Difícil essa arte de manter um diário. Eu sei que é apenas meu segundo dia, mas não consigo me acostumar com a idéia. Ainda me senti ridículo escrevendo pra mim mesmo o que eu fiz ontem e suas conseqüências pro resto da vida. São divagações meio fingidas, eu acho. Além do que estou achando dificílimo ser honesto. Parece que tenho medo de que alguém leia minhas memórias.
Tem uma dica que dou para se escrever um diário: jamais leia o que escreveu. Nem na hora, nem meses depois. Você se sentirá ridículo. Escreva e, no máximo, corrija um errinho de digitação aqui ou acolá. Melhor ainda se for na munheca: passe o lápis por cima e bola pra frente.
Meu pensamento é infinitamente mercantilista. Ontem, antes de dormir, já imaginava o que escreveria no diário pela manhã. Formava frases de efeito, histórias reais porém mirabolantes. Tudo digno de um romance. Claro que não consegui escrever nada disso – você nunca consegue reproduzir no papel aquilo que pensa na cama, antes de dormir – mas pelo menos serviu pra me convencer que é melhor escrever sobre o dia antes de dormir do que ao acordar. Pelo menos ainda se lembra dos diálogos.
E eu tenho um sério problema de evitar citar nomes. Nem parece que estou escrevendo algo essencialmente íntimo. Como já disse, meu pensamento é mercantilista, mesmo contra minha vontade. Diria que inconscientemente meu cérebro já projeta uma venda de livros futura, com a conseqüente inocência pela ausência de nomes. Parece que minto para mim mesmo. Sei que lá não escrevi todos os sentimentos sentidos durante o dia. Achei que só tivesse problema de compartilhar emoções com os outros, não comigo mesmo.
Ou seria um diário algo – futuramente – público?
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