terça-feira, 29 de julho de 2008

Quanto mais idiota melhor

A televisão me deixou burro – muito burro – demais. Taí um refrão que pela primeira posso usar como uma verdade absoluta. A televisão está me deixando cada vez mais burro, e se continuar nessa toada não vai tardar para que ela me anule completamente.

Não sou de assistir televisão – não mesmo. Ou melhor: nunca fui de assistir televisão como agora. Começou com outro vício, os filmes, e foi se espalhando pela programação inteira. Tudo culpa destas férias extremamente ociosas. No intervalo entre uma película e outra eu zapeava os canais furiosamente em busca de um programa razoável de esportes (outro vício). No meio do caminho, via um pedaço de um enlatado qualquer ou um "documentário" sobre a vida das estrelas e ficava. E assim, paulatinamente, ia esfacelando toda carga pseudo-intelectual que tinha sido capaz de reter em todos esses anos de estudos e reflexões.

É para isso que serve a TV, principalmente a TV a cabo. Te oferece um monte de porcarias e apenas um ou outro programa bom (normalmente um filme). Só que os programas bestas são muito mais fáceis de assistir; até porque não exigem qualquer reflexão e quando você se dá conta já os assistiu até o final – e ainda deu umas boas e ignorantes risadas. Como diz o Pensador (Gabriel, não Platão), "a programação só existe para manter você na frente/na frente da TV, que é para te entreter/que é para você não ver que o programado é você". Ou você aceita ser um saco de pancadas ou vai para o saco. You will go to the cock, bitch!

Juro que me achava imune a esse vício lazarento. Logo eu, com tanta coisa boa guardada na mente – algumas coisas ruins e sujas também, admito, mas todas extremamente úteis para se manter uma vida social minimamente aceitável. Ontem vi um programa no canal E! Entertainment e percebi que havia chegado ao fundo do poço. Era um narrador do tipo gordinho-de-camisa-nova contando e comentando a vida dos atores de Hollywood – e quando eu digo a vida é a vida mesmo: Angelina Jolie foi ao mercado e comprou dois potes de Nutella, um saco de pão e um conjunto de pilhas alcalinas; Robert de Niro esteve na loja da Nike em busca de um sapato novo para jogar golfe, mas não achou; Renée Zellweger almoçou com a irmã e depois acompanhou-a numa ida ao parque de diversões; e outras excentricidades do gênero.

Alguém compreende o que eu quero dizer? Isso é um vício que se tornou incontrolável. Já nem filmes eu assisto mais porque eles têm legendas que não consigo acompanhar. Agora entendo porque os filmes que passam na Globo às 4h30 são tão dublados quanto aqueles que passam as 16h30. O telespectador não quer perder tempo lendo frases amarelas que passam como flechas no rodapé de uma tela de TV. Quanto mais idiota, melhor. Por isso que aqueles programas com Leão Lobo, Sônia Abrão e congêneres fazem tanto sucesso. São apenas mais um besteirol americano.

Eu tive sorte de identificar e aceitar o meu vício ainda no começo. O meu caso ainda tem cura, sem apelar para grandes intervenções. Usando uma analogia condizente, eu estava só na maconha e eventualmente um haxixe; logo na primeiro tragada em um cachimbo de crack (E! Entertainment) já tomei consciência da minha situação. Sou um favorecido. Tenho pena é daqueles que já partiram para drogas mais pesadas, como as sintéticas anteriormente citadas Leão Lobo e Sônia Abrão, além da maldita Novela (barata, de fácil acesso e extremamente viciante, como a nicotina). Esses carecem de uma internação urgentemente.

Uma pena não haver alguma clínica gigante o suficiente para abrigar mais da metade da população brasileira (se não a grandiosíssima maioria, vai saber).

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Minhas férias: revolta às aulas

Faltam apenas algumas horas para que minhas aulas recomecem e só tenho uma coisa a dizer: ainda que a contragosto, volto a estudar com o sentimento de dever cumprido. Se férias existe para esquecer os problemas, deixar de lado as preocupações e não fazer nada que envolva a faculdade, eu fui mais do que bem sucedido. Garanto que se existisse uma olimpíada de preguiça esta medalha com certeza já estaria no papo.

