segunda-feira, 9 de abril de 2007

O mundo da voltas

- Oi!
- Oi, tudo bem?
- É!
- É?
- É!
- Aconteceu algo?
- Sempre acontece algo. Você sabe.
- Mas dessa vez o que foi?
- Depressão, já ouviu falar?
- Já, claro. Mas quem está deprimido?
- A tua mãe, aquela vaca!
- Porra Maurinho, por que me tratas assim?
- Oras Rubens, porque você me faz perguntas estupidas!
- Foi mal, não quis irritar. Posso te ajudar?
- Pode.
- Como? É só falar, se estiver ao meu alcance.
- Me empresta sua arma.
- Pra quê?
- Eu te mostro.
- Tudo bem, mas olha lá hein. Isso pode sobrar para mim.

Pow, pow, pow!!! Três tiros bem no meio da cara do sujeito, Maurinho
passou Rubens, o ex-amigo, sem pestanejar. Entrou no carro, colocou uma
música tranqüila e seguiu para a estrada com direção ao litoral. Quando
está quase chegando ao fim da serra liga para sua namorada.

- Alô.
- Oi Bia sou eu.
- E ai onde você esta?
- Estou indo.
- Pra onde?
- Logo eu chego lá.
- Lá onde?
- Onde eu quero chegar.
- Lá vem você com esse papo.
- Já sei de tudo.
- Tudo o quê?
- De você e daquele filho da puta.
- Do que você esta falando.Eu e quem? Você está louco?
- Não se faça de idiota, você é bem espertinha na hora de fazer planos.
- Planos?
- Escuta aqui sua piranha imbecil, já sei tudo sobre seu plano de matar
a mulher do Rubens. E depois se mudar com ele para a casa da praia.
- Onde você está?

Maurinho desliga o telefone. Chega na rua da casa onde Bia morava perto
do porto. Liga novamente e avisa Bia que está chegando. Ela sem pensar
direito pensa num jeito de sair dali. Pega uma mochila com algumas
roupas, uma garrafa de água, os cigarros e a bolsa. Escreve um bilhete e
deixa em cima da mesa de centro em frente a tv.
Nisso Maurinho para o carro duas quadras da casa de Bia e segue a pé até
um bar na esquina de onde observa quando Bia entra no carro dela. Antes
dela dar partida liga de novo.

- Estou com problemas no carro. Me espere um pouco, já chego e quero
falar com você.
- Ah é!? Pois fique sabendo que já estou indo embora. Estou na estrada e
nunca mais você vai me ver.
- Não vai me esperar?
- Você é muito burro mesmo. Um derrotado, saiba que desde o começo eu
saia com o Rubens. Nunca gostei de você, nosso namoro foi só um
passatempo. Pelo menos me rendeu alguma coisa. A casa na praia, este
carro, algumas viagens...Você foi usado amorzinho.
- É uma pena. Sabe que eu gostava de você de verdade.
- Pena é o que eu sinto de você. Otário, perdedor, mauricinho de merda.
- Você é bem burrinha mesmo! Achou que um plano idiota desses daria
certo. Mas ainda vou fazer mais um favor. O último.
- O quê?
- Eu fui uma vítima de um erro médico. No meu acidente devido à pressa e
imprudência do hospital, fizeram a tranfusão de sangue sem fazer os
devidos testes de hepatite e HIV. Sugiro que você faça um teste.
- O quê?
- É mocinha, pensei em contar isso antes, mas foi na época que descobri
sobre você e o Rubens. Dei uma chance de você me falar sobre isso
comigo. Mas você não se manifestou. Continou sendo falsa como sempre.
- O quê?
- Fiquei muito mal por isso, perdi o chão. Mas agora é tarde, está tudo
se encaminhando para o fim.

Bia desliga o telefone e no momento em que gira a chave do carro, ele
vai pelos ares. Maurinho vê de longe o clarão provocado pela explosão,
paga a cerveja e volta para o carro com lágrimas no olhos. Volta para a
estrada em altíssima volocidade e enfia o carro em um poste.

Fim

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