Ele vendeu 60 mil discos numa época em que vender 30 ou 40 já era MUITA coisa. O ano dele foi 1968, no auge da Jovem Guarda, e alguns dirão "mas faz muito tempo!" Eu retruco: quem aqui NÃO conhece Roberto Carlos?

Aí que tá a diferença. Roberto Carlos INVENTOU a Jovem Guarda. Ok, inventar é um exagero, mas ele é um verdadeiro símbolo da Jovem Guarda. E por méritos, afinal era o líder do movimento que tomou conta do Brasil na década de 60. E um músico muito bom, diga-se de passagem. Como ele, posso citar Charles Darwin, Margareth Thatcher e Andy Warhol. Cada um revolucionou alguma coisa na sua área.

Kelly Key, P. O. Box e Tchakabum, cantores ou bandas de MUITO sucesso em seu tempo, mas quem fala deles agora? Eles não mudaram nada e nem foram geniais. Em 10 ou 15 anos nem terão mais seu verbete na Wikipedia. Nem como "famosa banda do começo dos anos 2000". Assim como Fábio Júnior, aquele "brilhante" jogador do Cruzeiro, também do começo dos anos 2000. Mas se for falar de jogadores de futebol, o assunto não terminará nunca.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O vírus do BBB

Em tempos de BBB, até o Gente & TV do Terra fica contaminado pelas ações do brotheres. Minhas tão engraçadas notícias (?) do tipo "Giovanna Antonelli almoça com amigos" são sistematicamente relegadas para segundo plano pela turma do Pedro Bial. Big Brother é uma praga instantânea e reincidente que infesta todos os cantos da internet brasileira. Em qualquer portal que você entre, os destaques são o paredão e a prova do líder. Isso é um absurdo.

Tudo bem que não se pode levar o Terra a sério, mas o BBB é tão imune a vacinas que até o site do Estadão, outrora tão respeitável, deixou-se empertigar com o vírus. O da Gazeta do Povo também. É um neurocídio! Estão paulatinamente aniquilando córtex cerebral dos brasileiros; até mesmo daqueles que procuram, em vão, notícias de verdade na internet.

Admito que nunca acompanhei um BBB. Nem o primeiro, que chegava com aquele status de novidade. Na época eu tinha lá meus 13 anos, e com certeza preferia ler uma bula de paracetamol a ficar na frente da TV observando 12 ratinhos de laboratório se degladiando na "casa mais famosa do Brasil". Alguns dirão que eu não posso falar mal de uma coisa que nem conheço, mas qual é o lado bom do BBB?

Para nós, homens, existem as mulheres. Sem nunca ter visto um "episódio" daquele Big Brother (que, lógico, não sei qual é), fiquei completamente apaixonado pela pescadora Mariana Felício. Ela era linda, simples e, principalmente, inteligente. Mas o BBB é tão ruim que quem é que fez sucesso pós-casa? As burras da Sabrina Sato – que pelo menos é engraçada – e Irislene Stefanelli.

Acho que o único Big Brother Brasil que gerou uma discussão séria foi aquele do tal Jean Willis. Até eu quis ver o momento que ele anunciou que era homossexual (que, convenhamos, nem precisava). Mas também durou pouco: era uma bicha tão chata que hoje deve estar cuidando de algum salão de beleza por esse Brasil. Ou sendo "editor-chefe" de algum programa vespertino de fofoca, afinal ele é jor-na-lis-ta.

O BBB até quando acerta, erra.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A auto-sustentável leveza do ser

Há um grande mérito em se tornar escritor. Apesar de ganhar pouco e esporadicamente, sempre de acordo com a vontade das editoras e da imprensa (que vende sua obra como lixo, cult ou politizada – e, pode crer, a que é considerada "lixo" tem muito mais divulgação), ser escritor tem, como tudo na vida, um lado bom. Algo que os mais metidos chamariam de qualquer coisa parecida com "auto-sustentabilidade de si próprio".

Parece complicado, mas é tudo uma ambigüidade desmedida. E uma grande mentira também.

Sabe-se bem que o ser humano (essa escória da humanidade) têm certas necessidades; podem ser físicas, emocionais, mentais, biológicas e um outro tanto infinito de tipos. Porém sempre há aquele modelo de necessidade que não pode bem ser considerada necessidade, pois, oras, dá perfeitamente para viver sem. As "necessidades" psicológicas.

