quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O que matou D. Maria?

O detetive Maculê Diderot, sujeito atarracado, de olhos negros e saltados, foi chamado para investigar um caso de extrema peculiaridade e delicadeza. Trata-se de um assassinato brutal onde a principal suspeita é a D. Maria Alcântara de Azevedo, esposa do Imperador Carlos XXI.
Quem chamou Diderot foi Visconde de Santo Cristo, que de Visconde não tem nada, sob a alegação de que um crime cometido pela primeira dama fere a honra e a altivez da nação. Especula-se nos becos e ruelas do pequeno reinado de São Felício que Visconde de Santo Cristo nada mais quer do que um golpe de Estado. Assim ele assume o poder e legaliza o jogo do bicho em todos os níveis hierárquicos. Vela ressaltar que Santo Cristo se diz Visconde porque é o Rei do bingo, rinhas de galo e caça-níqueis da região.
O que pouca gente sabe – e ninguém tem coragem de comentar – é que a esposa do Imperador já foi namoradinha de Santo Cristo nos tempos de Colégio Nabucodonossor. Isso não quer dizer nada, mas Diderot soube dessa informação logo que desembarcou no país, através de uma carta anônima assinada por "Aquela que só quer ajudar", e logo tratou de iniciar suas investigações. Seus alvos eram os diários das colegas de classe de D. Maria Alcântara de Azevedo nos tempos de "Nabuco".
Maculê procurou primeiro Nadia, esposa do subtenente Manuel Agripim. Dizem as más línguas que ela só andava com D. Maria no "Nabuco" porque esta era extremamente popular. O detetive considerou isso uma informação importante, mas só constatou o porquê quando leu os primeiros volumes dos diários de Nadia: pessoas extremamente populares não são citadas em diários – a não ser em uma ou outra pequena nota de rodapé. O fato é que ser popular não criar laços de amizades verdadeiros.
Então Diderot partiu para a segunda fase das investigações: acompanhar passo-a-passo a vida da primeira-dama. Salão de beleza, campeonato de bolão, jóquei clube, chá das cinco, compras na rua Borba Filho, compras na rua Henrique III e, finalmente, salão de beleza novamente. Uma rotina deveras atribulada para uma assassina. Diderot pensava "teria aquele calhorda acusado injustamente D. Maria Alcântara de Azevedo de um crime tão brutal apenas por ciuminho?"
Algo precisava ser feito. Maculê Diderot já havia deixado seu escritório em Camarões há muitos meses, e nada fora concluído. Ele precisava voltar; tinha uma vida no país africano. Deixou mulheres e filhos pra trás – mais especificamente quatro mulheres e treze filhos. Então tomou a decisão que chocou a população de São Felício: julgou Sra. Maria Alcântara de Azevedo culpada. E olha que a essa altura Diderot já era autoridade máxima no pequeno país, afinal ninguém por ali jamais tinha visto um estrangeiro. A solução? Fogueira.
Ergueu-se na praça uma fogueira de 20 metros de altura. Sem dó alguma, os carrascos pegaram D. Maria pelos cabelos e jogaram-na no fogo. Alguns manifestantes que não concordavam com a decisão e protestavam contra Diderot foram sumariamente ignorados pelo Imperador. Como conseqüência, ganharam o direito de queimar junto com D. Maria na fogueira. No fim, o povo fez uma festa sem precedentes, ao som de muita tarantela e regada com os melhores espumantes da região.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

No submundo das HQs

- Seu Canalha!
- Pare com isso meu. Não precisa tanto.
- Não precisa tanto!? Não precisa tanto!? Por que não pensou nisso antes?
- Não foi por mal, não foi por mal.
- Seu cagalhão da porra. Vai dizer que foi sem querer, vai?
- Por favor, não me bate. Não fiz por mal.
- Você é um puto, como pode fazer uma coisa dessas? É retardado, é?
- Foi com a melhor das intenções.
- Picareta, calhorda, vadio, salafrário, vigarista...
- Já disse que não foi por mal.
- Você pode falar o que quiser, isso não vai trazer ela de volta.
- Poxa vida foi com a melhor das intenções.
- Escuta aqui seu imbecil, você sabia que o inferno é feito de boas intenções. Lá tudo é sem querer, não foi por mal... O desculpinha mais esfarrapada.
- Não fala isso, que da azar.
- Azar foi ter conhecido um filho duma quenga igual a você!
- Me perdoa vai. Prometo não fazer de novo.
- Não fazer de novo! Você é mais idiota do que pensei.
- Larga essa parada ai meu, aponta isso para lá.
- Eu queria um machado para arrancar essa sua cabeça oca. Assim pouparia o mundo das suas cagadas.
- Cara, nunca vacilei contigo antes. Foi sem querer.
- Você é um tremendo vacilão.
- Por favor, me fale que faço qualquer coisa para reparar meu erro.
- Escuta aqui o seu mocorongo. Nunca, eu disse nunca, mais você vai achar outra revista nº 1 do Homem Aranha em mandarim. E você trocou por uma porcaria de nº 1 do bosta do Super-Homem.
- Mas cara...
- Mas cara é o car@$#*% cansei das suas balelas.

