Preciso parar de escrever tanto, todos os dias. Dizem que a mente é infinita, mas sinto que ela não pode se expandir mais do que a caixa craniana. O que eu vou escrever quando for contratado por uma revista de circulação nacional? Do jeito que andam as coisas, quando eu for para a The New Yorker só o que terei para fazer é traduzir meus próprios textos para a língua do Tio Sam.
Já vi muitos filmes em que a moral da história é "não deixe o sucesso subir à sua cabeça". Normalmente eles mostram a história de atletas ou artistas que perderam tudo o que conquistaram por mudarem a personalidade depois de virarem conhecidos. Ora, quem mudaria seu jeito de ser só por uns milhõezinhos a mais na conta bancária?
Quando acontecer comig... não, não posso garantir como vou agir. Sou muito suscetível a palavra "fama". Acho que só namorarei modelos-e-atriz, baterei em paparazzis e desconhecerei minhas origens. Meus atuais amigos, esqueçam: vocês não serão convidados aos bailes promovidos em minha homenagem no Copacabana Palace. Aproveitem para sair em fotos comigo agora, pois no futuro ignorarei os anônimos.
O conceito de sucesso é muito estranho. Ser conhecido não lhe garante a fama. Ou garante, mas de forma muito efêmera. Somente os transgressores são eternamente lembrados. Ou alguém aqui recorda de Paulo Sérgio, cantor da música "Última Canção"? Ele vendeu 60 mil discos numa época em que vender 30 ou 40 já era MUITA coisa. O ano dele foi 1968, no auge da Jovem Guarda, e alguns dirão "mas faz muito tempo!" Eu retruco: quem aqui NÃO conhece Roberto Carlos?
Aí que tá a diferença. Roberto Carlos INVENTOU a Jovem Guarda. Ok, inventar é um exagero, mas ele é um verdadeiro símbolo da Jovem Guarda. E por méritos, afinal era o líder do movimento que tomou conta do Brasil na década de 60. E um músico muito bom, diga-se de passagem. Como ele, posso citar Charles Darwin, Margareth Thatcher e Andy Warhol. Cada um revolucionou alguma coisa na sua área.
Kelly Key, P. O. Box e Tchakabum, cantores ou bandas de MUITO sucesso em seu tempo, mas quem fala deles agora? Eles não mudaram nada e nem foram geniais. Em 10 ou 15 anos nem terão mais seu verbete na Wikipedia. Nem como "famosa banda do começo dos anos 2000". Assim como Fábio Júnior, aquele "brilhante" jogador do Cruzeiro, também do começo dos anos 2000. Mas se for falar de jogadores de futebol, o assunto não terminará nunca.
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