Nestas minhas míseras e rápidas duas semanas de férias não viajei e nem fiz nada de extravagante. Meu dia se resumia a esperar o relógio marcar 19h e pensar aliviado que "a esta hora eu deveria estar na sala ouvindo um professor mala tentando me ensinar alguma coisa", e então sair para jogar videogame. Eu era o mais puro retrato do ócio improdutivo. O que pudesse fazer para não fazer nada, fazia.

Li uma infinidade de livros durante minhas férias. Três, para ser mais exato. Em duas semanas, três livros é coisa para velocista. Se eu conseguisse manter esse ritmo em épocas escolares, seria a única pessoa do mundo  a conseguir ler todos os livros que os professores indicam. Claro que é uma coisa humanamente impossível, e pela primeira vez numa volta às aulas não irei prometer fazê-la. Também não prometo estudar e nem passar de ano no terceiro bimestre, diga-se de passagem. Vou ser realista ao menos uma vez.

Mas se posso recomeçar o ano com uma certeza, esta é a de que meu segundo semestre vai ser sinistro. As preocupações estão ainda maiores e nada do que eu tinha programado fazer nas férias para adiantar o serviço deu certo. Muito disso se deve ao fato de minhas opções de entretenimentos estarem sempre ali, à mão, só esperando um apertar de botão para serem usadas. É videogame, rádio, internet, microondas... Definitivamente esses aparelhos eletrônicos são um atraso no desenvolvimento humano.

Enfim, de qualquer forma estou descansado de corpo e alma. Pronto para outra, diria Pereira, meu ex-vizinho otimista. Minha cabeça está vazia vazia, de braços e neurônios abertos para o estresse, a preocupação e o cansaço. Agora é a hora de dormir cada vez menos, ler cada vez mais e me divertir exatamente o mesmo tanto porque ninguém é de ferro, nem o Ironman. E é bom que o Flamengo recomece a ganhar os jogos logo, porque senão esse será mais um motivo para que eu cometa o meu próprio homicídio.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Maycon em crise: Lei Seca

Alguém além de mim percebeu que sumiram das ruas os policiais militares que faziam as vezes de guardas de trânsito? Há poucas semanas se tornou mais do que comum ver dois postes amarelo-Palmeiras em cada esquina do centro de Curitiba munidos de seus bloquinhos e dando multas a deus-dará. Onde será que eles foram parar? Na minha opinião estão cansados de tanto fazer blitz nas noites etílicas da Cidade Sorriso.

Outro dia, numa dessas blitzes, um amigo meu caiu nas garras da lei. Sabe-se lá por que fui o escolhido para receber a ligação a que todo detido tem direito:

- Maycon, meu camarada! Corre aqui na 21ª DP para me salvar.

- Mas o que é que aconteceu, ó desafortunado colega?

- Parei numa blitz, me recusei a fazer o teste e eles me prenderam.

- Você quer dizer que te levaram para a delegacia para fazer um teste sangüíneo, certo?

- Não, prenderam mesmo. Disseram que o fato de eu me negar a assoprar a maquininha caracterizava embriaguez. De nada adiantou eu reivindicar meus direitos de não produzir provas contra minha pessoa ou qualquer coisa do gênero.

- Mas você não estava bêbado, estava?

- Não estava nem estou. Aliás, só um doente ficaria bêbado às nove da noite de uma segunda-feira.

- De fato. Mas o que aconteceu?

- Eu estava voltando da casa da Leila; tive um jantar lá com os pais dela e tudo mais. Cara, não vou ficar me explicando agora; venha para cá logo! Não posso ficar enfurnado aqui a noite toda aqui sem ter culpa de nada.

- Mas por que raios você não fez o tal teste, já que não tinha bebido nada?

- Ora, me diz você porque eu teria que me rebaixar a isso? Minha palavra não é o suficiente para provar minha sobriedade? Digo... Porque eles dizerem que estou bêbado é válido e eu dizer que não estou não conta? Além do mais, eles falavam "estou vendo que você está bêbado, rapaz" e me impediam de qualquer defesa. Eu tinha que escutar e abaixar a cabeça. Se tentasse falar alguma coisa, era cacetada na barriga, nas pernas, nas costas. Me senti um marginal, um assaltante. Esses policiais são um bando de desgraçados. Mas e aí, vai vir ou não?