BLAM BLAM BLAM

Fim


Baseado em fatos reais.

*Falando em matar, que mate por um motivo justo.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Todo ódio da vingança de Jack Portier

O ódio é um sentimento que se traduz em pequenas ações. O ato de fúria, mortal, é só o ápice de toda ira acumulada com o tempo. Aquele suspiro prolongado depois de ver seu desafeto ou o soco na porta após uma longa discussão são apenas pequenos gravetos jogados na chama da cólera. A vingança é um prato que se come quente – muito quente.
Deixe criar a primeira desavença com um colega de trabalho para que aquilo se torne ódio. Você começa achando ridículas as piadas que ele manda pelo mensageiro; depois tem asco por qualquer apresentação de power point por ele jogada na pasta compartilhada; em dado momento, sente raiva cada vez que ele pede duas colheres de açúcar para a moça do café; acha repugnate a forma com que ele toma água; por fim, tem execração ao coelho que ele insiste em manter como fundo de tela.
Sujeito asqueroso.
Isso prejudica a relação. Você pode ser um bom profissional – não se nega a entrar numa reunião em que ele esteja presente nem a fazer um trabalho em que se exija "sinergia" entre os envolvidos. Mas toda ação por ele realizada provoca uma reação em seu coração que faz o sangue subir até a cabeça a mais ou menos 200ºC. Você torce para que o trabalho dê errado só para poder botar a culpa nele. Anseia por uma bazuca carregada cada vez que o porco chauvinista pede água com gás e sem gelo.
PAM! PAM! PAM!
Isso não é um relato pessoal. Desgraçado.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Sem nexo 3

Imagine um mundo onde tudo fosse música... A linguagem seria em notas e não palavras. Alguém triste daria "oi" em lá menor, por exemplo. Um malandro de chapéu branco e colar de ouro andaria por aí assobiando uma escala mixolidiana aumentada em ré maior. As grandes discussões políticas seriam na verdade confrontos intensos de solos de guitarra. Os padres fariam seus sermões em belos saxofones - eles, os padres, seriam os sax altos e os coroinhas arrecadariam o dízimo anunciando a sacolinha num sax tenor. Tudo seria normal, a não ser pela linguagem. Uma placa de trânsito, por exemplo, traria uma semínima e, dependendo da posição na partitura, saber-se-ia a quantos quilômetros por hora andar.
É uma grande viagem, admito. Mas tenho certeza que jamais haveria qualquer guerra.

E isso ainda foi pouco

Tinha prometido para mim mesmo, mas olha a situação que estou. Prometi nunca mais dar um “sambarylove” na ex. Agora estou aqui só de cueca no corredor. Logo os vizinhos vão acordar e como é que eles vão pensar. E o pior é que não ando com boa reputação depois da festa da semana passada. Olha lá o Almeida do 1404 já esta me espiando pela porta, eita velho curioso.

Bato na porta, tentando fazer o mínimo de barulho, e em resposta aquela ingrata coloca uma música bem alto. Acho que ela quer chamar atenção dos vizinhos, não está contente em me deixar trancado para fora da minha casa só de cueca. Ouço um barulho de chaves no apartamento da Dona Flora do 1402, sem pensar me escondo nas escadarias e fico esperando ela sair. O elevador desce e volta para a porta do meu apartamento e bato novamente. Mas nada da ingrata abrir.

Sei que ela está ali do lado da porta, deve estar se divertindo muito. Digo baixinho que aquilo não tem graça nenhuma. Mas ela queria me zoar, queria que alguém me visse daquele jeito. Do lado de dentro vem uma risada, abafada pela mão na boca. É realmente ela estava se divertindo. O elevador chega e dessa vez escapo por pouco, era a Dona Flora voltando da feira. E se ela esta voltando da feira logo os vizinhos vão começar a circular pelo prédio.

Volto para a porta e ela ainda está lá me espiando pelo olho mágico. Continua rindo e não parece disposta a abrir. Ouço o zelador subindo pelas escadas, agora não tenho para onde correr. Bato desesperadamente na porta pedindo para ela abrir, mas só ouço uma gargalhada. Essa mulher é sádica, que diversão mais besta. Pronto o zelador me viu, nisso a Dona Flora também abre a porta. Quando ela me vê grita. Com o grito da Dona Flora o Almeida, que estava o tempo todo vendo o movimento, também abre a porta. O elevador chega no meu andar e sai a Cláudia do 1401.

Todos falam ao mesmo tempo, não consigo entender direito. Nem consigo responder, nem me explicar nem nada. O Almeida me empresta uma toalha, que enrolo na cintura rapidamente. A Cláudia diz que vai chamar o síndico, a Dona Flora me chama de tarado. O zelador só repete “o que é isso Seo Mário, o que é isso Seo Mário”. De repente todos param de falar ao ouvirem o barulho de chaves abrindo a porta do meu apartamento. Júlia aquela ingrata sai, não olha para ninguém E chama o elevador. Todos ficam olhando sem dizer nada.

