O mundo é mesmo uma máquina que nunca pára. Tem sempre alguma fábrica funcionando, algum veículo em movimento, algum maluco de dreads vendendo artesanato. Tudo isso cria poluição – no caso do maluco de dreads, natural. E poluição causa aqucimento global; aquecimento global, por sua vez, causa muita discussão. Muita discussão invariavelmente causa guerra. É melhor se preocupar.
O motor dessa máquina chamada mundo é movido por um combustível que tem status de líquido sagrado: o petróleo. Muito já se brigou para consegui-lo e alguns países como o Tadjiquistão só tem seus campos de golfe graças a extração e exportação do goró preto. Como combustível fóssil que é, o petróleo é um dos maiores causadores do efeito estufa, essa coisa caótica do século XXI – só perde para as vacas da Índia, acho.
Parem os motores! Que cessem as guerras, companheiros. Ambientalistas: vocês estão perseguindo o inimigo errado. Os EUA e seus infinitos carros esportivos super-gastadores não são os maiores poluidores da atmosfera. A Europa, aquele continentezinho quase do tamanho do Brasil, também não. A China, então, de imensas fábricas – de produtos americanos, convenhamos – movidas a escravos e muito mais de um bilhão de humanos peidantes, tampouco. O inimigo, na verdade, está mais próximo do que imaginamos. O inimigo é íntimo, rapaziada.
Aí você deve estar pensando: "Agora esse idiota vai dizer que as vaquinhas da Índia são as poluidoras globais". Não, eu não seria tão óbvio. "Então vai dizer que são os escritórios de contabilidade e suas máquinas de xerox?" Pode ser, mas é uma pensamento muito simplista para meu poder de observação. "Então são os fogos de artifício na virada do ano!" Ora, vamos! Exija mais do seu cronista preferido.
Desiste? Ok, então eu vou dizer. As farmácias são as maiores poluidoras do mundo. "E agora ele me vem com essa..." Ei, pare de pensar, por favor! Me deixe explicar. Eu digo e repito: as farmácias são as maiores poluidoras do planeta! Antes que você pergunte, respondê-lo-ei.
Outro dia fui a uma dessas drugstores-megastores com nome de filho de imigrante japonês. Eu precisava de uma aspirina. Uma aspirina! Efervescente. Vem duas pastilhas e custa mais ou menos três reais. Cabe na palma da mão, consequentemente em qualquer bolso do mundo. E não é que a moça do caixa nos entrega o produto numa sacola? Duas pastilhas de Aspirina C Efervescente, com no máximo 10 gramas ao todo, numa sacola?
Uma sacolinha, é verdade. Minúscula. Não caberia nada além de duas pastilhas de Aspirina C Efervescente ou um daqueles tubinhos de remédio para o fígado. Mas você sabe quanto petróleo se usa para se fazer uma sacola? Quanto CO² essa operação libera na atmosfera? E o metano? Inútil dizer, mas algo próximo de 440 ppm, seja lá o que isso signifique! Pode começar a pensar novamente, isso é mesmo revoltante.
Caro leitor, vamos pegar nossas bandeiras e sair às ruas. Façamos passeatas, mutirões e debates contra o uso de sacolinhas em farmácias. Vamos acender nossas tochas e incendiar todas as dugstores-megastores do mundo. Vamos saquear todas as Nisseis, Farmais e Drogameds que encontrarmos pela frente. Doentes de todo o mundo, uni-vos!
Ou seremos menos americanos e pediremos apenas nossas aspirinas sem a sacolinha.
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Diário? Que diário!?
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