sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A auto-sustentável leveza do ser

Há um grande mérito em se tornar escritor. Apesar de ganhar pouco e esporadicamente, sempre de acordo com a vontade das editoras e da imprensa (que vende sua obra como lixo, cult ou politizada – e, pode crer, a que é considerada "lixo" tem muito mais divulgação), ser escritor tem, como tudo na vida, um lado bom. Algo que os mais metidos chamariam de qualquer coisa parecida com "auto-sustentabilidade de si próprio".

Parece complicado, mas é tudo uma ambigüidade desmedida. E uma grande mentira também.

Sabe-se bem que o ser humano (essa escória da humanidade) têm certas necessidades; podem ser físicas, emocionais, mentais, biológicas e um outro tanto infinito de tipos. Porém sempre há aquele modelo de necessidade que não pode bem ser considerada necessidade, pois, oras, dá perfeitamente para viver sem. As "necessidades" psicológicas.

No caso das crianças, essa "necessidade" psicológica é aquele sorvete sujo e aguado da praça Rui Barbosa, que faz o bicho se retorcer todo e chorar no meio do calçadão, normalmente gritando "eu vou morrer, eu vou morrer!" Todos sabemos que na verdade ela só vai morrer SE comer o sorvete, e não o contrário. É a tal da "necessidade" psicológica.

Com o tempo, essa "necessidade" vai se aprimorando. Uma adolescente, por exemplo, não pode "nem mor-ta" ir para a escola sem um iPod Touch. Assim como houve um tempo em que todo rapaz de 15 anos PRECISAVA ter um skate; se não o tivesse era melhor que nem saísse para brincar na rua. Quando se vira adulto (ou tem lá seus 20 anos e todo o mundo te considera adulto, menos você), as "necessidades" psicológicas começam a se fundir com as outras – essas sim essenciais – e a mente vira uma demência completa e sem tamanho.

A monogamia, por exemplo. Cansei de explicar para as mulheres que isso é apenas uma imposição da Igreja da era medieval para controlar melhor as divisões de seus reinos. Ou seja, é uma regra criada pelos humanos (a tal da escória da humanidade), e não algo natural. Vejam os macaco, que fofinhos. Eles se acasalam com quem desejar, na hora que quiser e quantas vezes precisar. Não estou pregando o sexo em público, mas apenas uma MP que permita a poligamia.

(Estou perdendo o foco, eu sei. Voltemos à auto-sustentabilidade do ser)

Enfim, se a poligamia é proibida pela constituição (e por isso vou, assim que me formar, mudar-me para o Sudão ou algum outro país muçulmano), devemos nos contentar com apenas uma senhora para "fazer" a vida inteira. E, bem, devo que admitir que, devido a formação cristã que tive, esse conceito de que só-se-é-feliz-ao-achar-o-amor-verdadeiro está impregnado no meu conceito cultura civilizada. Por causa lavagem cerebral, é verdade, mas isso me é uma "necessidade' psicológica.

(Aqui entraria toda aquela discussão de que blá-blá-blá... Sou perito em divagações infundadas, mas não me deixarei levar pelo impulso)

Foi para livrar minha mente desse fardo que me impuseram quando criança que entrei para o time dos que "auto-sustentam a si próprio". Minhas "necessidades" psicológicas são todas satisfeitas num fechar de olhos. Com a imaginação solta, tomo aquele sorvete da praça Rui Babosa, tenho um iPod Touch e um skate com rodinhas de titânio e shape da Drop Dead. E minha mente é tão insana que sinto até a dor de barriga provocada pelas três bolas de sorvete Pasqualino, compradas na porta da La Casa di Frango.

E me caso também. Várias vezes, todas as noites, com pelo menos umas três mulheres diferentes. E não!, não é nada disso que vocês estão pensando. São todas imaginações limpas e românticas, onde conheço os pais da noiva, caso de smoking na Igreja da Candelária e passo a lua-de-mel [nu] em Ibiza (aí sim os pensamentos são sujos). Imagino as brigas também. É um casamento completo. E isso me satisfaz.

Repito: isso me satisfaz.

Não vou me casar antes de 2014, pode apostar. E estou contando, aí, a margem de erro – para menos, bem menos. Minha idéia é ir ao matrimônio beirando os quarenta, depois de ter conhecido metade do mundo e ser copiosamente julgado por ter ficado para titio (o que é praticamente impossível, porque sou primogênito AND precoce). Dane-se o que você está pensando. As necessidades psicológicas são minhas e eu as satisfaço do jeito que bem entender.

Eu não bebo, não fumo, não jogo e não quero encontrar a princesa encantada tão cedo. E às vezes minto um pouquinho.

3 comentários:

Guylherme Custódio disse...

S� um pouquinho!!!

aheuahiuehiaueaiuehaui

Abrasssssssssssssssssssss

OBS: www.di-vag.blogspot.com

Unknown disse...

No ângulo!

JuMotta disse...

Maycon Dimas!
Descobri seu Blog (e gostei)
Estou surpresa com seu texto..e adorei a parte da monogamia, ou melhor, da poli.
Ju