segunda-feira, 19 de março de 2007

Série NR - O Conto do Vigário

Vigário era novo ali na vira. Surgira não se sabe de onde nem por que motivo. O fato é que em menos de um mês já era conhecido e querido por todos. Andava pela feira de sábado, entre as velhinhas, com a mesma desenvoltura que no bar do Johnson, todas as sextas-feiras. Durante a tarde, ainda, dava umas aulas de futebol para a criançada do bairro, de graça.
Estava sempre com sua bicicleta e uma mochila velha e surrada. A bicicleta às vezes ficava em casa, mas a mochila era inseparável. Jamais fora visto sem ela pendurada nas costas. Fosse na igreja, na mercearia ou na praça, Vigário não tirava aquele trapo das costas. Nos primeiros seis meses, ninguém ligou para essa característica. Mas eis que um dia o Tibúrcio, o padeiro portuga, perguntou por que motivo ele carregava aquilo o tempo todo.
Depois disso a vila virou um pardieiro. Vigário pichou muros, ruas, quebrou vidraças, assaltou velhinhas, molestou crianças, chutou cachorros, mijou nos carros. Enfim, tocou o puteiro! O bairro todo virou num grande caos. De repente Vigário sumiu, não se sabe para onde nem por que motivo.

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