Pergunto se ela está feliz com o papelão que ela me fez passar, mas ela não diz nada. quando o elevador chega antes de entrar ela puxa a toalha que eu estava enrolado e diz: e isso ainda foi pouco!

Fim

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Ela partiu e nunca mais voltou

Era como uma irmã que nunca tive. Sempre estava lá em casa, ela fazia aquela casa ser menos vazia. Lembro da primeira vez que a vi, era um sábado de manhã. Eu jogava bola sozinho no jardim de casa, quando vi o caminhão de mudanças chegando. Meu pai estava chegando e lembro que teve que pedir para o caminhão ir um pouquinho para frente para ele conseguir entrar com o carro lá em casa. Foi a deixa para eu ver o que estava acontecendo na casa ao lado da nossa.

Nessa meu pai ficou conhecendo o Parafuso, apelido do Seo Lúcio o novo vizinho, e deu as boas vindas. E ainda convidou o Seo Parafuso e a família para almoçar lá em casa. O que era para ser um almoço virou uma festa, a rua toda podia ouvir as risadas. O Parafuso era um grande contador de piadas e causos. Minha mãe também gostou da Marta, a esposa do Parafuso, e também da Rafaela. A Rah, a Rafinha, a Rafa ou só a garotinha ruiva cheia de sardas no rosto.

Naquele dia, lembro bem que eu não gostava muito de olhar para a Rafa, não gostava daquelas sardinhas em seu rosto. Sem muito rodeio ela logo foi perguntando se eu queria brincar. E eu, meio sem jeito, disse “ahan” mexendo a cabeça. Ela adorava jogos de tabuleiro, sugeri de a gente jogar banco imobiliário. Foi uma ótima idéia. Nunca fui muito bom nos negócios, acabei falindo três vezes. Mesmo fazendo uma maracutaia com as notas de 500 eu não consegui vencer.

Passávamos as tardes depois da aula lá em casa brincando, correndo e fazendo competição de desenho. Neste quesito, modéstia a parte, eu era melhor que ela. Funcionava assim, cada um fazia um desenho e mostrávamos para a Mariana, uma garota que cuidava da gente até minha mãe chegar do trabalho. A Mariana decidia qual era o melhor. Na maioria das vezes eu ganhava, porque desenhava com um pouco mais de capricho. Mas era só a Rafa usar sem limites o lápis rosa que ela ganhava. Sabia que a tendenciosa Mariana escolhia o que ela achava ser o da Rafa.

Na escola eu era como o irmão mais velho da Rafa, até ajudava ela na tarefas. Um dia defendi ela de um gordinho que queria roubar o lanche dela. Acabei apanhando do Gordinho e do irmão dele, o Gordão. Isso serviu para que eu visse o quanto gostava da Rafa, mesmo tendo tomado uns safanões e ser perseguido por aquele gordo chato da porra. Nunca fui de arrumar briga, mas sabia provocar como ninguém. Quando corria do meu algoz dizia – Gordo não consegue correr, gordo não consegue correr- daí eu cansava e lá vinha uma bifa no cocuruto. Até o dia que cansei de correr e dei um chute, bem dado, no saco dele. Ai ficou tudo certo e ele parou de me encher.

Nas férias lembro que a Rafa e a família dela foram viajar para o interior. Não demorou para minha mãe perceber que eu andava quieto demais. Mas ela não falava nada, só comentava com meu pai. Isso quando eu não estava por perto. As férias acabaram e a Rafa não apareceu na escola. Nem no primeiro dia e nem no segundo. Passou uma semana e nada deles aparecerem. Tudo foi ficando sem graça, sentia muito a falta daquela menina. Um dia vi a janela da casa dela aberta. Corri no portão para ver se eles tinham finalmente voltado, mas só tinha um sujeito barbudo que nunca tinha visto antes naquela casa.

Corri para casa avisar a minha mãe de que tinha gente na casa da Rafa. Minha mãe foi comigo até o portão da casa deles e apertou a campainha. O sujeito veio até o portão e perguntou o que queríamos. Minha mãe perguntou sobre a família da Rafa. O sujeito barbudo disse que era irmão do Lúcio, e disse que eles tinham sofrido um acidente de carro, e que ninguém tinha escapado com vida.

Fim

As invenções, dia 6

Enquanto a luz não vem, castigo-os com divagações sem sentido nem beleza. Aviso desde já: não espere nada de interessante do que vem escrito abaixo. Se você procura coisas engraçadas ou profundas, vá ler algum livro do Paulo Coelho – porque na situação em que me encontro, até Paulo Coelho é mais engraçado e profundo do que meus textos. Nada contra Paulo Coelho, claro, mas é que ele é o exemplo máximo da literatura industrial.
O ponto em que quero chegar é que não há um ponto de convergência. Não há um caminho a se seguir, um porto seguro para se ancorar. Minha vida está à revelia, à mercê do vento e da vontade dos deuses. Uma convenção no Olimpo decidirá se Maycon Dimas será feliz e realizado ou não. O que muito me preocupa, já que minha relação com Baco não anda das melhores desde que recusei um gole daquele vinho do porto que me ofereceram.
Admito que estou com sérias dificuldades de raciocínio e eloquência. Pode ser as drogas ou o excesso de apetite sexual: ando exagerando em ambos. Mas há uma solução! Pesquisando desleixadamente pela blogosfera brasileira, descobri um diário ( mundogump.blogspot.com) onde seu idealizador, Philipe Kling David, usa de meios lícitos para conseguir inspiração: toma boas doses de Coca-Cola.
Oh, yeah! Coca-Cola, baby!
Altas doses de cafeína no cérebro. É melhor do que café! Posso garantir porque experimentei. E como foi minha primeira vez, tratei logo de virar pouco mais de 1 litro de uma vez só. O fato é que um roteiro que eu tentava escrever há semanas saiu numa sentada. O cérebro funciona mesmo, mermão. Simples assim. Viva a Coca-Cola, nossa bendita invenção de hoje.
É uma pena que dê tantas celulites.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Ana bate à porta

Lá fora, a tempestade. Raios, trovões, ventania. Era assustador. Talvez os maiores pingos que já caíram sobre a Terra. Da minha janela, não se via sequer a casa da frente, tamanha quantidade de água. O barulho que as gotas faziam no telhado vencia qualquer som. Luz, não tinha. Apenas eu e minha lareira. O Tom, o gato persa.
De repente, um barulho vem da porta. De início pensei que fosse o vento. Depois supus que alguma coisa sendo levada pela enchente que se formava encostava na madeira. Mas o barulho não cessou. Quando fui ver, para meu espanto, uma garota desesperada chutava e batia no trinco. Mas não uma garota qualquer: talvez a mais bela dentre as belas do olimpo.
Estava de vestido branco, encharcado, colado ao corpo que se mostrava de uma silhueta sem deslizes. Os seios, empinados e rijos, denunciavam que o frio lá fora era intenso. Praticamente escalava a porta; parecia disposta a tudo para entrar. E eu sozinho, sem luz, provavelmente sem telefone, só com o calor da lareira.
Àquela hora, com aquela chuva e naquelas circunstâncias? Só podia ser golpe. Não abri.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

As invenções, dia 5

Hoje o Terra está demais. Acho que desta vez eles se superaram. Jamais tinha visto algo parecido, tanta besteira junta. E olha que o exclusivo é praticamente minha página inicial, porque, convenhamos, nada é melhor do que começar o dia dando boas risadas.
Por tópicos, vejamos:
- Ex-segurança de Britney diz que ela usa drogas. (E precisa conviver com Britney Spears para ter certeza disso?);
- Atriz de "HSM" teria tirado foto nua com amiga. (Não sei quem é a atriz, não sei o que é "HSM", não sei quem é a amiga, "teria tirado" não prova nada e, principalmente, não vi as fotos da peladona. Além do mais, que mal tem tirar fotos nua com amiga?);
- Rene Russo assiste jogo de baseball nos EUA. (Impressionante! Quem assiste jogo de baseball nos EUA? "Notícia" semelhante seria "Presidente Lula assiste jogo do Corinthians". Deixa o cara, cacete);
- Ex de Thammy faz ensaio sensual. (Adoro eufemismos: ensaio sensual na Sexy Premium? Conta outra... Mas o mais engraçado mesmo é o "Ex de Thammy" - por Zeus!, quem é Thammy!? Ela já posou nua!?);
- Preta Gil curte praia de Ipanema lotada. (Não tenho nada contra ela. Nada mesmo. Mas não vou lutar contra toda a blogosfera brasileira: preciso zoar com a Preta Gil. Então o comentário é: Ipanema lotada? Com a Preta Gil? Eis o motivo);
- Fernanda se hospeda no albergue em "Paraíso Tropical". (Essa novela é nazista. Incita a luta de classes. Não sei quem é "Fernanda", mas pelo jeito o caos está instalado desde que ela se rebaixou ao ponto de procurar um albergue);
Por último, algo que chega a ser revoltante. Preciso colocar a notícia completa para não ser novamente escorraçado por um comentarista anônimo. São coisas desse tipo que corroboram com a frase do piadista Max Nunes: "Se um gênio nasce de cem em cem anos, de quantos em quantos segundos nasce um colunista social?" Aí vai:


De sunga branca, Mauricio Mattar curte praia do Recreio

O ator Maurício Mattar, 43 anos, curtiu o sol do fim de semana dando um mergulho na praia do Recreio, bairro onde mora, no Rio de Janeiro. Mattar, que namora a atriz Paola Oliveira, ficou pouco tempo na areia. De sunga branca, ele mergulhou, depois foi embora em seu jipe Land Rover. Mattar está sendo processado pela ex-mulher, Fabiana Sá, que o acusa de não pagar o valor correto da pensão alimentícia para a filha Petra, 13. Segundo Fabiana, Mattar estaria pagando apenas metade do valor estipulado judicialmente.