No caso das crianças, essa "necessidade" psicológica é aquele sorvete sujo e aguado da praça Rui Barbosa, que faz o bicho se retorcer todo e chorar no meio do calçadão, normalmente gritando "eu vou morrer, eu vou morrer!" Todos sabemos que na verdade ela só vai morrer SE comer o sorvete, e não o contrário. É a tal da "necessidade" psicológica.

Com o tempo, essa "necessidade" vai se aprimorando. Uma adolescente, por exemplo, não pode "nem mor-ta" ir para a escola sem um iPod Touch. Assim como houve um tempo em que todo rapaz de 15 anos PRECISAVA ter um skate; se não o tivesse era melhor que nem saísse para brincar na rua. Quando se vira adulto (ou tem lá seus 20 anos e todo o mundo te considera adulto, menos você), as "necessidades" psicológicas começam a se fundir com as outras – essas sim essenciais – e a mente vira uma demência completa e sem tamanho.

A monogamia, por exemplo. Cansei de explicar para as mulheres que isso é apenas uma imposição da Igreja da era medieval para controlar melhor as divisões de seus reinos. Ou seja, é uma regra criada pelos humanos (a tal da escória da humanidade), e não algo natural. Vejam os macaco, que fofinhos. Eles se acasalam com quem desejar, na hora que quiser e quantas vezes precisar. Não estou pregando o sexo em público, mas apenas uma MP que permita a poligamia.

(Estou perdendo o foco, eu sei. Voltemos à auto-sustentabilidade do ser)

Enfim, se a poligamia é proibida pela constituição (e por isso vou, assim que me formar, mudar-me para o Sudão ou algum outro país muçulmano), devemos nos contentar com apenas uma senhora para "fazer" a vida inteira. E, bem, devo que admitir que, devido a formação cristã que tive, esse conceito de que só-se-é-feliz-ao-achar-o-amor-verdadeiro está impregnado no meu conceito cultura civilizada. Por causa lavagem cerebral, é verdade, mas isso me é uma "necessidade' psicológica.

(Aqui entraria toda aquela discussão de que blá-blá-blá... Sou perito em divagações infundadas, mas não me deixarei levar pelo impulso)

Foi para livrar minha mente desse fardo que me impuseram quando criança que entrei para o time dos que "auto-sustentam a si próprio". Minhas "necessidades" psicológicas são todas satisfeitas num fechar de olhos. Com a imaginação solta, tomo aquele sorvete da praça Rui Babosa, tenho um iPod Touch e um skate com rodinhas de titânio e shape da Drop Dead. E minha mente é tão insana que sinto até a dor de barriga provocada pelas três bolas de sorvete Pasqualino, compradas na porta da La Casa di Frango.

E me caso também. Várias vezes, todas as noites, com pelo menos umas três mulheres diferentes. E não!, não é nada disso que vocês estão pensando. São todas imaginações limpas e românticas, onde conheço os pais da noiva, caso de smoking na Igreja da Candelária e passo a lua-de-mel [nu] em Ibiza (aí sim os pensamentos são sujos). Imagino as brigas também. É um casamento completo. E isso me satisfaz.

Repito: isso me satisfaz.

Não vou me casar antes de 2014, pode apostar. E estou contando, aí, a margem de erro – para menos, bem menos. Minha idéia é ir ao matrimônio beirando os quarenta, depois de ter conhecido metade do mundo e ser copiosamente julgado por ter ficado para titio (o que é praticamente impossível, porque sou primogênito AND precoce). Dane-se o que você está pensando. As necessidades psicológicas são minhas e eu as satisfaço do jeito que bem entender.

Eu não bebo, não fumo, não jogo e não quero encontrar a princesa encantada tão cedo. E às vezes minto um pouquinho.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A vida é doce

Juro que estava apenas sentado no banco, como sempre fico, só observando o movimento. Gosto desses momentos de solidão porque nos dão no que pensar. Fico vendo as pessoas, as reações, os comportamentos. Várias questões existenciais pululam no e do meu cérebro. Quem quiser experimentar, comece pelas crianças e pelos velhos que, diferentemente do resto, não querem e não precisam (e quem precisa?) ter vergonha de terceiros. Fazem tudo do jeito que querem e na hora que bem entendem. É muito divertido.

