quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ansioso demais pra escrever com coerência

Lembro de pouquíssimos duelos entre Flamengo e Corinthians. Um deles é o 3 x 0 no returno do Brasileirão 2006. Do time atual, Bruno, Juan, Léo Moura, Toró, Léo Medeiros e V. Pacheco estavam lá. Além de mim, é claro.

Engraçado que eu tinha a impressão claríssima de que esse tinha sido o jogo do Obina. Para mim ele tinha feito os três e perdido mais uns cinco – algo bem típico dele. Mas não. Pesquisando na internet fui lembrado que os gols foram marcados por Léo Medeiros, Renato Abreu e Juan.

O jogo me foi marcante, além do fato de eu estar presente no Maracanã, porque o Corinthians era o atual campeão brasileiro e o Fla já não brigava por nada. Não foi nem um campeonato pífio, como havia sido nos anos anteriores, nem teve nada de empolgante. Éramos já campeões da Copa do Brasil (a partida foi em outubro, se não me engano) e os concorrentes ao rebaixamento travavam uma briga fervorosa para ver quem iria para a Série B no ano seguinte. Ganhar do Corinthians, portanto, foi um mero caso de tiração de sarro extratemporal.

Hoje à noite tudo é diferente. O campeonato vale – e muito! O resultado vai decidir a vida dos nossos guerreiros, principalmente pelo período conturbado que vivemos. Uma vitória joga a responsabilidade pro lado de lá e alivia o nosso lado; uma goleada trará de volta o apoio da cartolada; e a derrota não é sequer cogitada.

Quem não acredita em entidades divinas, essa é a hora de se arrepender. Quem acredita, que apele pro seu santo, pai-de-santo ou deus do sol – qualquer ajuda agora é bem vinda. O importante é que nós, torcedores, jamais deixemos de acreditar. O cariocada está fazendo a parte dela, comprando todos os ingressos disponíveis. Aqui, de longe, só que resta fazer é mandar energia positiva e torcer. Muito.

Nota: foi no campeonato de 2006 que a desgraça do Santa Cruz começou. Foram tri-rebaixados, chegando à Serie D já em 2009. Roubaram o posto do Flor.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Twister on the bus

Pegar ônibus em horário de rush é uma experiência de vida. Há anos que eu não fazia isso. Não por falta de necessidade, já que carro deixou de ser realidade minha há algum tempo, mas porque prefiro sair de casa mais cedo ou chegar mais tarde a me espremer num veículo automotor.

As pessoas têm um comportamento completamente diferente no ônibus das 18h. Se você pega o Inter 2 às quatro da tarde todo mundo espera o desembarque, os velhinhos têm lugar garantido e dificilmente algum folgado vai ficar roçando a perna em você a cada curva. Às seis, tudo muda. Parece que todas as convenções vão abaixo e toda a educação aprendida em casa e na escola perde a serventia.

Não há desembarque no busão da 18h. Um expectador veria uma movimentação intensa no interior do veículo, porém em nenhum momento qualquer espaço vazio. Para cada pessoa que desce, outra já está pronta para ocupar o lugar deixado para trás. A substituição dos passageiros se dá em tempo-real.

Outra coisa é que não há assento preferencial para deficientes, idosos e gestantes no ônibus do rush. Primeiro porque nenhum deles conseguiria chegar ileso até um lugar para sentar; e segundo porque não há espaço físico suficiente para uma pessoa se levantar enquanto outra senta. Alguém teria que dividir o banco com o motorista enquanto a transferência de assentos lá atrás acontecesse.

Vejo o ônibus como um tubo de ensaio, daqueles dos laboratórios de pesquisa. Durante o dia, fora dos horários de pico, os tubos – os ônibus – são usados para pesquisas corriqueiras, simples olhadelas na água do Rio Belém a procura de bactérias. Na hora do rush, porém, são feitos experimentos para encontrar a cura do câncer. Misturas inacreditáveis, que elevam a pressão dentro dos vidrinhos a valores absurdos.

É nessa hora que uma das leis fundamentais da física – a que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo – cai por água. No ônibus das seis, dois ou mais corpos ocupam o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo tranquilamente. É como aquele joguinho antigo, o Twister, só que a o invés de bolinhas coloridas você tem que botar sua mão esquerda na segunda barra de cima, o pé direito entre os dois bancos à frente, o pé esquerdo...