quinta-feira, 10 de maio de 2007

Festerê

Que beleza de idéia que eu tive. Essa porcaria de festa. Só pra minha cara! Olhe em volta. Todo mundo está bêbado, quebrando coisas, jogados pelos cantos. Porque minha mãe foi viajar? Uma casa livre pra um jovem só podia dar nisso! Que besteira.

Ali no canto tem um vômito, provavelmente do Betinho. Nem vou limpar esse, já são tantos. Que zoem com a casa toda agora. O besta aqui limpa tudo amanhã. Fui eu que tive a idéia, fui eu que convidei toda essa galera pra "curtir um som" aqui na minha. Bah! Desgraça. Agora guenta, otário.

O Cebola chegou dizendo Cara, que festa maneira. Maneira pra você, seu ridículo. Não é tu que vai limpar tudo amanhã. Eu quase disse isso. Quase. Preferi ficar quieto e sair pra comprar mais gelo.

Vendo tudo de fora parecia pior. Tinha  mesa de truco até no meio da rua. Não sei como esses vizinhos não reclamaram. A música está no máximo, repetindo Cowboy Viado pela quinta vez. Que festa horrível. Minha festa.

Quando voltei do posto com o gelo parecia que tinha chegado mais gente. Na minha casa, bolas. Tudo lotado, gente em todos os quartos fazendo todo tipo de coisa que se possa imaginar. Amanhã eu limpo tudo. Amanhã eu tenho que limpar tudo. Que idéia de jerico.

Chegou o Beronha dizendo que seu irmão vomitou da sacada. Que se dane! Não quero saber! Por mim que todos fossem embora naquele instante. Foi ridícula essa idéia de fazer festa. Porque fui pensar nisso? Festa. Otário.

Daqui da rede nem parece que a festa é minha. Não parece nem que eu estou na festa. Fico só olhando os caras que já estão sem camisa dançando Poperô pras menininhas mais novas. E eu balançando, pra lá e pra cá. No meu mundo, pensando porque, ó Deus, porque fui fazer isso!? Nesse momento só dá pra ouvir o barulho das centenas de latas jogadas no chão que eu terei que limpar amanhã.

De repente parece que tudo melhorou. Sei lá, a música agora é boa, o pessoal está jogando o lixo no lugar certo. Até definiram a banheira como vomotódromo. Menos mal. O que será que está acontecendo? Jorginho, logo ele, me traz um copo do ponche que a Laurinha fez. Que delícia. A festa está ficando boa, será? Ou eu é que estou bêbado?

Não.

Foi ela que chegou. Ela, trazendo consigo seu lindo sorriso. O mais lindo do mundo. Seus cabelos brilhosos formam uma cachoeira no sinuoso leito do seu corpo. Ela veio! Toda essa festa foi feita para isso. A festa, a minha festa. Eu só queria que ela viesse e conversasse comigo dois minutos que fosse. Ou nem isso. Bastava estar no meu campo de visão que tudo já valeria a pena. Agora eu podia limpar todos esses vômitos com a minha camiseta. Ela chegou. Ela veio. Minha festa. Que festa linda, ó Deus!

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