sexta-feira, 1 de junho de 2007

Futebol, Mulher e Coca -Cola

Vitor, o Vitinho, era um pereba no futebol. Sempre era o último a ser
escolhido nos jogos e isso que na maioria das vezes só jogava se
aceitasse ser o goleiro. Ele também não era nenhum Dida, mas quebrava o
galho. No máximo defendia mais por incompetência dos garotos que
chutavam em cima dele. Mas Vitinho era irmão do dono da bola, o Fio,
isso fazia com que ele sempre estivesse no jogo.

Certo dia os caras da rua de baixo desafiaram o time do Fio para um
jogo. Mas não era jogar por jogar, era um jogo valendo coca (o
refrigerante). O desafio foi aceito, o grande jogo seria na quadra da
escola no sábado às três e meia. Dois tempos de vinte e cinco minutos e
sem juiz. O fato de não ter juiz poderia fazer com que o jogo
descambasse para a pancadaria e isso deixava o time de Vitinho tenso. Os
caras da rua de baixo eram mais experientes, pois jogavam campeonatos e
tinham dois caras que vieram do Uruguai (Lucho e Ramon) que jogavam bem.

Durante a semana Fio foi preparando a rapaziada, e já foi avisando que o
Cabelinho seria o goleiro e que Vitinho jogaria na linha, mas seria
reserva. Vitinho apesar de perna de pau tinha muita vontade de jogar.
Demorou mas aceitou a reserva no time do irmão. Não era só a coca, mas a
moral da rapaziada estava em jogo. Para não correrem o risco de o time
perdedor não pagar a aposta, antes do jogo os dois time deixavam a grana
com o Pezinho, dono da Lanchonete. O time que ganhasse podia retirar a
grana.A rivalidade era tamanha que o time do irmão de Vitinho não jogava
quando os caras ada rua de baixo estavam na quadra e o contrário também
ocorria. Se o time do Fio estivesse lá os caras da rua de baixo não
jogavam.

Chega o sábado, depois do Globo Esporte a rapaziada se reuniu na casa do
Cabelinho para jogar Winning Eleven, era uma espécie de concentração. O
Bomba, um dos caras da rua de baixo, liga para o Fio e perguntam se o
jogo pode ser adiado é que um dos gringos não poderia jogar e tals. Era
uma chance de ouro para o time da rapaziada, um dos gringos não jogaria,
O irmão do Vitinho disse que não tinha como porque todos tinham
compromisso para depois do jogo e insistiu para que o jogo fosse
realizado mesmo sem um dos gringos. O cara da rua de baixo aceitou.

Três da tarde o time da rapaziada se reúne na frente da escola e parecem
empolgados com o desfalque no time da rua de baixo. Quinze minutos
depois os caras da rua de baixo chegam e com os dois gringos, tudo não
passava de uma tática malandra do time da rua de baixo. A famosa milonga
uruguaia, traduzindo a malandragem uruguaia (já diria Galvão Bueno).
Aquilo foi um balde de água fria, mesmo assim a rapaziada não deixou que
ficaram surpresos com a milonga do inimigo.

Começa o jogo, os caras da rua de baixo saem com a bola. No primeiro
lance uma tabela entre Lingüiça e Vesgo deixou o um uruguaio na cara de
Cabelinho, que nada pode fazer. Rua de Baixo 1x0 na Rapaziada. O jogo
segue com domínio total dos caras da rua de baixo, bola na trave, Lucho
barbarizava com o jogo. Até que Cabelinho sai do gol e dá um "jacaré" no
uruguaio. O clima fica pesado.

- Você não sabe jogar sem juiz?

- Foi mal, lance do jogo.

- Você vai ver um lance do jogo na sua cara...

A discussão não durou muito e o primeiro tempo terminou um a zero mesmo.
A vitória do time da rua de baixo estava se desenhando. Fio da uma dura
na rapaziada e pede mais empenho, afinal o jogo valia mais que a coca.
Ainda mais agora que as garotas chegaram para ver o jogo. A mais gata,
bonita, cheirosa, maravilhosa do Brasil era a garotinha ruiva, a Júlia.
Fio e Bomba eram afim dela. E isso deu mais dramaticidade ao jogo.