- Pois é, cara. Não posso agora! É que eu to completamente embriagado. Sabe como é, não tinha nada para fazer e estava passando uma comédia da boa na TV... Mas não se preocupe; pode deixar que eu aviso sua mãe que você está aí. Segura as pontas, guri.

Essa é a Lei Seca do Brasil. Parece a Santa Inquisição. Te acusam de bruxa: se você admitir será queimado; se não, vão te torturar até que admita.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Alexandre em crise: Vôlei

Hoje de manhã Brasil despachou a Rússia na Liga Mundial de Vôlei (25/23, 25/18 e 25/15). Grandes merdas, deve pensar o torcedor mais novato. Mas gostaria de lembrar, que nem sempre foi assim. Houve um tempo que a seleção de vôlei do Brasil não ganhava de ninguém. Talvez ninguém, seja muito pouca gente (seleções). O Brasil só ganhava dos vizinhos da América Latina e olhe lá. Quem sabe o torcedor mais recente, nem imagine que o Brasil sentia temor em jogar contra o russos, italianos, americanos e outros tantos.

Buscando nos arquivos do esporte (google e wikipédia), encontramos dados sobre a chamada Geração de Prata. Time de Wilian, Renan, Montanaro, Bernard e um tal de Bernardinho. Essa geração chegou a jogar com o Maracanã lotado, é mole? Os caras eram bons, mas os outros eram melhores. Isso foi no tempo que tamanho era documento no vôlei. Apesar do carisma que essa seleção tinha, o máximo que conseguiu foi a medalha de prata nos jogos de Los Angeles em 1984.

Na seqüência, o Brasil teve uma seleção com um pouco menos distância de técnica das demais. José Roberto Guimarães, comandou o time que nos traria o primeiro ouro olímpico em esportes coletivos (nem o nosso futebol fez isso até os dias atuais). Marcelo Negrão, Giovane, Tande, Maurício e cia. Fizeram o país do futebol vibrar nas Olimpíadas de Barcelona. O Brasil sapecou a Holanda por três sets a zero, o último ponto foi um ace do Marcelo Negrão (que nem era escurinho).

Essa era uma época para se gostar de vôlei, o torcedor brasileiro tinha a esperança de que nossos meninos de ouro, triunfassem num confronto com qualquer adversário. Mas ainda não éramos uma potência do vôlei mundial. Isso só viria acontecer com o time de Bernardinho. Que fez do Brasil mais do que uma potência do vôlei, transformou o Brasil na única potência. Isso mesmo, o vôlei brasileiro não quis apenas fazer parte do grupo de grandes seleções. Agora as demais seleções entram nas competições pensando em fazer uma final com o Brasil e com muito trabalho, sorte e todo tipo de ajuda quem sabe ganhar.

Eu que nunca fui muito fã do vôlei, porque o Brasil nunca ganhava, agora acho esse jogo mais chato ainda porque o Brasil não tem adversário. Não sei mas os chiliques do Bernardinho, atrapalham até o adversário. Esse time não perde, se perde é quando não vale muita coisa. Como nos jogos em que os titulares são poupados e tals. Vôlei é um jogo muito chato, só tem graça nas olimpíadas. Mas com esse time do Bernardinho e seus chiliques, alguém duvida que é ouro na certa para o Brasil?

Fim

terça-feira, 22 de julho de 2008

Maldita multipolaridade

A verdade é que a tentação de escrever já não é mais a mesma. Falta inspiração, transpiração, sei lá. Ou pode ser porque não ando dormindo direito. Os fatores são muitos, mas é tudo desculpa – a conseqüência é que é uma só.

Tinha dias que eu acordava com uma idéia mirabolante na cabeça, louco para botá-la no papel. Nos meus pensamentos, era tudo perfeito, digno de premiação em Pulitzer, Prêmio Esso e o escambau. Na hora escrever, nada saía como o previsto, nada saía como planejado. As palavras sumiam no infinito da imaginação. Só conseguia expressar o básico, transmitir a idéia, mas sem muito brilho. Agora nem isso mais funciona.

Reclamo dos elogios, mas tenho que admitir que eles fazem falta. Como já disse anteriormente, o único pagamento para um artista é a sua própria vaidade. Por mais humilde que alguém possa ser, as carícias feitas no ego são o que mais atrai nessas profssões de escritor e músico. Sim, eu só faço isso para aparecer e ser bajulado.

