quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Alexandre em crise: Promessa

Já vi muita gente fazendo promessa, também já vi muita gente pagando e quebrando promessa. Fico pensando o que leva alguém a se privar de alguma coisa que gosta, para obter outra coisa que gosta. E o mais estranho é que muitas dessas promessas são feitas para o além ou o sobrenatural. Não conta aquelas que a criançada faz para os pais, de que se ganharem um joguinho novo, comerão salada e estudarão mais. Falo daquelas promessas mais elaboradas, aquelas que de gente grande.

A pouco tempo a onda lá no meu trabalho, pelo menos entre as mulheres, era comer o tal bolo de Santo Antônio. Por quê? Explico, Santo Antônio é o santo casamenteiro. Diz a lenda que a moçoila que está a procura de um bem querer, deve comer um pedaço do tal bolo e encontrar nele uma imagem do santo. Ai é meio caminho andado rumo ao altar, a outra metade do caminho é um misto de seqüestro e promessa. A senhorita a procura da batida perfeita, deve colocar a imagem do santinho de ponta cabeça em algum lugar (algumas mais afobadas colocam o famigerado santinho de cabeça para baixo num copo d’água) e só soltar quando a solteira desencalhar. Eu hein!

Tem um sujeito lá do trabalho, que sempre que joga na loteria num ato de nobreza e altruísmo, diz que se ganhar vai doar metade para uma instituição de caridade. Ou caso o prêmio estiver acumulado, promete uma grana para seus colegas de trabalho (ai é bonito). Suspeito que esse cara já tentou convencer a sorte, de que ele é um cara bom e que vai usar a grana da loteria para o bem da humanidade. Talvez isso de certo, talvez não. Fato é que se ele conseguir, convencer a sorte de alguma forma, terá descoberto a fórmula do sucesso total.

As promessas surgem quando não tem mais saída. Quando se está na beira do abismo, sem pai nem mãe. É o último recurso, a última ficha, o último suspiro... Imagine uma final de campeonato na disputa de pênaltis. Se existisse um 0800 para receber as promessas dos torcedores nesse momento, as linhas ficariam congestionadas rapidamente. E as promessas devem aumentar conforme os pênaltis fossem batidos. No final, enquanto muita gente comemora com a graça alcançada, a outra galera que fez suas promessas em vão, fica com aquele sentimento de que ofereceu pouco. Como se fosse um leilão, onde o sacrifício e a privação são moeda corrente.

Nunca fui muito de promessa, mas com a atual conjuntura dos acontecimentos, prometi que só vou tomar uma birita quando o Flamengo e vergonha na cara e ganhar um jogo.

Fim

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