sexta-feira, 28 de maio de 2010

Alienação paz-e-amor

Acho que nunca fiquei tanto tempo sem ler jornal. Nem na internet tenho acompanhado os highlights da vida cotidiana. Para quem já teve época em que lia três ou quatro jornais diferentes por dia – por obrigação meramente profissional, é verdade, mas mesmo assim... – não estar lendo nenhum é um grande retrocesso. E quer saber? Não sinto falta alguma.

Claro que numa mesa de bar, quando me perguntam o que achei da última do presidente ou sobre o aumento do seguro-desemprego na Tanzânia, não saber absolutamente nada sobre nada é vergonhoso. Mais: denigre a imagem que tinha, sobretudo com os amigos antigos, de ser sempre o mais atualizado. São escolhas da vida, e sobre escolhas e renúncias todo mundo já sabe bem (viva os chavões).

Jornal é uma coisa chata. Qualquer pessoa que já tenha lido um sabe disso. São as mesmas reportagens todos os dias, só mudam os nomes, números e uma ou outra curiosidade. Além disso, para achar notícia boa naquele calhamaço de folhas diário o leitor precisa ser um verdadeiro garimpeiro. Encontrar notícia alegre em jornal é como achar caixa-preta de avião francês em mar de desgraça brasileira.

Minha fonte de informação ultimamente tem sido os difamados e famosos blogs de humor, com sua total imparcialidade e falta de seriedade. Ou seja, só estou a par daquilo que pode ser gozado (no bom sentido, ou no mal, ou... sei lá!). Se tem piada, eu sei; se não tem, desconheço e desprezo.

A parte boa disso é que me preocupo menos com o futuro da nação. Não que isso seja uma boa forma de levar a vida, mas infelizmente é socialmente aceitável. Quando de nada se sabe, sobre nada é preciso opinar – e mais facilmente num mundinho cor-de-rosa. Acho que é por isso que tanta gente escolheu este way of life.

Não estou orgulhoso desse comportamento. Socialmente aceitável para mim é sinônimo de alienação, e alienação é desprezível. Entendo esta fase, porém, como uma temporada de férias, um afastamento momentâneo das mazelas do mundo. Coisa passageira, por certo. Não sendo, pior para mim, melhor para o mundo.

Enquanto isso aproveitem um Maycão paz-e-amor – porque quem não sabe o que está acontecendo não tem com o que se preocupar.

Um comentário:

Guylherme Custódio disse...

Bem, assim sendo tenho que te informar uma coisa triste. O Adriano saiu do Flamengo!