O moralismo faz de tudo para ser odiado. Não é mais preciso ser liberal paz-e-amor-bicho para odiar algumas atitudes dos chamados moralistas. Pegue a tão comentada propaganda da cerveja Devassa, por exemplo. Se ainda não a viu, procure no You Tube: não tem absolutamente nada demais. A Dona Carminha, famosa alguns anos atrás, era muito - mas muito! - mais ousada e sexy do que a atual.
E, verdade seja dita, isso não é só porque a Paris Hilton é completamente insossa enquanto Dona Carminha era um avião. A propaganda não tem nada de extraordinário e ponto. Ela simplesmente não é capaz de fazer um garotão em seus férteis 14 anos deixar de lado Malhação ID correr para o banheiro. Se ele o fizer, aliás, será mais por causa da novelinha do que pelas imagens da Dona Hilton se refrescando com uma lata de cerveja.
O comercial foi proibido por conta das "poses sensuais, consideradas exageradas por consumidores". Fala sério? No país do Carnaval? Não sei de que consumidores eles estão falando. Quem tem Big Brother na TV aberta não se indigna com mais nada. Quer mais apelação do que Big Brother e a tal da Fazenda? Ver mulheres ensaboando umas às outras é moral enquanto uma loira aguada insinuando algo pateticamente sexy não? O Conar que me conte quem foram o consumidores que consideraram as "poses sensuais exageradas" que vou mandar-lhes o endereço do seminário mais próximo.
Outro assunto muito em voga ultimamente é o chapéu dado por Neymar no zagueiro Chicão, do Corinthians. Num lance já parado pelo juiz, a sensação do Santos puxou a bola por cima de um desesperado Chicão, que repreendeu o rapaz com palavras que seriam proibidas pelo Conar sem dó nem piedade. Aí vem aquela velha pergunta: e daí?
Qualquer um que joga pelada aqui sabe que futebol teria bem menos graça se não fosse o sarro que se tira dos adversários depois do jogo. O legal é se reunir em volta da mesa e ficar lembrando os lances da partida. "E aquela caneta que eu dei no Fulano? Humilhei". Querem tirar isso do futebol profissional. Querem dar amarelo se o cara inventa de dar um drible da vaca na lateral de campo, alegando que foi sem objetividade.
Objetividade, seu juiz? O objetivo é ter motivo para risadas depois, no bar. Porque não sei se o senhor sabe, mas jogador de futebol é tudo amigo. Acabou o jogo, bora pro bar tomar uma e comentar os lances de efeito. Se eles brigam durante alguma partida é porque isso é algo absolutamente normal. Pais ficam meses sem falar com os filhos depois de uma pelada na praia. Coisas do futebol. Ninguém quer perder, porém todos querem humilhar. Os humilhados nem sempre levam na esportiva.
Parem de falar que o cara faz firula e vejam futebol com os olhos de uma criança. Não há que julgar pela objetividade, e sim pela beleza do espetáculo. A moralização - do futebol, da televisão, do que quer que seja - só serve para banalizar. Se tudo for feito com a moralidade do Conar nada mais terá a menor graça.
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