A inspiração vai e volta. Já atravessei fases mais negras do que essa, quando nem a vontade de reclamar da situação eu tinha. Agora, ao menos, cá estou castigando vossos olhos com lamúrias de um ex-futuro gênio incompreendido. Não me resta sequer o suicídio, porque até para isso não me sinto completamente apto. Sou muito jovem; não para morrer, mas para ao menos saber como fazer isso. Não deviam exigir tanto dessa nossa juventude – é por isso que o Brasil não vai para frente.

Sendo este um fluxo de (in)consciência, devo procurar no âmago do meu ser uma explicação para tanto desleixo com os próprios hobbies. O cara largar emprego, a namorada e a casa da família vá lá, mas deixar de lado aquilo que é talvez sua única diversão chega a ser burrice. E repare que não falo de explicações físicas e afins: noites mal dormidas são apenas um catalisador dos problemas mais profundos. Temo que seja uma mudança estrutural do meu eu como pessoa. Traduzindo em termos da linguagem corrente, uma mudança de personalidade.

Há algum tempo eu pensava que tinha duas personalidades. Hoje vejo que não, que na verdade são muitas mais. Sou uma eterna mentira, me comportando de acordo com o ambiente. O problema é quando uma gama de atitudes – ou, melhor, uma personalidade – confunde ou se sobressai a outra. Troca-se toda uma forma de se viver. Como se ajustar a isso, nem Freud explica.

Sou e ajo como os perfis de celulares. No trabalho, por exemplo, mudo(-me) para a opção office: toque para chamadas Nokia Tune, bluetooth ativado e aviso de mensagens do tipo "alert 1". E ai por diante. Na escola uso um alerta vibratório, no futebol toques no volume sete e em casa a função home, com opção de receber as chamadas do número fixo. Quando os papéis se invertem, tudo se confunde. Não escuto as ligações no futebol se o alerta estiver em vibrar nem consigo atender as chamadas do número de casa enquanto estou no trabalho. Além disso, pareço um bobo na escola com meu toque Nokia Tune.

Agora meu cérebro disse que devo apagar tudo isso e mandar todos às favos. Vou contrariá-lo, só desta vez. Teremos um final totalmente sem nexo, mas que ao menos dá uma idéia do que estou passando. Passar bem.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Viva Midas

Eu era pré-adolescente numa época em que o cenário da música mundial era dominado por boy-bands e pelas Spice Girls. E ser pré-adolescente já sabe: gostar ou não de determinada coisa molda seu caráter definitivamente, tanto internamente – até porque a pessoa já é consciente dos seus atos – quanto externamente, influenciado pelos amigos (especialmente por suas chacotas). No meu caso, então, era abominar Five, Backstreet Boys, Westlife e companhia e ser amigo dos “caras” ou gostar das boy-bands e ser chamado de bichinha pelos corredores da escola. Preferi abominar, claro.

Só que sempre fui um visionário, e como tal tive já naquela época a certeza de que o grupo N’Sync se sobressairia perante os outros. Não que eu gostasse dos caras ou das suas músicas (apesar de achar aquele lance da dancinha com as tevês genial), mas era visível que eles eram diferentes. As músicas aparentemente não eram tão bestas quanto a dos concorrentes e as coreografias eram bem mais elaboradas do que a maioria, o que querendo ou não chama mais a atenção da garotada. Além do mais, o N’Sync tinha algo que os meninos da rua de baixo não tinham: Justin Timberlake.

Aliás, revendo o que escrevi até aqui acho melhor retificar um ponto de vista: onde se lê “era visível que eles eram diferentes” substitua por “era visível que Justin Timberlake era diferente”, porque não tenho a mínima idéia do que aconteceu com os outros integrantes do N’Sync depois do seu esfacelamento. Aposto que nem a grande maioria das ex-fãs sabem.

Não dá para usar o velho clichê “tudo o que ele toca vira ouro” com Justin Timberlake, mas só porque eu ainda estou aqui para provar o contrário. É que outro dia o cumprimentei efusivamente no aeroporto de Dubai e continuo escrevendo humildemente em blogs de alcance meramente nacional. Só o que ninguém jamais poderá negar que o cabra é mesmo uma máquina de fazer dinheiro. Até no Super Bowl ele cantou! Quem sabe o quanto de dinheiro que essa bendita final do Futebol Americano movimenta entenderá o que significa Justin Timberlake ter cantado lá. O cara realmente é um fenômeno.