A bola rola para os últimos vinte e cinco minutos, na saída de bola fio
quis fazer uma graça para a ruivinha. Mas pisou na bola caiu sentado,
porém a bola sobrou para o Magrinho que de canhota acertou o chute da
sua vida. A bola foi na gaveta, um a um e novo ânimo para a rapaziada do
time do Fio. Entre caneladas, faltas e discussões o jogo foi chegando ao
fim.

Faltando pouco para acabar o jogo, Fio foi fazer outra firula e dessa
vez conseguiu se machucar sério. Torceu o pé e teve que sair, Vitinho
entrou em seu lugar,mas não foi para o gol e já foi fazendo besteira. Na
primeira vez que tocou na bola, deu um passe errado nos pés de Ramon que
não perdoou e marcou o segundo dos caras as rua de baixo. Foi uma ducha
de água fria, Fio estava puto da cara do lado de fora. Aquele seria o
fim para o time do Fio, até o próximo eles teriam que agüentar gozações,
sem falar na coca e na garotinha ruiva.

Depois do gol dos caras, Cabelinho foi para a linha e Vitinho foi para o
gol. E Cabelinho tinha habilidade. Num lance de sorte no último lance,
ele acerta um chute de fora da área, que desvia no Bomba e matou o
goleiro dos caras da rua de baixo. Depois do gol não teve mais jogo, a
decisão seria nos penaltis. Fio queria voltar para o jogo, mas não
conseguia ficar em pé. Seu pé estava inchado por causa da torção, sua
aflição estava estampada no rosto.

Pelo time da Rapaziada bateriam Cabelinho, Juca e Magrinho. Para os
caras da rua de baixo bateriam Ramon, Bomba e Lucho. No par ou impar
(melhor de três) ficou decidido que a Rapaziada começaria batendo, e lá
foi o Cabelinho. Tomou distância, deu a famosa paradinha e chutou no
meio do gol para a defesa fácil de Menino. O uruguaio Ramon bateu e fez,
Vitinho fechou o olho e nem foi na bola. Juca bateu e fez, por pouco
Menino não pegou. Bomba, como de costume mandou um foguete que Vitinho
nem viu a cor da bola. Magrinho bateu bem e empatou.

Agora tudo estava nas mãos de Vitinho, se pegasse o jogo continuava se
não acabaria o jogo. Lucho, que além de jogar bem era um mala, fez uma
embaixadinhas antes de bater e olhou com desprezo para Vitinho. O gringo
não pegou muita distância e bateu... Vitinho de um lado e bola na
traaaaaaaaaave. Era um sopro de vida para o time da Rapaziada, agora
ficou nas mãos e pés dos goleiros a decisão.

Todo mundo sabia da ausência de competência futebolística de Vitinho,
diziam que ele tinha um chute da menina. E lá foi ele, dois passos da
bola.. correu, bateu na trave e gol. Mais uma vez Menino quase pegou.
Agora é Menino quem vai para a cobrança, ele foi quase na metade do
campo para tomar distância. Corre para a bola bateu, Vitinho escolhe o
canto e pula, foi uma paulada de Menino... a bola bate no rosto de
Vitinho, na trave e sai.

Euforia do time da Rapaziada, surge um novo herói. Vitinho o
perna-de-pau, o pereba, o que só joga porque a bola é do irmão dele.
Agora era festejado pelos amigos e as meninas também estavam torcendo
pelo time da rapaziada. Na lanchonete do Pezinho a rapaziada comemorava
feliz e contente tomando a merecida coca. De repente o Cabelinho percebe
que o Vitinho não estava por perto e pergunta por ele.

Do outo lado da rua, Vitinho de mãos dadas com a ruivinha indo embora.

Fim

Um comentário:

Anônimo disse...

Rá! Eu sabia!!!
Como sempre a ruivinha é a mais bunita, desejada, linda, bela, gostosa e por que não, pauzuda!!!