É ou não é engraçado? Eu sei que me divirto com muito pouco, mas imaginem a desgraça que não é a vida de quem escreveu isso? É mais fácil rir da desgraça alheia.
Por isso a invenção de hoje é o http://exclusivo.terra.com.br . E tenho dito.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

As invenções, dia 4

No meio de uma crise fica difícil discorrer sobre qualquer assunto.
Para escrever no blog, preciso clicar na aba "Criar" no site do Blogger. Como se isso me desse uma luz! Criar, criar, criar. Não é mais como antes.
O que raios eu acho bom nessa vida? Música, literatura, fotografia... Arte! E porque não consigo mais fazer nada disso? Porque não consigo mais criar algo de interessante? Porque não consigo sequer reproduzir uma boa música? É a maior crise por que já passei.

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Uma pausa. Resprodução do famigerado MSN:
maycon diz (18:50):
adoro quando escrevo alguma coisa bonita ou engraçada e alguém me manda um email comentando "puxa, isso foi bonito" ou "isso foi engraçado".. não que eu precise dessas cosias narcisísticas, mas é que eu gosto de fazer as outras pessoas felizes de alguma forma
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Enfim, uma boa invenção do mundo moderno é o Tuppeware. Mais exatamente o copo verde de 500 ml fabricado pela Tuppeware. Colocaria uma foto aqui se achasse.
Ele tem uma abertura de mais ou menos 10 cm de diâmetro e formato ergonômico. É lindo pra tomar Coca com gelo, água, suco de coco verde com leite e até conhaque.
Fim do surto colérico-cerebral.
Odeio posts experimentais: só ficam bons depois que dizem que a partir dele se criou um novo conceito de literatura.

Crise

Estou naqueles dias em que parece que a aventura chama. To com vontade de pegar duas camisetas, duas cuecas, uma calça e uma bermuda e sair pelo mundo, sem destino nem data para voltar. Me livrar das responsabilidades, das irresponsabilidades, dos compromissos. Sair da vida por um tempo. Sumir.
Ando cheio de preocupações e preguiça. Na verdade me parece não ser tão favorável acabar com elas agora. Se o conflito de classes é o motor do mundo, o conflito de idéias é o motor do cérebro. Ter problemas e não querer resolvê-los parece coisa de louco, mas no fundo é como se mantivesse o corpo inserido no mundo real. Todo mundo tem problemas.
Eu fujo das responsabilidades, isso é um fato. Mas elas parecem gostar de mim. Elas surgem para mim como se isso lhes fosse um divertimento. No fundo é: elas sabem que não serão resolvidas. Acho que responsabilidades também são preguiçosas. Gostam de existir, mas não de serem lembradas.
Eu quero existir, não quero ser lembrado. Quero ganhar dinheiro olhando o dia inteiro para o céu, escrevendo poesias e tocando peças de Beethoven. Quero viver a vida para e pela arte. Não me interessam responsabilidades. Não me interessa política, não me interessa economia. To pouco me lixando se tem que pegar filho na escola ou pagar a conta do celular.
Queria ser um ermitão.

Mesmo que não queira

Hoje quando acordei a primeira coisa que pensei foi: cadê você? Não sei, mas toda manhã é assim, acordo penso em você e logo em seguida a lembrança de que você não esta por perto. Às vezes isso me entristece. Só que essa tristeza é momentânea. Tenho outras coisas para pensar, sim tenho muitas outras coisas. Afinal meu dia está só começando.

Depois do banho, ainda enrolado na toalha lembro daquele dia que você me falou que eu parecia uma criança de três anos se secando. Mesmo que não queira, não me importa. Afinal ainda estou começando o dia e você já não faz parte dele. Já superei tudo que aconteceu entre nós, do começo ao fim e nada me fará ficar remoendo o passado.

Entro no coletivo e encontro aquela amiga sua que trabalha lá no nosso, quero dizer, no banco. Falamos sobre o feriado e coisas bobas, nada muito complicado. E claro, sua amiga perguntou de você. Se eu tinha te visto, se eu sabia como você estava. Não, isso não me incomoda. Mesmo que não queira, como já disse, superei tudo o que tivemos. Até acho essa sua amiga interessante, um outro dia quem sabe.

No trabalho, um colega também vem me perguntar e falar sobre o final de semana. Cara chato da caceta, nunca vi esse cara fora do trabalho. Mas ele deve ser um fenômeno, sempre duas ou três mulheres por final de semana. Já estava quase me livrando dele, quando o sujeito me diz que viu você no parque com alguns amigos. O que eu tenho com isso? Dei um sorriso amarelo e fui para minha sala. Tomei um café bem forte e sem açúcar. Lembra como você reclamava do meu café sem açúcar?

O dia segue sem surpresas e não estou nem ai para você. Onze e meia recebo um e-mail da minha irmã querendo almoçar comigo hoje. Marcamos naquele restaurante mineiro perto do trabalho do seu irmão. Você sempre dizia que lá a comida era boa, mas eu só comia bife e batata frita. Só lembrei disso porque minha irmã falou a mesma coisa. Pois saiba que não vou passar o dia pensando em você. Não mesmo!

