Depois de ler o texto de hoje do excelentíssimo Luis Fernando Veríssimo meus pensamentos foramlonge. Ele falava sobre uma partida da rúgbi, aquele esporte bem estranho vindo lá das Ilhas Britânicas.
Dias desses eu assisti a uma dessas partidas. Eu estava em casa, naquela modorra, zapeando pelos canais daquela inutilidade chamada TV a cabo. Num dos tantos canais de esporte passava, acho, a final do mundial de rúgbi. Oh!, grande coisa. Mas que seja.
A partida era entre Nova Zelândia e, sei lá, Congo – os Lions. Na verdade, lembrei: era semifinal, porque me recordo do narrador anunciando que depois viria a grande e decisiva partida entre Austrália e Ilhas Fiji. Entretanto isso agora não vem ao caso. O fato é que assistir àquela partida me lembrou intensamente da minha infância. Mais precisamente os meus sete ou oito anos. Exatamente.
Explicar-lhes-ei um pouco do jogo: são 15 marmanjos que têm que atravessar o campo para colocar a bola – também oval mas bem maior do que o do football e sem costuras – do outro lado do campo, no espaço chamado in-goal. Quando um dos jogadores pegam na bola, todos os do time adversário que estiverem por perto partem para cima daquele. Pulam em cima, agarram a bola, chutam, se abraçam. Enfim, é aquela zoeira.
Mas, as vezes, outro jogador da equipe daquele que está com a bola consegue pegá-la e passar – nunca lançando, sempre jogando para trás, e com as mãos – para outro, desmarcado. Este, por sua vez, a coloca debaixo do braço e corre. Corre até fazer o gol. Ou até que algum ou todos ps outros adversários o agarrem pela camisa.
Aliás, pode-se lançar a bola para frente desde que com um chute. Com aquela bola oval, o chute normalmente sai sem direção.
É claro que as regras não são só essas. Têm várias particularidades que até tornam o jogo um pouco interessante. Mas por que uma coisa dessas me lembrou a infância? Ora, essa é a exata descrição de como eram meus jogos de futebol (o nosso, o soccer) quando criança, mais exatamente aos sete ou oito anos. Precisamente.
Tinha o campo lá perto da casa da Vó. Um campão de areia, que na época parecia ter uns 200 metros de comprimento (mas que hoje, eu sei, não tem nem 50). Juntávamos toda a piazada e íamos jogar. Naquele campo que não tinha fim, sempre ficava uns 15 pra cada lado. A bola era velha, já meio ovalada e sem alguns gomos (sem costura). E era sempre do Rafael, o riquinho da rua.
A gente até se organizava em campo – "você e o Japa jogam atrás. Eu e o Polaquinho mais na frente e o João mais o Homer pelas laterais. O resto pega o meio" –, mas isso durava só até o pontapé inicial.
Quando o primeiro pegava na bola, todos os adversários que estivessem por perto pressionavam, pulavam em cima, agarravam a camisa, chutavam a bola, se abraçavam. Mas, às vezes, a bola sobrava para aquele que ainda não tinha chegado no bolo de piás. Aquele que não gostava muito de contato físico e ficava só olhando, esperando justamente essa sobra. Aí ele saía correndo até que fizesse o gol ou alguém o derrubasse. De vez em quando até rolava uns lançamentos. Mas no ponto futuro, sabe? Sem direção.
Rúgbi e futebol de crianças: qualquer semelhança não é mera coincidência.
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