Mas voltando ao meu juramento, digo apenas que era um dia normal como qualquer outro. Passava das seis e o sol já estava partindo, deixando uma leve brisa capaz de provocar calafrios aos desavisados de camiseta curta. Na praça onde eu estava sentado, nunca acontece nada. A graça está em observar o outro lado da rua, onde há um ponto de ônibus por onde circulam dezenas de pessoas por minuto. Eu olhava uma senhora com dificuldades de atravessar a rua quando senti uma mão pousando nas minhas costas.

Numa praça vazia e desconhecida como aquela, uma mão pousando nas costas só pode ser uma coisa: assalto. Na cidade em que vivo, aliás, quando qualquer pessoa vêm espontaneamente conversar com você é porque ela que sua carteira e celular – se vacilar, o óculos também. Na hora senti meu sangue gelar, e minha artéria aorta ardeu por causa da contração precipitada. Não sei se foi por causa do susto, mas quando me virei, tremendo, para ver quem era, minha vista estava tão turva que só consegui distinguir um vulto, que disse:

- Com licença. Posso me sentar com você?

Entre o sorriso de esperança que ela deu e minha resposta, com certeza se passaram mais de 10 segundos. Até que eu recuperasse a voz, a visão e a respiração, ela ficou parada, olhando no fundo dos meus olhos, o que contribuía ainda mais para o congelamento. Eram olhos sinceros, daqueles de pessoas que nunca falariam um palavrão ou mal de alguém. E o sorriso... Ah, o sorriso parecia me convidar para subir ao céu e conhecer os outros anjos como ela. Respondi-lhe "claro", e a partir daquele minuto minha vida nunca mais foi a mesma.

Ela segurava um livro (A Peste, de Albert Camus) que eu havia acabado de ler há poucas semanas. Seria um ótimo pretexto para ter sobre o que conversar. Quando terminei de calcular mentalmente o provável momento da história pela posição do seu marcador, ela perguntou meu nome. Eu sou curitibano, poxa vida. Por mais que seja falastrão, extrovertido e sem-vergonha, não estou acostumado com manifestações espontâneas para com minha pessoa. Pela primeira vez na vida tive que pensar antes de responder qual era meu nome:

- Uéslei – disse. E o seu?

Até hoje não consigo entender como fui capaz de responder aquilo sem engasgar. Meu coração batia tão forte que dava para sentir a garganta pulsando como britadeira. Meu olhos pareciam que a qualquer momento cairiam para fora do globo ocular, tamanha a força do sangue que se fazia chegar ao meu cérebro. Mas eu consegui. Perguntei e ela respondeu, doce e amável como sempre deve ser:

- Maria Eduarda.

Talvez jamais houve poeta ou romancista no mundo que não tenha escrito algo para pelo menos uma Maria Eduarda. É um nome essencialmente poético. É o nome da mocinha mais mocinha das histórias, aquela que ama o príncipe perdidamente mas não faz nenhuma loucura para tê-lo porque não quer magoar os pais. Marias Eduardas sabem esperar, não importa quanto, porque têm sempre a certeza de que o bem vencerá o mau. Para elas, no final tudo dá sempre certo. Marias Eduardas usam vestido branco com bolinhas vermelhas e correm descalças pelo bosque, sem medo do Lobo Mau.

Enquanto minha mente fazia essas divagações literato-psicológicas, ela me olhava com atenção. Com certeza meus olhos estavam brancos e infinitos, pois na hora já não conseguia enxergar nada. "O que você está fazendo aqui sozinho?" Fiquei sem reação. Se falasse a verdade – que adoro ficar sozinho –, ela poderia se levantar e sair para algum outro lugar, distante e frio, tão desprotegida, coitada.  O que eu menos queria naquele momento era me livrar daquele corpo celeste que, certamente por obra divina, havia delicadamente pousado ao meu lado.

- Eu adoro ficar sozinho – falei. Só pouco tempo depois me toquei que era a perigosa verdade, mas fazer o quê? Os impulsos nervosos foram até a medula e voltaram, sem nem dar tempo de eles darem uma passadinha pelo cérebro para uma rápida reavaliação. Puro reflexo.

