quarta-feira, 14 de março de 2007

Capítulo 2

Para variar eu e Clarissa entramos numa discussão para decidir o nosso próximo destino. Iowa ou Wisconsin era as opções, mas clara que como de praxe acabamos indo para o México. Acabamos parando em Monterrey, um lugarzinho tranqüilo e ao mesmo tempo perigoso. Dependendo quem estivesse descrevendo o lugar. Clarissa dizia que era tranqüilo, claro com todos aqueles assobios (ou assobios isso me irrita tanto), enquanto eu não mandaria nem a mãe de Clarisse pára lá por pena da sogra. Toda vez que lembro dela (a sogra) começo a coçar atrás da orelha, aquela mulher me dá arrepios.
Mas assim que chegamos em Monterrey, fomos em busca de um lugar para ficar. Tínhamos ainda 340 dólares, pois o chicano da caminhonete nos cobrou trinta pratas de cada um, como agradecimento pela carona. Nos hospedamos em um cortiço como aquele do seriado do Chaves (Chavo del ocho por essas bandas). Uma kitinete de uns dez metros quadrados, e com paredes finas. Graças a isso toda vez que o visinho recebia a visita de sua afilhada, é o que ele dizia pelo menos, eu não conseguia dormir. E quando não dormia pelo menos seis horas, eu tinha um... Como posso dizer, eu tinha... Uma necessidade intensa em ficar piscando durante o dia todo. Isso irritava muito Clarisse.
Minhas crises de “piscadelas” duravam horas, mas para alegria de Chancho (o visinho) a afilhada veio passar as férias em Monterrey. E graças aquelas duas semanas, a minha crise de piscadelas fazem parte da minha vida. Mas coisas boas aconteceram em Monterrey também. Consegui um trabalho como professor de inglês para os coiotes. Eles acreditavam que teriam mais chances de conseguir trabalho na América falando o idioma deles. Não que tenha sido um sucesso total, mas ao final da nossa estada em Monterrey conseguimos algum dinheiro. O problema é que a vida não era de graça e parte dessa grana foi para nos mantermos em Monterrey.
O México é um lugar bacana, as pessoas são carinhosas. Alguns me chamavam de Gio, outros de Guio, quase nunca pelo meu nome verdadeiro Guiomar, Giomar Beltrame. Mas a história do meu nome fica para outra hora. Porque agora tenho que pensar em um lugar bem longe daqui para viver com minha amada Clarisse. Acabamos de encontrar um caminhoneiro, Ozório, que vai para o sul do México, ele se dispôs a nos dar uma carona até lá. Clarisse ficou um pouco preocupada com o tipão do Ozório e pediu para que eu tentasse não dormir durante a viagem. Fiz o que ela me pediu e fora à volta crise de piscadelas ainda ganhei um cacoete novo. O de levantar como e estivesse levando um susto a cada princípio de cochilo.Entre cochilos, sustos, noites em hotéis de menos duas estrelas chegamos em Acapulco. Pelo menos a praia é boa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Alexandre, pare de escrever textos tão longos...dá uma preguiça de ler...Beijos...