Depois de almoçar, me despedi da minha irmã e fui até a banca do Manel. Comprei o gibi do Homem-Aranha, agora não tenho mais que ouvir você reclamando e dizendo que gibi é coisa de criança. Tenho certeza que você falava isso só para eu começar uma daquelas discussões homéricas, em que um ficava apontando as manias do outro. Era divertido, mas isso tudo acabou e sei bem disso. Afinal, mesmo que eu não queira, já superei tudo e não vou mais pensar em você. Mesmo que não queira...

Fim

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

As invenções, dia 3

E está instalado o complô! Mas, calma, não me deixarei abater. Jamais uma travada no Windows, por mais revoltante que ela seja, impedir-me-á de completar a grande saga das invenções. Hoje eu pulo - e está dentro daquela cota de três dias - com aperto no coração. Volto segunda, com a inteligência suficiente para salvar o texto a cada duas linhas.
Só para constar, foram 3200 caracteres jogados fora. Bom para vocês, péssimo para minha auto-estima. Mantendo a analogia da academia, é como pegar um resfriado logo no terceiro dia de malhação.
Totalmente desanimador.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Simplismente sorte

Todos tem sorte, alguns mais que outros. Porém, o que é sorte? Como provar que ela existe? Qual o critério usado por ela para escolher alguém? Perguntas que seriam resolvidas facilmente se existisse algo como um 0800 ou "sac@sorte.com" que prestasse o serviço de esclarecer como é que funciona essa tal de sorte. Ao menos ninguém mais poderia dizer “puxa vida, que falta de sorte” ou “foi sorte”.

Acontece muitas vezes de ignorarmos pequenas doses de sorte, que acontecem a todo instante. Muito mais sutil do que uma bola na trave no finalzinho do jogo, em que seu time se safou de sofrer um empate que seria como uma derrota. Achar dinheiro no bolso da calça, ou outro acontecimento que qualquer mortal e até os imortais diriam que “foi sorte”. Me chama atenção as coisas simples, acredito ainda que quanto mais simples mais sorte.

Aquele meio milímetro que foi o suficiente para você não riscar o carro no estacionamento, a caneta que estava sobrando e a gata da oitava série, que não fala com ninguém, bem no dia da prova olha para você e pede uma caneta emprestada e ainda vocês se tornam amigos. Ou nos dias atuais as pessoas que levam tiro de raspão, caraca um tiro de raspão é muita sorte. Sem falar em loterias e sorteios, ao menos os que não são falcatrua. Enfim todo mundo tem a vida influenciada pela sorte, mesmo que não queira.

Outro dia estava este que vos escreve, indo para o trabalho e bem na minha frente uma garota (sim, ela era ruiva) falava com alguém pelo celular. Dizia que precisava comprar roupas para uma festa. De repente, não mais do que de repente, ela tropeça. Malandro que sou, ofereci ajuda. O salto do seu sapato tinha quebrado com a queda. Ajudei ela a levantar e disse que era uma situação embaraçosa ficar descalça na rua.

Qualquer um no lugar dela teria ficado puto com o meu comentário idiota, mas ela olhou para mim e riu. Ainda perguntei como ela conseguia manter o humor numa situação dessa. Ela apontou para a porta de metal que estava abrindo naquele instante e disse: Olha isso! Bem quando eu mais precisava.

A porta que se abria era de uma sapataria.

Fim

As invenções, dia 2

Me sinto como um neo-atleta olhando cabisbaixo para a estante de anilhas e pesos de uma academia. Eu sei que preciso fazer o supino, mas a série de ontem fui muito puxada. Ainda me dói o tríceps, o trapézio e o pâncreas – esse, talvez, pela porção de mandioca com bacon que comi depois da aula. Falta ânimo, mas sou otimista. Sei que é necessário um esforço hoje para obter a redenção amanhã. Portanto, vamos às invenções.
 Imaginemos uma ressaca. Daquelas bravas, cruéis. Daquelas em que arde o lado esquerdo do cérebro só pelo fato de abrir os olhos. Daquelas em que a língua, de tão seca, estala no céu da boca a qualquer movimento. O que é mais necessário nesse momento – além das altas doses de paracetamol 500 mg – em o mundo parece se apoiar sobre a sua cabeça? Água. Muita água.
No mundo em que vivemos, beber água da torneira é quase um suicídio. Altas doses de coliformes fecais e afins só esperam o momento certo para atacar. Sorvê-los é um crime contra o corpo, o que, para muitos, é o único bem próprio. Então o que fazer? Viva a Ouro Fino! Água mineral, produto saudável e – ainda – abundante. Mas não é essa a invenção que desejo adorar.
Vejamos: boca seca, dor de cabeça, enjôo, cabo de guarda-chuva. Pra piorar você vai tomar água quente? Eca. Graças a Baco inventaram o bebedouro refrigerado. A água sai geladinha, a qualquer hora do dia ou da noite. Isso sim é uma invenção de arromba. Água limpa e gelada, sem ter que abrir a porta da geladeira e sofrer com aquela luz na cara. Viva o bebedouro refrigerado!
Melhor ainda é tê-lo no próprio quarto.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