Silêncio. Conjurei na mente a cena dela se levantando e indo embora, de costas, sem nunca mais olhar para trás. Deu-me um estranho abatimento porque era tudo muito verossímil. Olhei para baixo, esperando o pior, e ela, como se nada tivesse acontecido, perguntou-me se gostava de ler. Ah, aquilo foi demais para mim. O sangue começou a circular com mais força e eu senti as orelhas arderem. Minha nuca já suava de nevosismo e a camiseta subia e descia, numa respiração pausada e forte. Não sabia mais no que pensar.

Levantei-me e fui embora, de costas, sem nunca mais olhar para trás. Juro que nunca pensei em dizer, àquela hora, que queria ficar sozinho; mas já que disse, precisava ser respeitado. Ela falou demais. Maria Eduarda, tão linda e tão angelical, mas muito mal-educada: nunca daríamos certo juntos.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Humanos uni-vos

Todo mundo está careca de saber (alguns literalmente) que o aquecimento global está causando mudanças em todo o clima do planeta. Os animais estão ficando sem seu habitat natural, e isso pode trazer conseqüências desastrosas para todo o ecossistema. Por exemplo as onças, pois vejam vocês. Com as queimadas menos mata, com menos mata menos espaço para as onças viverem e caçarem. O que elas fazem , vão para as fazendas, lá comem uma vaca, um cabrito, ou até uma criança que não saiba correr.

O aquecimento global vem derretendo o habitat natural dos ursos polares, e aproximadamente 25% da população de ursos polares já desapareceram do Ártico. Falo do urso polar porque no Ártico é onde os efeitos do aquecimento global são sentidos com mais intensidade. Por enquanto, quem vai saber como será o amanhã.

Talvez alguém pense, que sou só mais um mané que assistiu o filme do Al Gore e resolveu salvar o mundo. Mas não é isso, não que eu faça questão de destruir o planeta. Pois até que procuro jogar lixo no lugar, gastar pouca luz, água também procuro economizar. Mas o que me aflige é que as conseqüências do aquecimento global estão chegando nos seres humanos. E pior, eu sou testemunha desses distúrbios causados pelo aquecimento global.

Explico; como é de conhecimento geral essas mudanças climáticas alteram os hábitos dos animais. É morcego que doa sangue, coruja dormindo a noite, rato comendo gato, vaca louca, leão de juba lisa e outras coisas caóticas. Mas nos humanos já podemos notar algumas mudanças. Tem um cara que não sou eu, um sujeito normal, que não sou eu, tem o hábito de visitar o troninho todos os dias no mesmo horário. Onze e meia da manhã podem fazer o teste e ligar para ele, que o sujeito estará no banheiro. Porém nessa última semana seu relógio biológico está sem a precisão de outrora. Sim os efeitos do aquecimento global já alteram o comportamento dos humanos.

Por favor faça a sua parte e protejam a camada de ozônio. Reutilize materiais recicláveis, não faça queimadas, não compre cds piratas. Sei lá faça qualquer coisa que ajude a acabar com essa porcaria de aquecimento global.

Fim!

Da crônica esportiva

O cronômetro já marca 30 minutos e parece que a goleada está garantida. A bola rola de pé em pé, do lateral ao atacante, do goleiro ao meia armador, sem firulas ou perdas de tempo. Não há objetividade, a não ser que o objetivo seja cansar os espectadores. O último perigo de gol foi ainda nos acréscimos do primeiro tempo, quando o lateral do time verde cruzou e o efeito na bola quase enganou o goleiro adversário. Só que o placar ainda marca 0 a 0.

Na arquibancada, os gritos de apoio praticamente cessaram. Só alguns torcedores dos mais românticos ou novatos continuam entoando coros de "olê-olê" ao time vermelho. Um velho mais ranzinza, daqueles que acompanharam a época de ouro do escrete rubro-rubro, começa a dividir seu pacote de amendoins com as laterais do campo, xingando Deus e todo mundo. O jogo é em casa, a arquibancada está lotada, mas o silêncio que impera dá a sensação de aquilo é xadrez, e não futebol.

À beira do gramado tem alguém que pensa assim. Está lá, impassível, duro como um rochedo, talvez supondo o que terá para jantar ou em como conseguirá mais daqueles remédios para dormir. Não que esteja totalmente alheio ao jogo; o treinador já tem tudo programado, só precisa esperar o tempo certo.  Formulou uma tática para sair de campo vitorioso e sendo chamado de gênio pelos cronistas do esporte. Iria ganhar a partida, e disso tinha total certeza.

