terça-feira, 3 de abril de 2007

Série NR – Quando não é para ser...

Hermes era um garoto prodígio, o aluno número um. O cara! O gênio! O
ícone! Todos imaginavam um futuro brilhante para ele. Agia como se o
mundo fosse dele, que de certa forma era mesmo. Tudo que ele fazia
virava sucesso, o garoto era um espécie de rei Midas. O tempo foi
passando e o sucesso era questão de tempo. Hermes inventou um motor
movido à som, isso acabaria com a luta pelo petróleo e ainda ajudaria o
meio-ambiente. Mas que só seria concluído e apresentado na feira de
ciências. Todos esperavam o grande dia no colégio Guachupé de Monte
Castelo, em Piraporanga do Sudoeste. A feira começou e todos só
esperavam hora de ver o engenho de Hermes. As pessoas não queriam saber
do gato de duas cabeças, que cantava Benito de Paula, que Aninha levou,
ou do vulcão de suco de laranja que Astolfinho fizera e muito menos da
chinchila-rinoceronte que o Teodoro comprou numa loja de antigüidades.

É chegada a hora, Hermes entra na sala com a certeza de que tudo daria
certo, como de fato aconteceu até aquele momento. Mas o mundo é um
moinho, já disse Cartola, e como na canção não o mundo, mas sim um
ventilador de teto se desprendeu do alto da sala e destruiu o projeto de
Hermes. Como um moinho triturou o trabalho de um ano e que brinde ainda
deixou Hermes com síndrome do pânico e com pavor de ventiladores de teto.
Aninha venceu o primeiro prêmio com o gato de duas cabeças. Astolfinho
ficou em segundo e Teodoro em terceiro. Hoje, dez anos depois, Hermes
faz um bico como chapeiro numa barraquinha de hamburguers, que ele mesmo
prepara e tenta a vida como cantor brega em bailes de terceira idade.

Nenhum comentário: