terça-feira, 23 de outubro de 2007

Regras são regras

Cândido era um cara obstinado. Sempre conseguia as coisas que queria. Sempre ia atrás dos seus sonhos. Estudava, trabalhava e fazia de tudo para chegar onde queria e alcançar seus objetivos. Na faculdade de agronomia era um dos melhores, sabia de muita coisa. O que não sabia, ia atrás para se informar. Para os professores, ele era um talento e quando o talento faltava o esforço compensava.

Cândido adorava acampar, sempre que podia pegava sua mochila, calçava suas botas, o chapéu estilo Indiana Jones e sua barraca que ele chamava de toca do gugu. Para os colegas era muito tranquilo acampar com Cândido, ele buscava e cortava a lenha, fazia a fogueira, preparava a comida e ainda contava histórias sinistras e instigantes. Todo mundo gostava do jeitão que o Cândido encenava suas histórias de terror.

Houve um tempo que Cândido pareceu meio cansado das coisas que gostava. Achava que estava ficando chato. Chegou a perguntar isso para os amigos, mas todos discordavam. O fato é que Cândido era uma figurassa, animava quem estivesse por perto. Mas ele estava de saco cheio e pior, sem saber o porquê. Mas de repente, não mais que de repente, ele teve uma idéia. Iria sair por ai, queria pegar a estrada de moto sem destino.

A partir deste momento toda sua atenção estava voltada para conseguir uma moto. A grana estava curta e teve que ralar. Começou a economizar, onde pudesse ele economizava. Até o papel higiênico que era aquele do cachorro, passou a ser de folha simples com aquele coelhinho. Economizou, economizou e economizou. Cândido era um cara que ia atrás de seus objetivos. Tanto fez que finalmente conseguiu a grana para comprar a sua moto.

Cândido estava radiante naquela manhã ensolarada de sábado, e todos sabiam que ele estava prestes a fazer algo que a muito ele queria. Estava estampado no seu semblante que emanava alegria. Chegou com muita autoridade na loja. Detalhe que fizera questão de juntar o dinheiro para pagar à vista o seu sonho de consumo. Uma vendedora bonitona veio atende-lo, apontou para a moto que iria comprar, assinou os papéis da compra. Pronto, mais uma vez Cândido alcançou mais uma conquista em sua vida.

Na saída da loja Cândido colocou o capacete, montou na sua moto sinistrona, deu partida e saiu feliz da vida. Quando chegava em casa para sua surpresa, havia uma blitz da polícia de trânsito. Ele tenta desviar o cerco policial, mas antes que pensasse em mudar de direção uma viatura para do seu lado. O policial, com certa cortesia, pede os documentos da moto e a carteira de habilitação. Ele mostra só os documentos da moto, o policial verifica o documento e pede a habilitação. Ele diz que ainda não tem habilitação, e tenta argumentar. Porém o policial foi irredutível e apreendeu a moto.

Cândido ficou puto pela terceira vez na vida.

Fim

Um comentário:

Aline disse...

eaoeiuaoieuaoiueoaiuea
ahh! pelo menos ele só apreendeu a moto! cheguei a pensar que o Cândido ia ser atropelado ou alguma coisa assim :P

mto bom!