segunda-feira, 2 de outubro de 2006

O Velho e a Flor

Seu Rui é um velhinho daqueles bem velhinhos mesmo. Diz que está no auge dos seus 83 anos de experiência, mas não tem certeza. Tem histórias para completar uns três livros de capa dura e daquelas edições de colecionador. Ele conta os causos mais interessantes e absurdos. Alguns deles, com certeza, inventados.

Outro dia estávamos eu e ele conversando na varanda. Papo vai, papo vem... Aquele chimarrão pra esquentar o céu da boca... Eis que surge aquele assunto que aflige a raça masculina: Garotas (ou Brotos, como diria Rui). Confesso que me achava até certo ponto entendido do assunto, mas a sabedoria do velho foi encantadora. Percebendo meu estado de lassidão, o velho mandou ensinamentos que agora tento, espero que não seja em vão, repassar. Eu sei que é bem mais complexo do que isso, mas ele fez um belo resumo.

“A paixão é antagônica das loucuras humanas. Não acontece à primeira vista. É o simples fato de duas pessoas se olharem do jeito certo, na hora certa e no lugar certo. No começo se manifesta sempre igual. A euforia, o desejo e, se correspondido, mesmo que de forma vil, a alegria exacerbada. O dualismo surge na segunda etapa.

A segunda etapa é quando vocês não estão mais juntos. Você pensa nela o tempo todo. Quer vê-la o tempo todo (pior: vocês se vêem o tempo todo) e não sabe o que fazer quando estão juntos. Quer beijá-la a qualquer custo, só que tem medo que a reação bote tudo a perder. Ficar sem ela não dá. Você odeia o fato de não estarem juntos, mas sorri secretamente quando a vê feliz. Querer, nesse caso, não é poder.”

Sábio Rui.

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