As invenções

Voltar a escrever periodicamente é talvez mais complicado do que voltar a praticar exercícios. Para a academia você volta depois de meses e faz exercícios mais leves. Fica doído por dois dias mas acaba retornando uma segunda vez. Para escrever não existe exercícios leves. É sempre a mesma coisa. E ainda há muito mais desculpas para não voltar a escrever do que para não voltar aos exercícios.
Eu, por exemplo, desde a semana passada estou com um projeto de textos em mente. Cada dia, uma desculpa: algum trabalho da faculdade, algum evento importante ou apenas incompatibilidade de tecnologias, seja lá o que isso signifique nesse contexto. O fato é que há dias acordo esperando o momento de eureca, que parece nunca chegar. Resolvi, então, forçar a barra, provar para mim mesmo que sou mais forte do que a preguiça. E, graças a Baco, tenho vocês, leitores, como cobaias dessa experiência.
Para tanto, precisava de um mote, um ponto de partida para o exercício diário de toques no teclado. Li outro dia, num blog amigo, que está na moda fazer uma lista de invenções que você julga importante. Achei que não seria capaz de enumerar, então decidi que passarei o mês de setembro divagando sobre coisas que de certa forma influenciam na minha vida. Invenções do "cerumano" que me são importantes. Calculei que de hoje até o dia 30 serão 13 dias de invenções, descontados os sábados e domingos, claro. Me dando três dias de desconto – porque ninguém é de ferro – será um top 10. E sem enumeração, ok?

Pra começar, preferi algo menos óbvio – nada de cerveja ou fone de ouvido, portanto. Algo que para muitos não é de suma importância, mas que para mim cria uma dualidade terrível na mente. É útil e inútil, dependendo do tempo que passa na minha mão. Cria e destrói, como queira meu estado de espírito. Anima e entedia, dependendo da obrigatoriedade de usá-lo. No fim, nunca chego à conclusão de que é bom ou ruim: o certo é que está inserido na minha vida definitivamente.

Ok, sem mais delongas. Falo, obviamente, do estilete. Uma peça sem qualquer complexidade e que ajuda desde os trabalhos escolares até as traquinagens escolares. Ora, quem nunca foi para a escola com um estilete na mala e passou o dia ameaçando cortar o cabelo das coleguinhas? Ou então usou-o para cortar o isopor daquele maquete toda torta feita para a feira de ciências? O estilete é fundamental no amadurecimento do cidadão. Não sei como viviam antes de tê-lo inventado.

Só é adulto aquele que consegue brincar com um estilete sem se cortar.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O barato sai caro

Sabe aquele lance que o comércio faz para chamar a atenção dos consumidores? Tipo leve três pague dois, tudo pela metade do preço e até aquelas que julgo ser as mais toscas de todas: Semana Maluca na loja tal. Pois bem, sempre achei que o preço das coisas nessas liquidações são uma farsa. Outro dia percebi lá em casa que em cima da mesinha do telefone tinha um maço de papeizinhos. Curioso que sou fui ver o que era, descobri que se tratavam de selinhos promocionais da caixa de pizza.

O famoso “junte dez cupons e ganhe uma pizza grátis”, francamente esses cara não me enganam. Quem acredita nisso? Eu que não, grátis na minha opinião é algo que você não tem que pagar. Como o cafézinho que servem na imobiliária, mesmo que você não feche negócio. Aquele pedacinho de pretzel dentro do shopping. Ou seja qualquer tipo de amostra grátis. Isso sim é grátis, gratuito e sem pagar nada.

Mas aqueles selinhos da caixa da pizza não me enganam, porém nessa “promoção” nem tudo é falcatrua. Mas há um pequeno deslise no texto. Vamos aos fatos: depois de comprar a décima pizza o freguês tem direito a mais uma pizza. Teoricamente essa pizza é grátis, mas é aí que está o pulo do gato. Quem garante que no preço de cada uma dessas dez pizzas não está embutido o preço da “pizza grátis”. Bem bolado não acham?

Porém pensem em nisso a longo prazo, pois a cada uma dessas que são “grátis” vem embaladas em uma caixa que também contem o tal selo da promoção. Selo este que realmente é grátis. Isso significa que na décima “pizza grátis”, o freguês finalmente vai ter a pizza grátis (sem aspas). Como falei é só um pequenino deslise no texto. O correto seria: Compre cem pizzas e ganhe uma inteiramente grátis.

Fim

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Separação

Antes de mais nada, queria deixar bem claro que ainda gosto muito de você. Tudo que passamos foi incrível e vai ficar para sempre na minha memória. Talvez nada do que eu disser faça sentido, mas gostaria muito que você entendesse. Não é fácil, mas isso deve ser feito. Afinal olha só em que ponto chegamos, você ocupa a maioria dos meus pensamentos. O problema não é você, o problema sou eu.