E quero deixar bem claro que não gosto e nem nunca gostei das músicas do N’Sync ou do Justin Timberlake. Não é nenhum preconceito nem nada, apenas não gosto porque não escuto muitas músicas em inglês. Pode até ser que ele seja bom, mas no meu iPod só toca música brasileira e instrumental. Enfim, não é bem esse o caso agora. Só estou aqui para pagar um pau nervoso para Justin Timberlake e chamá-lo de extraordinário. Tenho inveja de você, cara. É isso.

Atendendo a pedidos, vou explicar o porquê de ter feito uma ode a Justin Timberlake sem qualquer motivo aparente. É que acabei de ler – e não importa muito onde – que a avó do cara está mexendo seus pauzinho para que o casamento dele saia de uma vez. Com quem? Jéssica Biel. Sim, afortunados leitores, a gracinha da Jéssica Biel. Posso estar um pouco atrasado com essa informação – e Zeus queira que esteja, pois não me orgulharia muito de ser o expert em vida de famosos aqui –, mas que fiquei impressionado, fiquei. Depois de Alissa Milano, Cameron Diaz e Britney Spears (no seu auge, diga-se de passagem), o nosso herói está de caso com Jéssica Biel. Realmente é pra acabar. Só podia ser do Tennessee, o miserável.

terça-feira, 8 de julho de 2008

A jornada

Na longínqua Catulé dos Montes no interior do sertão nordestino, Lúcio queria saber o resultado da rodada. O problema é que ele mora numa região sem muitos vizinhos e sem energia elétrica. Apesar da dificuldade ele acompanha o campeonato, e por isso uma angústia maltratava o seu coração. Resolveu que iria até a vila mais próxima para saber dos resultados. Pegou o Billy, o jegue da família, e saiu em disparada ruma o vila.

Já era quase noite, e Lúcio sabia que era perigoso voltar para casa muito tarde. Ouvia-se muito falar de assaltos e crimes na estrada de terra batida. Muitos dos crimes aconteciam por maldade do jagunços das terras dos coronéis, que costumavam se divertir atirando nos desafortunados que por descuido cruzam o seu caminho. Mas Lúcio, cabra macho barbaridade, não quis saber e foi em busca do que queria.

Certo momento na caminhada, parou para dar água ao Billy, e fumar um cigarrinho de palha. Foi então que uma mulher o chamou pelo nome. Surpreso tentou ver quem era, mas não reconheceu. O jegue ficou assustado, Lúcio tentava acalmar o bicho. Mas o bicho mesmo era a mulher, que não tinha rosto. Era a visão mais estranha que viu em toda a vida. Isso que não acreditava em assombração e coisas do tipo. Sem perder tempo montou no animal e saiu em disparada, sem dar nenhuma olhada para trás.

Correu até o Billy ficar exausto. Seu coração estava disparado, mas já estavam na vila. Foi até a mercearia do seu Emanuel, sujeito acolhedor e bom de prosa, que já estava fechada, onde pediu água para ele e para o seu jegue. O dono da mercearia trouxe o que Lúcio pedira e perguntou se poderia ajudar em mais alguma coisa. - Quanto foi o jogo do Flamengo hoje?- perguntou Lúcio. O comerciante, com um sorriso de deboche, respondeu - o Flamengo não ganhou hoje não!

Lúcio, era a cara da frustração em pessoa , pensou na caminhada que fizera e no susto que tomou para no fim receber esta notícia de que o seu não venceu. Educado, agradeceu pela água e quando foi saindo, Seu Emanuel ofereceu um café. Lúcio aceitou e contou sobre a mulher sem rosto. O comerciante contou que essa mulher costuma aparecer e rouba a visão de quem chega muito perto. Mas Lúcio não ficou tão chateado com a história da mulher sem rosto, quanto com o Mais Querido não ter ganho o jogo.

Terminado o café foi se despedindo de Emanuel, que o interrompeu para dizer: - O Flamengo não ganhou hoje, porque ganhou do Náutico ontem a tarde. Era o que Lúcio precisava para voltar feliz da vida para Catulé dos Montes.

