O sucesso de uma empreitada é proporcional à quantidade de atenção a ela dedicada. Esta velha máxima vale para tudo na vida, das relações interpessoais aos planos de carreira, da reforma do apartamento ao planejamento de uma viagem. No futebol não seria diferente.
O sucesso em um campeonato é proporcional à dedicação dos jogadores a cada partida. Um time que se dedica todo jogo chegará ao final do certame campeoníssimo, coisa que fez o São Paulo no tri 06/07/08. Um time que se dedica somente durante meio campeonato depende da não-dedicação de todas as outras equipes para sair vencedor, coisa que fez o Flamengo no ano passado.
Coisa que o Flamengo vez fazendo, aliás, há mais de dez anos.
Eu, do alto das minhas duas décadas de vida, nunca vi o Flamengo ser campeão de alguma coisa com relativa antecedência. O time sempre deixa para o final, valendo-se do lema “deixou chegar, fo**u”. Eu me pergunto: precisa ser assim? Precisa levar as emoções da Magnética sempre ao limite? A resposta é não. Um grande e sonoro não.
O Flamengo tem time para vencer qualquer time do mundo. Dirão os mais exaltados que estou exagerando, mas qualquer análise um pouco menos fanática chegaria na mesma conclusão. O goleiro é falastrão, mas pega bolas impossíveis (quando quer). A zaga já foi considerada impenetrável há menos de um ano, e o garoto David é capaz de anular qualquer atacante que está por aí (quando quer, vide jogo do último fim de semana). Maldonado e Kléberson são jogadores de seleção, que arrebentam quando querem. Willians foi o maior roubador de bola do último Brasileirão; já provou que pode ser um excelente jogador (quando quer). Os laterais têm em seu portfólio partidas excepcionais, mesmo que sejam apenas esporádicas (ou seja, quando eles querem). Adriano já resolveu jogos até para a seleção brasileira, e Vágner Love pode ser um monstro (quando quer).
Reparou no que sempre se repete quando se fala destes jogadores? Sim, quando eles querem eles podem ser fenomenais.
Por que, então, tanta preguiça? Por que deixar sempre tudo para a última hora, para a cobrança de falta do Pet aos 43 do segundo tempo? Seria excesso de soberba, um sentimento mesquinho de que podem ganhar a qualquer hora? Um sentimento – idiota, aliás – de que basta os caras combinarem uma jogada ali no meio-campo, na hora, que o gol sairá? Seja o que for, não consigo entender.
Perder para o campeão chileno em casa numa Libertadores não é vergonhoso. Perder jogando bisonhamente para qualquer time do mundo é vergonhoso. O Flamengo ontem foi tosco, foi pequeno, medroso. Fosse um XV de Jaú no lugar do Universidad de Chile e o resultado seria igual. Não houve combate nem pegada. Não houve sequer violência, demonstrando irritação por estar perdendo de forma tão estúpida. Seria entendível se fosse um amistoso de pré-temporada, não um jogo de quartas-de-final de Copa Libertadores da América.
Confesso que nunca vi um time entrar em campo com quatro volantes, sobretudo jogando num Maracanã lotado. E se tivesse visto, garanto com certeza que este time não estaria perdendo de 2 a 0 com menos de meia hora de partida. Foi ridículo, vergonhoso e irritante. Sorte que tem a partida de volta e flamenguista é bicho ruim: não abandona o time nunca.
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