terça-feira, 20 de novembro de 2007

E se...

Transtornado, furioso, irado, puto da cara Alaor saiu de casa sem rumo. Entrou no primeiro coletivo que viu, mesmo sem saber para onde ia. Quando achou que já estava longe o bastante, resolveu descer. Foi até uma praça, estava um calor infernal, e as únicas coisas que vinham a sua mente tinham a ver com vingança, dar o troco e não deixar por menos. Notava-se em seus olhos a sede de vingança.

Sentou em um banco da praça e ficou olhando para as pessoas que passeavam isentas de qualquer culpa por ele estar boladão. Apoiou os cotovelos nos joelhos e enfiou o rosto entre as mãos, deu um suspiro como se quisesse descarregar toda sua irritação. Quando dois garotinhos, oito anos no máximo, passavam correndo atrás de uma bola. Um deles diz: - olha o cofrinho do homem - , foi o suficiente para que levantasse e metesse o pé na bola com muita força. Foi mais um desabafo do que qualquer outra coisa.

O chute foi tão forte que a bola atravessou a praça, bateu num gari, que derrubou sua vassoura que bateu e quebrou o vidro de um carro que estava estacionado. Um dos garotos começou a chorar e saiu correndo, enquanto o outro disse, para o gari, que foi o “homem do cofrinho” quem tinha quebrado o vidro. Foi então que Alaor percebeu que a sua irritação estava passando dos limites. Chamou o garoto e pediu desculpas e devolveu a bola, desculpou-se também com o gari e foi procurar o dono do carro.

De repente um grito:- Puta que pariu! Quem foi o miserável?- era Roberta, a dona do carro. Uma moça bonita , ruiva do cabelo curto, com as duas mãos na cabeça e com olhar surpreso. Já despido da raiva que o trouxera até a praça, Alaor foi falar com a moça ruiva para assumir sua façanha. Depois que contou os detalhes, ela chegou até a dar uma risada. Mas logo voltou a ficar áspera querendo saber do conserto do vidro.

Alaor prometeu pagar o estrago imediatamente. Percebendo que estava mais calmo, convidou Roberta para um café. Ela, também mais calma, prontamente aceitou. Conversaram por algum tempo, trocaram telefone (sem nenhum interesse, eu acho) e marcaram um jantar para depois que o vidro do carro fosse consertado. Hoje dois anos depois do jantar eles estão noivos, tem uma conta conjunta, moram juntos e ambos gostam da sogra, mas não dos cunhados.

O motivo pelo qual Alaor estava nervoso no dia do vidro quebrado, foi só porque ele tinha perdido uma grana, pela quarta vez, para o irmão mais novo no poker.

E se ele ganhasse aquele jogo? E se ele não chutasse a bola no gari? E se... o vidro do carro não quebrasse?
E se...

Fim

2 comentários:

Anônimo disse...

é, se não tivesse acontecido todas essas coisas ruim nesse dia, ele provavelmente não teria conhecido a ruiva..... pelo menos alguma coisa de bom aconteceu.....
mas perder p/ o irmão mais novo não é nada bom, não importa qual for o jogo .....

Anônimo disse...

é, se não tivesse acontecido todas essas coisas ruim nesse dia, ele provavelmente não teria conhecido a ruiva..... pelo menos alguma coisa de bom aconteceu.....
mas perder p/ o irmão mais novo não é nada bom, não importa qual for o jogo .....