Falava-se que aquele casamento já não andava bem das pernas. "Estão na crise dos sete anos", diziam, e era sabido de toda a rua que ambos tinham seus respectivos amantes. Só que os dois juravam de pés juntos que ainda se amavam.
Para provar, todos os domingos saiam de mãos dadas pelos parques da cidade, comendo da mesma pipoca e desenhando coraçõezinhos nas árvores, bancos e postes. "Marinho e Dirce, para sempre", escreviam.
Certo dia, durante uma janta, resolveram conversar:
- Porque me traes? – disparou Dirce.
- Ora... Já faz tanto tempo! Você sempre soube, tua mãe sempre soube, seu irmão sempre soube. Porque vens me perguntar isso logo agora? Além do que você também me trai. – Respondeu Mário.
- Eu sei! Mas eu ainda estou com o Fábio da Jurema. Já você largou da minha prima para se atracar com aquela vaca da marcinha.
- Opa, opa! Olha lá como você fala da Marcinha. Ela é muito boa para mim. Deixe-a fora disso.
- Falo como eu quiser! Você só podia ficar com a Luana. Pensei que tínhamos um acordo.
- Acordo o catzo! E eu sempre odiei aquele Fábio. Só deixei porque achei que voltavas sempre feliz da casa dele.
- Já chega Marinho. Vamos parar por aqui.
E a noite, de fato, acabou ali, bem em cima da mesa, entre uma panela de lentilha e um prato de angu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário