quinta-feira, 5 de abril de 2007

Encontro Forçado

Carlos Demóstenes, o Carlinhos, fez 18 anos e, de presente, foi contratado como diretor de assuntos extraordinários na multinacional do pai. Ganhou uma ampla sala de frente pra Paulista, uma cadeira giratória feita do macio couro de rã e um frigobar 122L com porta de vidro - a vaga na garagem e o Audi 0km ficaram por conta do padrinho.
A família Demóstenes era muito rica. Muito rica. Esnobe e esbanjador - e com um nariz típico dos armênios -, Carlinhos tinha muitas namoradas, todas apaixonadas pela beleza da sua carteira de couro jamaicano. Ele era amigo de Juan, filho da empregada guatemalteca da família, que era quem lhe conseguia as moçoilas. Sua segunda ação com diretor, depois de enfeitar a sala com um tema havaiano de muito mal gosto, foi contratar Juan como seu assessor direto.
Na primeira reunião daquele novo gabiente, a dupla fez uma lista de todas as meninas que poderiam ser contratadas como secretárias. E Carlinho queria muitas secretárias.

A Equipe
Depois de muita discussão, essa não porque é feia, mas é gostosa, então tá, decidiram-se por Paula, Ana e Tássia. E elas nada tinham pra fazer. Passavam o dia escutando Juan falando do chefe, sai fora, olha aquele nariz, nunca que eu vou ficar com ele. Ana foi a primeira a ser demitida por justa causa, e as outras acabaram cedendo aos encantos do caçula Demóstenes.
E assim se foi por oito meses, pra trabalhar aqui você tem que passar pela aprovação do chefe. Foram Marianas, Lúcias, Joanas. Até duas Cremildas foram sabujadas. Juan nunca falhava.
Eis que, subitamente, Carlinhos deu piti, enjoei, não quero mais, já tenho 19 anos e preciso de carinho. E iniciou a quarentena.
Um dia, pelos corredores da empresa, viu Silvinha. Olha-essa-boca! Que olhos. Que cabelos. É ela, Juan. É ela que eu quero. Mas chefe, é a Sílvia, mulher do Sandoval, do financeiro. Não importa, é ela que eu quero, e te pago pra isso. Mas chefe, nada de mas! Ofereça dinheiro se for preciso. Silvinha, é ela que eu quero.

Flerte Fatal
Juan tentou, tentou, tentou e nada. Não quero, não quero, não quero. Amo meu marido. Sílvia, é Carlinhos, filho do presidente. Não!
Juan, que sempre foi pobre, oferecia dinheiro, 50 reais, 100 reais. Necas. Chefe, eu desisto, essa menina é mais acre que a Madre Tereza. Negativo, Juan. Traga-a aqui. Mas chefe, na de mais! Traga.
E logo estava lá, Sílvia, linda, entrando assustada na sala de Carlinhos, o abatedouro, a cova. Meio forçada, claro, mas era ela, Sílvia, no ninho do amor. Bom dia, senhor. Quero você, Silvinha. Mas, senhor, eu amo meu marido. Não importa, eu quero. Nada feito. Eu pago, Sílvia, quanto você quer? 50 mil? 100? 200? Isso, 200 mil, uma vez só. Amanhã, aqui, as 20h00.
No dia seguinte, Sílvia se arrumou. Se perfumou. Se maquiou. A própria fêmea fatal. Na hora em ponto estava lá, meu dinheiro, senhor. Depois. Eu quero agora. Primeiro o sexo. Agora! Sílvia pegou o cheque com a mão direita enquanto a esquerda segurava a faca. Dois segundos depois ela estava no pescoço de Carlinhos. Sílvia, não a faca.

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