quinta-feira, 14 de junho de 2007

Soco na Bola

O futebol por si só já é cheio de peculiaridades: o gol da rodada, o drible desconcertante, o impedimento mal marcado, a briga entre torcedores do mesmo time, o frango do goleirão. Mas tem uma coisa que é sempre única, especial: a comemoração.
Você pode marcar e sair imitando aviãozinho (a mais comum), mandar beijos pra torcida, chutar a bandeirinha de escanteio, beijar a aliança, falar com a câmera. Enfim, apenas quem faz gol entende o quão importante é a comemoração – e que é só na hora em que a bola entra que se consegue pensar no que fazer. Mas nada pode ser mais vergonhoso, degradante, ridículo que o velho "soquinho no ar".
"Mas espera aí", alguns de vocês devem estar pensando, "como assim o 'soquinho no ar' é ridículo? É a comemoração do rei Pelé!". Pois é. E é justamente por isso que ela se torna totalmente ridícula para nós, pobres mortais.
Pelé, Rei do Futebol, Edson Arantes do Nascimento. Tudo isso é sinônimo de "melhores momentos". Ele é aquele cara que, dos mais de 1.200 gols marcados, pelo menos uns 900 são dignos de replay. Ele é aquele cara que, sozinho, ganhou uma Copa do Mundo. Aos 17 anos. Não é à toa que só os argentinos não admitem que ele foi o melhor da história.
Além disso, Pelé tem um detalhe a mais que joga a seu favor. Pode parecer algo simples, mas tenho certeza que é isso que faz toda a diferença. Veja bem: em todas as fotos em que Pelé aparece dando seu "soquinho no ar" – e eu disse TODAS – a câmera o pega de baixo para cima, todo imponente no ápice do pulo. Ou seja, aparecem cem mil cabeças de torcedores no fundo, 4 mil jornalistas fotografando ao mesmo tempo e Pelé, com toda a envergadura que Deus lhe deu, a quase dois metros do chão, com a cara esfuziante de alegria e satisfação.
Coisa que você, caro leitor magrelo que insiste em jogar no ataque, nunca vai conseguir. Nunca. Nem com montagem de Photoshop.
Pelé era tão bom, mas tão bom, que qualquer comemoração que ele fizesse ia ser maravilhosa. "Pelé recebe lançamento no comando. Dá um chapéu no marcador... Impressionante! E outro! E mais outro! Foram três chapéus, minha gente... Eu vi! Tocou na saída do goleiro... Por baixo das canetas! É gooool de Pelé. Gol do Brasil! E olha a comemoração, Falcão. Pelé está coçando a nádega esquerda. Que bonito! Que alegria! Que beleza!"

Um comentário:

Anônimo disse...

Kibe, siga os conselhos do seu amigo...e pare de comemorar os seus poucos gols, tentando imitar o Pelé...eu já tinha te tido isso...beijos...