sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Mexe com está quieto

Logo cedo quando ia ao trabalho, Silvio viu um tumulto do lado de fora do coletivo, eram dois motoqueiros que se espancavam. Todos dentro do coletivo assistiam como se aquilo fosse um espetáculo. Até o cobrador se esticava todo para ver a cena de brutalidade. O sinal abre para o ônibus, mas o motorista estava vidrado na cena. Silvio era o único que olhava na direção contrária da briga, olhava para o rosto das pessoas e só via uma sede torpe por brutalidade.

Nisso o sinal fecha e ninguém percebeu, ainda estavam hipnotizados pelos gritos e socos desferidos pelos dois valentões de capacete. Silvio ignora a briga, aumenta o volume da música que estava ouvindo e continua lendo uma revista. Algum tempo depois, talvez pelo horário, o motorista resolve seguir seu caminho. O semblante das pessoas mostrava que o comentário era sobre a briga, Silvio nem deu pelota para o assunto.

Um sujeito que estava sentado ao lado dele, disse algo. Silvio tirou o fone do ouvido e perguntou o que o sujeito queria. O figura queria muito comentar que um dos motoqueiros deveria ser lutador de jiu-jitsu. Silvio respondeu que não prestou atenção na briga, tentando não dar margem para uma conversa sobre técnicas de luta, mas o sujeito insistiu. E foi além, pediu para baixar o volume da música para ouvi-lo melhor. Pronto era só o que faltava, um figura que ele nunca falou na vida (apesar de que já se conhecerem de vista no coletivo) pedindo para ele deixar de ouvir música para discutir briga de trânsito.

De todos os passageiros do coletivo, o colega do banco do lado era o mais empolgado com a ‘batalha dos motocas’, como ele mesmo chamou a briga. A única coisa engraçada nisso foi que ele dizia coisas do tipo: - se fosse comigo, na hora que o cara fez isso. Eu fazia aquilo e dava um arm-lock (falou o Mr. Graice). Ele seguia com suas teorias e destilava todo seu conhecimento de jiu-jitsu, karatê, capoeira e judô. Quando o sujeito falou em judô, Silvio não se agüenta e começa a rir. Isso deixou sujeito um pouco irritado.

Com cara de poucos amigos, perguntou o que Silvio achava de tão engraçado no judô. Que ainda rindo disse que achava estranho alguém que tinha se amarrado tanto com a violência dos motoqueiros, e que se estivesse no lugar de um dos brigões daria um “arm-lock”, enfim uma cara que acha graça em uma briga, e quanto mais violenta melhor, viesse me falar de judô. Afinal judô só conhecia dois tipos de pessoas que praticam*: crianças nas escolas e atletas olímpicos (tipo a Edinanci). Sem falar que judô é algo que prega disciplina e respeito.

O camarada ficou puto, achou que Silvio estava debochando dele. E debochava mesmo, então Silvio disse a ele: Já lhe ocorreu que em momento algum eu quis falar sobre aquela briga estúpida?

Fim


*Tudo bem podem existir adultos que pratiquem judô, mas eu não conheço nenhum.

Um comentário:

renan disse...

Só pra registrar que também tô brincando. Pra conhecer, é só clicar no [renan] aí em cima.

Abraços!