Na preleção, chamou os titulares e falou: "Vamos dar um nó na cabeça deles hoje. Na deles e na de quem estiver vendo o jogo. Vamos entrar com vocês três na zaga, vocês dois protegendo as laterais e mais vocês três como leões-de-chácara. O Luizinho faz a ligação e você, Adalberto, fica sozinho lá no ataque. Isso mesmo: jogaremos no 8-1-1.

"O primeiro tempo será uma festa para eles. Deixaremos que toquem a bola no nosso campo o quanto quiserem. Temos que dar a impressão de que o jogo é todo do time verde. Quando algum deles for arrematar para o gol, alguém daqui corta. Mas não vamos ter posse de bola, não. Que um monte de chutões. O jogo é deles, nunca se esqueçam.

"Quando começar o segundo tempo, vamos ficar mais com a bola. Não vai entrar nem sair ninguém, só mudaremos a mentalidade; os comentaristas vão adorar. Sem a bola, suportaremos a pressão. Com a bola, tocaremo-la de um lado para o outro como que tentando furar o bloqueio adversário. Perto dos 40 minutos, saco vocês três (e apontou para um zagueiro e dois volantes) para por aqueles três magrelos do juvenil. Vocês três, portanto tratem de correr bastante e cansar os adversários.

"E vocês, rapaziada, vão entrar lá e fazer a festa. Estará todo mundo cansado de toda ladainha que foi o jogo – inclusive os torcedores – e então a partida será de vocês. Pode driblar, correr, fazer firula; só não esqueçam de marcar. Se fizerem mais de um gol, melhor. Mas não esqueçam que, depois de hoje, vocês três serão os heróis do time. Futuras promessas da seleção.

"E eu serei o maior gênio tático do futebol brasileiro".

Aos 40, tudo como tinha de ser. Chamou os três mais jovens do elenco e sacou os três cansados. Na televisão, um comentarista disse "foi apenas uma substituição física. Os três estão cansados e o treinador preferiu tirá-los. Vamos ver o que esses novatos são capazes de fazer, mas não sei não..."

Nesse momento, uma lufada de sabedoria pareceu cair sobre alguns jogadores do elenco vermelho. "Nós vamos nos matar só para que o 'professor' seja chamado de gênio?", pensavam alguns deles. Outros se olhavam, como que adivinhando o que o companheiro pensava. Todos esperavam apenas um aceno de cabeça para entender finalmente o que fazer. Ninguém se mexia. À beira do campo, acontecia a substituição. A torcida apenas assistia, nem vaiava nem ovacionava. Ninguém na verdade conhecia os três rapazes que entraram para salvar o jogo.

Sobre os que estavam em campo, então, caiu outra luz. Pensaram – como se isso fosse possível – em uníssono: "Aqui tem 80 mil pessoas torcendo para que a gente vença esse jogo. O treinador terá lá seus méritos, mas quem correrá, se esforçará, somos nós. E nós é que seremos lembrados como o time dos sonhos; eu é que serei o melhor lateral (ou volante, ou atacante, ou goleiro, dependendo de quem pensava). É hora de dar tudo de mim e levar esses três pontos".

E o time começou um verdadeiro carrossel. A torcida se animava, a bola parecia brilhar. Os três que entraram botaram sufoco na zaga adversária. Em menos de dois minutos, mais de oito chutes a gol. Duas bolas na trave. Pareciam, finalmente, alegres em jogar futebol. Aos 45, a redenção: cruzamento pela direita, matada no peito e gol de bicicleta. O jovem que acabara de entrar salvou o time e o dia. A arquibancada fervia num delírio jamais imaginável depois de um dia daquele. Todo mundo se abraçava, havia pipoca e cerveja voando por todos os lados. Parecia uma final de campeonato.

No túnel, de volta aos vestiários, alguns jogadores davam entrevistas: "Foi mérito do professor. Ele soube ler o jogo e colocar as peças certas no momento certo. O time está unido num objetivo comum e maior do que todos nós". "Aqui a gente forma uma família, e o professor é nosso pai. Ele me deu a chance e eu aproveitei. Dedico o gol a essa torcida maravilhosa que nunca deixou de nos apoiar". "Fiz o meu trabalho o jogo inteiro. Não foi fácil segurar o ímpeto do time verde no primeiro tempo, mas sabia que seríamos recompensados. Tudo isso é graças as professor; ele é o maior gênio que já tivemos no futebol".

