quarta-feira, 16 de abril de 2008

Beijo roubado

Beijo é que nem celular: cada um tem o seu e tanto faz se é um iPhone ou um Pronto T, desde que cada dono se contente com o que tem. Eu, por exemplo, não preciso de um telefone que entre no MSN, rode Prince of Persia 3D e emita raios-laser nos inimigos da rua de baixo. Para mim, basta que ele faça e receba ligações, mande e receba mensagens de texto e tenha agenda de contatos e compromissos. Só. Mais do que isso, é supérfluo.

Há beijos que se "encaixam". É clichê dizer isso, mas é verdade. Há beijos que se "encaixam". E não pense que eles são iguais. Não são. Se fossem, ia ser uma tal de bateção de dentes, fortes mordidas despropositadas nos lábios e cãibras nas línguas que vou te contar. Os beijos que se "encaixam", na verdade, são totalmente opostos: enquanto uma língua vai, a outra volta; enquanto um mordisca, o outro simplesmente se deixa mordiscar. São uma espécie de contrato não-assinado e não-verbal, onde cada um sabe o que fazer sem que o outro precise falar. Como uma dança.

Aí o garotinho chega e fala "você é uma menina chata, feia, boba e burra, e eu nunca vou gostar de você". E a menina responde "você que é chato, e eu é que nunca vou gostar de você – você nem sabe jogar futebol". Ele pensa em socar-lhe a cara, mas a olha e acha-a tão linda... Então os dois se beijam, desajeitados, sem saber muito por quê e muito menos o que fazer. É assim no primeiro beijo, e continuará assim até o fim da vida. Só variarão (existe isso?) as mentiras que os homens contam.

O beijo, quando desejado, é uma das coisas mais sinceras que existe. Não falo daquele beijo de piazão em balada, que só serve como estatística. Sincero é aquele beijo que normalmente demora para rolar; que você passa noites em claro imaginando como acontecerá, criando fórmulas e imaginando diálogos. Beijo de verdade, com os lábios e, principalmente, o coração.

Sabe que estou escrevendo isso para você. Sim, você mesma. Como diriam alguns pitboys que conheci, "eu te quero e vou te ter". Não há escapatória. E será em breve: no máximo, no máximo em dois anos. Quem viver verá. É assim o amor, fazer o que. Desde que me convenceram que ele existe, descobri que esta sempre foi minha insistente e misteriosa doença. Menos mal.

Um comentário:

Guylherme Custódio disse...

Qui bunitinho!
Quem diria hein!?
O Sr. Dimas que antes escrevia "O amor não existe, o amor não existe, o amor não existe. Sim, estou debochando da sua cara, como uma criança que provoca o rival da rua de baixo. O amor não existe, o amor não existe. Mas, calma! Como diria Murphy numa de suas tantas leis, "nem tudo está tão ruim que não possa piorar": assim como não existe amor, não existe Deus."

Agora escreve:
"É assim o amor, fazer o que. Desde que me convenceram que ele existe, descobri que esta sempre foi minha insistente e misteriosa doença."

Eu sei.
É um personagem neh!?
aoiuehauheiouahieuhaiueihau