Não falei de futebol essa semana ainda, né? Pois é, o problema é que não tem nem o que falar. O jogo que assisti no domingo foi Grêmio e Flamengo, cujo placar foi um humilhante zero a zero.
Um zero a zero é vergonhoso para os jogadores dos dois times, para suas respectivas comissões técnicas e – por que não? – até para a estrutura física dos clubes, incluídas, aí, suas sedes sociais e campestres. O zero a zero é um resultado imoral para a entidade Futebol e humilhante para quem paga ingresso mor de ir ao estádio e não pode tomar nem uma cervejinha. Noventa minutos de bola rolando, onze jogadores de cada lado, dois gols de 7,3m por 2,4m (quase 18m² de buraco para pôr a bola!) e ninguém consegue marcar? Zero a zero é um resultado para todos saírem do estádio de cabeça baixa, com vergonha de si próprio e pena do Blatter.
No Globo Esporte de ontem o apresentador fez a chamada da reportagem sobre a partida com a pergunta "zero a zero no placar é sinônimo de jogo chato? Nem sempre". Coitadinho do Tino Marcos. Ele disse que o Grêmio e Flamengo não foi um jogo maçante porque as duas equipes buscaram o gol, fizeram uma partida movimentadíssima e o escambau, e que se não fosse nosso goleiro Bruno (que ninguém mais duvida que seja o melhor do Brasil) o Grêmio tinha massacrado por pelo menos três a zero. Não duvido, mas juro que acharia melhor perder de três do que assistir a uma partida sem gols. Perder de três pelo menos dá repercussão.
Antes do jogo começar, meu camarada Gaúcho (todo gaúcho que vive fora do Rio Grande do Sul tem o apelido de Gaúcho) me ligou para fazer aquela saudável provocação entre torcedores. Ele disse "bah, guri, hoje tu vai ver quem é que manda aqui. Da última vez que eu fui no Olímpico – não sei se tu te lembras – o Grêmio botou três a zero no Flamenguinho. Foi trilegal". Devolvi-o alguma outra constatação histórica favorável ao Mengão e então combinamos de nos falar ao fim da partida. Com um zero a zero no placar você acha que tivemos coragem de nos ligar? Ao apito do juiz, o Gaúcho deve ter ficado como eu, encostado num canto qualquer da casa, olhando para o infinito, resignado, com a aquele sorriso meio amarelo de quem está extremamente envergonhado por alguma coisa que aconteceu.
Após alguma horas, talvez curado de toda a timidez pós-zero-a-zero, ele me deixou um recado no Orkut (note que ainda assim não teve coragem de falar pelo telefone): "Só digo uma coisa... Que goleiro filho da p*** esse teu".
Um comentário:
É vero parceiro Dimas, a vitória passou perto, principalmente do meu time. Mas o que mais inquietante para mim e para ti, acredito que na mesma proporção, é tocar a primeira nota da flauta. O instrumento ficou parado sem que ninguém pudesse tocar. Mas o violão e gaita de boca estarão sempre prontos pra saldar o rock gaúcho...abraço
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