Fim

Ps: Essa mulher sem rosto não tem relevância nenhuma, só queria falar do Flamengo líder do campeonato.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A casa caiu

Pois bem, o castelinho de areia caiu. Por uma semana inteira, ouvimos o falastrão Renigth Gaúcho falando que o Fluminense era campeão, que a Libertadores estava no papo entre outras sandices típicas do treinador. Olha que gosto de fanfarronices futebolísticas, incomoda quem não torce para o time dele. Mas convenhamos, é muito bacana quando algum jogador, técnico ou dirigente do seu time esculacha o adversário antes de um clássico ou de uma decisão.

Porém (ahhh porém), isso é uma faca de dois gumes. Ao passo que você faz uma graça para a sua torcida, está dando asa pra cobra do lado adversário. Pois o lado adversário pode tomar duas atitudes; ou entram na provocação e rebatem também com ironia e provocações, ou ignoram (aparentemente) fazem aquele discurso do “respeitamos o adversário e blábláblá” e internamente usam isso como motivação, que é onde mora o perigo. Confesso que o legal mesmo, é esculachar o adversário e ganhar.

Mas na decisão da Libertadores 2008, o fanfarrão Renigth passou da conta. E como vovó já dizia “de galinha não faz mal a ninguém” e o Fluminense foi com tudo pra cima da valente Liga Desportiva Universitária (parece o Galvão falando) antes do jogo começar. E quando começou... TCHARAN... LDU sapecou 1x0 neles. Tudo bem o time do Renigth marcou três gols, o Thiago Neves (outro fanfarrão) jogou o fino da bola e tudo caminhava para a festa tricolor. Estava construído o castelo de areia. E a base deste castelo começou na virada de mesa em 1996, ou será que todo mundo esqueceu? Eu não.

E foi feita justiça, Cevallos o goleiro que inspirou pouca confiança nos que simpatizaram pela valente LDU, foi o herói da conquista equatoriana. Defendeu três cobranças de pênalti, não teve nenhuma cobrança para fora ou na trave. Cevallos defendeu mesmo! E ainda demonstrou malandragem, na cobrança do Thiago Neves, logo ele que barbarizou o jogo todo, tirando totalmente a concentração do meia de ligação (hehehe...) tricolor.

Já eram quase uma da madrugada e fui dormir satisfeito, pensei em tripudiar como fizeram quando o Mais Querido fez aquele papelão diante do América do México, mas achei melhor ficar no sapatinho. Pois assim amanhã ainda vou acordar líder do campeonato, enquanto outros acordarão de um pesadelo na lanterna e com a cabeça inchada. É a casa caiu!

Fim

Hoje LDU é Brasil

Não fiquei completamente feliz, admito, mas como bom flamenguista jamais poderia ter torcido pelo Fluminense. Já fiz isso, mas as circunstâncias eram outras, completamente diferentes. Se no jogo de hoje ao invés de LDU o adversário fosse o São Paulo, eu seria Fluminense de carteirinha. Deu Equador e não Brasil, mas pelo menos serviu para o Renato Gaúcho baixar a cabeça e ficar pianinho no seu canto (além de não dar motivos para a torcida pó-de-arroz sair por aí comemorando, como se fosse um time grande).

Sobre o jogo, não há muito o que falar. Fluminense jogou como time que precisava e queria vencer, enquanto a outra equipe estava em campo apenas como sparring de boxeador decadente. Mais uma vez reitero que Dario Conca é um excelente jogador, digno de botar no banco da seleção argentina até o mala do Riquelme, e que o coração valente Washington não serve nem de pino segurador de porta. Já a LDU, por sua vez, tem um guerreiro neanderthal chamado Guerrón que poderia facilmente participar daqueles campeonatos de homem mais forte do mundo, e com grandes chances de sair campeão.

Ao Fluminense – e principalmente ao mala (outro?) do Renato Gaúcho – só resta agora lutar contra o rebaixamento no brasileirão e chorar a venda de seus dois craques Thiagos para o mercado europeu. E isso se Conca, Arouca e Junior César não forem vendidos também. Depois do que jogaram hoje não seria nenhum absurdo.

Enfim, meus parabéns à LDU, a Liga Dos Urubus. E Flu: menas, rapaziada. Menas, que Libertadores foi feita só para times grandes.