Já em casa, jantando ostras ao lado da mulher e dos filhos, o treinador não tirava o sorriso do canto da boca. "É fácil enganar esse povão. No futebol basta ganhar; um a zero ou três a zero, não importa. Por mais feio que seja o jogo, o que importa é o placar. O que vale mesmo é mostrar pro vizinho que 'meu time é melhor que o seu'. É muito fácil ser gênio nesse país".

Sem muito esforço mental – e, claro, com toda a licença poética que me é permitido conceder – , é possível trocar o treinador pelo governo atual de situação, os jogadores pelos subordinados da situação (ou os que querem aparecer por causa dela) e os torcedores por nós, os bobos que só queremos que o time ganhe.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Abrindo o parênteses

Estava a digitar um colossal texto sobre o sono e sua particularidades, comparando-o ao mesmo tempo com o Holocausto e com uma partida futebol, quando resolvi abrir um parênteses. Era só para explicar algo banal, mas aquilo foi tomando conta de toda a idéia de tal forma que quando resolvi abrir os olhos (sim, eu escrevo de olhos fechados) já tinha feito quatro parágrafos de explicações contra dois de "idéias". Dentro dos parênteses inclusive já haviam dois colchetes e três chaves explicando a explicação, o que me levou a conclusão de que tudo estava uma grande porcaria.

É impressionante como são tênues os limites ou regras das funções gramaticais da língua portuguesa. Para quem como eu sai por aí apregoando a estética da escrita como fundamental, é um suplício criar qualquer coisa num dia de pouca inspiração. A todo instante o cérebro implora para que se coloque um hífen ou um parênteses, seja para uma explicação sábia e necessária (ou nem sempre), seja para uma simples piadinha de péssimo gosto – normalmente um trocadalho do carilho.

Acho que a melhor explicação para essa maldita tentação é a sensação de invulnerabilidade que os parênteses causam no autor. O que está escrito lá dentro não soa como uma idéia própria, não é simplesmente uma frase autoral. É algo que poderia ter sido dito por qualquer um, como se fosse um adendo qualquer. Como um estudante que grita do fundo do salão no meio de uma palestra; todo mundo ri ou acha interessante, mas só quem estava bem próximo da cadeira dele sabe quem foi que falou.

Escrever entre parênteses ou hífens é como se chamar Frankenstein e receber os óculos escuros do "paizão" Adam Sandler.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

CRÉU

Carnaval é uma seqüência desvairada de antagonismos. Em que outra época do ano faríamos o que fazemos nesses cinco (e poucos) dias de festerê intenso? Ou você, jovem e tresloucado leitor, costuma sempre acordar vestido de odalisca turca, com um profundo corte no pé causado por forças ocultas e a cabeça mais pesada do que o próprio corpo?

Uma vez ouvi um caretão (leia-se nerds) reclamando dessas loucas viagens de carnaval em turma. Ele dizia que nem pelo direito de experimentar um hipotético Halo IV antes de todo mundo ficaria em uma casa suja e fedida, na companhia de outras 11 pessoas mais loucas que o Lobão, com todo mundo cagando defecando água (e em apenas dois banheiros) e comendo os mais diversos tipos de miojo. Sorte que nunca se pode acreditar no senso de diversão de um gamemaníaco.

Qual seria a graça da festa mais popular do Brasil sem os populares? Eu, por exemplo, conheci a Embaixatriz da Angola em plena Atlântica de São Francisco do Sul. Era um negão de dois metros de altura, dois de largura e dois de comprimento com uma tanga roxa e turbante, cantando "o que é que a baiana tem?" e dançando à la Carmen Miranda. Sem contar que o irmão dele era a própria Vera Verão.

Um carnaval só é verossímil numa casa com infinitas pessoas -- entre conhecidos e desconhecidos -- copos e latas para todo lado, areia e água pelo chão e pelas paredes, dores de cabeça e de perna e muita (eu disse MUITA) risada. Um carnaval só é verossímil com os amigos.

E entenda amigo por qualquer pessoa, afinal carnaval é só alegria.