quinta-feira, 8 de maio de 2008

Caráter

Entende-se por mau caráter o sujeito que se aproveita da bondade alheia para se dar bem. Mas aquele que atropela a passionalidade e a boa vontade dos outros e se dá MAL? Chamo isso de falta de caráter (e considero muito pior do que mau-caratismo).

A pessoa sem caráter não consegue se impor, nem para o lado do bem e muito menos para o lado do mau. É completamente dominada por qualquer um que apresente um pouco mais de gana, um tiquinho só de vontade a mais de vencer e se dar bem. Durante um tornado, a pessoa sem caráter é a primeira a sair rodopiando pelos ares, junto com a vaca, a casa de madeira – que surpreendentemente voa inteira, sem quebrar – e o sedã vermelho.

Porém a falta de caráter, ao contrário do mau-caratismo, é mais um estado de espírito do que uma característica própria do indivíduo. Explico: não se é sem caráter o tempo todo. Perde-se o caráter de forma temporária, como se perde a alegria em épocas de depressão. O sujeito pode ser bom caráter o tempo todo, mas num dia, sabe-se lá por quê, o perde completamente e fica à mercê das vontades e insinuações alheias. Perde-se o caráter, por exemplo, durante um porre homérico (senão Ronaldo, bom caráter que é, nunca teria buscado os serviços de um travesti).

Falando no Fenômeno, ontem o time do Flamengo se mostrou totalmente sem caráter – além de apático, imprudente, fraco, submisso, prepotente e diminuto, claro. Os jogadores em campo pareciam ainda sofrer da ressaca do título de domingo. Trataram o América como time vencido, que veio ao Brasil apenas conhecer o Cristo e a Lagoa Rodrigo de Freitas. Fizeram uma partida apenas para cumprir tabela, deixando o gorduchito jogar e perdendo gols como não se faz nem em dia de rachão. Gente, isso é futebol! Não é à toa que a velha máxima do futebol "o futebol é uma caixinha de surpresas" é chamada de velha máxima do futebol. É um jogo onde tudo pode acontecer. Tudo! E – quem diria? – o inesperado aconteceu.

Três a zero é um resultado que humilha o adversário e deixa seus torcedores sem sequer lembrar o rumo de casa. Incontestável, diria eu. Mas para o Flamengo não deve existir o incontestável. É o Flamengo que deveria criar exceções para as velhas máximas do futebol. Aliás, para o Flamengo as velhas máximas do futebol não deveriam nem existir. O Flamengo é muito maior do que isso, é uma instituição nacional, muito mais que uma religião. Nossos atuais jogadores deveriam sentar na escolinha da Gávea e estudar a história do Mengão, para aí então incorporar o espírito guerreiro e lutador de outrora. Não estou dizendo que ele sejam bundões e o escambau, basta olhar não muito atrás e ver que o título do carioca foi conquistado com muita força e disposição, mas a entrega durante a Copa Libertadores deve ser muito maior. O brio precisa ser muito mais exacerbado. Uma coisa é ganhar do Botafogo, outra coisa, completamente diferente em termos de modo e repercussão, é ganhar do Boca.

Ontem fui dormir definitivamente cabisbaixo, se é que isso é possível. Deitei-me como um ser que foi escorraçado do paraíso sem qualquer chance de se defender. Foi como se Deus chegasse até mim e dissesse "volte para o limbo, pecador, onde é o seu lugar". Logo agora que eu já estava acostumando com o meu cantinho no céu dos vencedores. E tenho certeza: todo flamenguista sentiu o mesmo. Estávamos todos lá, toda a nação flamenga ali representada pelos 50 mil guerreiros que não pararam um minuto sequer de cantar, pular e incentivar. Nossa torcida, como sempre, deu show. Cantou do começo ao fim, mesmo quando o time perdia por 3 a 0 e tinha um marrentinho a menos em capo. Só que desta vez, infelizmente, saiu do Maracanã humilhada. Pois é: humilhada, mas jamais rendida.

Não é o fim do mundo, claro. O Brasileirão está aí e certamente temos um time pronto e capaz de figurar nas cabeças da tabela. Mas a Libertadores era a nossa rendição, a confirmação de que finalmente temos um time ótimo depois de quase vinte anos. Agora – fazer o que... – é levantar a cabeça e recuperar nosso bom-caratismo. Vamos limpar a poeira, dar novamente a volta por cima e ser campeões. Mostrar para todos aqueles (poucos) que não torcem para a entidade máxima do futebol que para ser hexa não basta ter dinheiro e torcedores maquilados. É preciso ter magia – a magia que só Flamengo e sua torcida têm.

Um comentário:

Anônimo disse...

Buenas...Se não eu, o mais preparado para comentar sobre isso, não a falta de carater, pois espero não é isso q me falte, mas sim o 3 a 0..!!! Porra é horrivel, acredito q todos q gostam de futebol se lembram do ano passado, no final da libertadores, o meu GRÊMIOOOO perdeu do Boca, ou melhor do RIQUELME. pOIS DOS 3 a 0 em Buenos Aires e Porto Alegre o filho da puta fez 4, passado é passado amigo DYMAS, pois no próximo final de semana se enfrentaremos....e me lembro do último jogo q fui em Porto quando morava lá...GRÊMIO 3 e FLAMENGO 0...não vou contar vitória apenas uma lembrança..abraço