Lembra do começo? Você apareceu com um ar inocente, nem parecia ser o que é, aquele seu jeitinho. Confesso que só de olhar podia imaginar como seria quando finalmente tivesse em minhas mãos. Lembro também daquela coca-cola gelada. Você não fazia questão, o que você queria era me conquistar, e de fato conseguiu. Confesso que já não sou mais o mesmo depois que conheci você.

Sem falar que sempre acabo falando de você, mesmo quando a conversa não tem nada a ver contigo. É inconscientemente que faço isso, não sei o que você fez. Só sei que sempre penso em você, agora mesmo enquanto escrevo fico imaginando um encontro furtivo. Quem sabe eu desse uma escapada do trabalho só para isso. Mas onde? E se alguém desconfia que estou saindo por sua causa? Alguém pode pensar que não tenho controle. E isso é culpa sua, e você sabe disso.

Mas tudo tem um fim, e nossa hora chegou. Espero que encontre alguém, melhor e mais legal do que fui para você. Alguém mais saudável também, afinal já não sou mais o mesmo de outros tempos. Espero que você supere isso, sei que talvez eu não tenha sido o que você esperava. Porém a hora da separação chegou e nada me fará voltar atrás.

Rodelinha de bacon fatiada, até nunca mais. A partir de hoje sou vegetariano!

Fim

Haja saco

O mundo é mesmo uma máquina que nunca pára. Tem sempre alguma fábrica funcionando, algum veículo em movimento, algum maluco de dreads vendendo artesanato. Tudo isso cria poluição – no caso do maluco de dreads, natural. E poluição causa aqucimento global; aquecimento global, por sua vez, causa muita discussão. Muita discussão invariavelmente causa guerra. É melhor se preocupar.
O motor dessa máquina chamada mundo é movido por um combustível que tem status de líquido sagrado: o petróleo. Muito já se brigou para consegui-lo e alguns países como o Tadjiquistão só tem seus campos de golfe graças a extração e exportação do goró preto. Como combustível fóssil que é, o petróleo é um dos maiores causadores do efeito estufa, essa coisa caótica do século XXI – só perde para as vacas da Índia, acho.
Parem os motores! Que cessem as guerras, companheiros. Ambientalistas: vocês estão perseguindo o inimigo errado. Os EUA e seus infinitos carros esportivos super-gastadores não são os maiores poluidores da atmosfera. A Europa, aquele continentezinho quase do tamanho do Brasil, também não. A China, então, de imensas fábricas – de produtos americanos, convenhamos – movidas a escravos e muito mais de um bilhão de humanos peidantes, tampouco. O inimigo, na verdade, está mais próximo do que imaginamos. O inimigo é íntimo, rapaziada.
Aí você deve estar pensando: "Agora esse idiota vai dizer que as vaquinhas da Índia são as poluidoras globais". Não, eu não seria tão óbvio.  "Então vai dizer que são os escritórios de contabilidade e suas máquinas de xerox?" Pode ser, mas é uma pensamento muito simplista para meu poder de observação. "Então são os fogos de artifício na virada do ano!"  Ora, vamos! Exija mais do seu cronista preferido.
Desiste? Ok, então eu vou dizer. As farmácias são as maiores poluidoras do mundo. "E agora ele me vem com essa..." Ei, pare de pensar, por favor! Me deixe explicar. Eu digo e repito: as farmácias são as maiores poluidoras do planeta! Antes que você pergunte, respondê-lo-ei.
Outro dia fui a uma dessas drugstores-megastores com nome de filho de imigrante japonês. Eu precisava de uma aspirina. Uma aspirina! Efervescente. Vem duas pastilhas e custa mais ou menos três reais. Cabe na palma da mão, consequentemente em qualquer bolso do mundo. E não é que a moça do caixa nos entrega o produto numa sacola? Duas pastilhas de Aspirina C Efervescente, com no máximo 10 gramas ao todo, numa sacola?
Uma sacolinha, é verdade. Minúscula. Não caberia nada além de duas pastilhas de Aspirina C Efervescente ou um daqueles tubinhos de remédio para o fígado. Mas você sabe quanto petróleo se usa para se fazer uma sacola? Quanto CO² essa operação libera na atmosfera? E o metano? Inútil dizer, mas algo próximo de 440 ppm, seja lá o que isso signifique! Pode começar a pensar novamente, isso é mesmo revoltante.
Caro leitor, vamos pegar nossas bandeiras e sair às ruas. Façamos passeatas, mutirões e debates contra o uso de sacolinhas em farmácias. Vamos acender nossas tochas e incendiar todas as dugstores-megastores do mundo. Vamos saquear todas as Nisseis, Farmais e Drogameds que encontrarmos pela frente. Doentes de todo o mundo, uni-vos!
Ou seremos menos americanos e pediremos apenas nossas aspirinas sem a sacolinha.

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Diário? Que diário!?