terça-feira, 8 de abril de 2008

Seqüestro na Rua do Limoeiro

Posso dizer com convicção que meu primeiro professor de português foi Maurício de Souza e que aprendi a ler "elado". As minhas primeiras palavras e frases formadas sem a ajuda da "tia" foram nos gibis do Cebolinha, Mônica, Cascão e sua turma. Até minha letra, quando ainda era feia que dói, foi melhorada por eles; mamãe me mandava copiar todos as falas dos balões dos gibis no caderno de caligrafia. Tive assinatura das revistinhas da "Turma" por cerca de cinco anos, e tenho certeza de que foi a melhor época deles: quando leio, hoje em dia, um almanaque do Chico Bento, só tem histórias que já conheço, que foram publicadas na minha época. E uma coisa posso afirmar sem pesquisa de campo: não estou sozinho nessa.

Numa conversa de bar, basta alguém citar Xaveco ou Zé Luiz para começar a sessão nostalgia. Um lembra de uma história em especial, outro daquela revistinha antológica. Há também aquele que é fã do Doutor Olimpo e o que ainda tem sua assinatura (mas diz que deu para o irmão mais novo). Invariavelmente, todos os da minha idade, que gostam verdadeiramente de ler, começaram com a Turma da Mônica. E, bem, admito que até hoje não posso ver uma capa da Magali que corro para ler. Posso estar atrasado para qualquer compromisso sério, coisa de adulto, mas perco cinco minutos folheando aquelas benditas páginas coloridas. Leio as histórias antigas e rio como se fosse a primeira vez, igual criança. Acreditem: tem muita piada lá que foi feita para somente um adulto entender.

E não é que seqüestraram o filho e a ex-mulher do meu professor Maurício de Souza? Já os libertaram, graças ao Deus (esse é o apelido do tenente da polícia que comandou a operação de resgate), mas serviu para assustar mais ainda a população. Será que são só os jogos modernos e realistas, cheios de tiros e sangue por toda a tela, que geram violência na sociedade? Ora, afinal de contas ninguém seqüestraria a família do Maurício de Souza por dinheiro. Duvido que ser cartunista no Brasil dê dinheiro. Nada que gere cultura e educação, no Brasil, tem apelo mercadológico.

Quem conhece a História (com "h" maiúsculo) da Turma da Mônica sabe que os personagens dos quadrinhos são inspirados em pessoas próximas ao Maurício. A Mônica, a Magali e a Marina, por exemplo, são algumas das filhas dele. O Marcelo, o filho seqüestrado, também deve ser, só que com outro nome. Tem que investigar se na revista personagem dele (ou ele, como queiram) não fez mal para o Humberto, o Rolo ou o Do Contra; um fã alucinado pode ter sido tentado a se vingar. Proponho às autoridades que se investigue bem quem são os mandantes desse crime: se eles tiverem menos de 20 anos, o motivo foi alguma ação do personagem na revista, pode apostar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu tenho uma sacola cheia de gibis, se quiser podemos trocar! =D

Guylherme Custódio disse...

Comentário 1- A Mônica é embaixadora do Unicef sabia?
Comentário 2- Acho que a sua letra era melhor do que a tua letra de viadinho que você tem agora!!!