Até eu comemorei. Eu, que já tinha largado os betes, apesar de ainda ser um dos poucos torcedores remanescentes dessa descaracterizada Seleção Internacional Brasileira. Estava tratando-a como faz aquele simpatizante do time prestes a cair para a Série D do campeonato brasileiro: com total indiferença. Sim, já não adiantava mais içar banderias ou entoar gritos de incentivo. Não merecia um minuto sequer do meu precioso tempo.
Mas eu sou chato, teimoso. Apesar da desconfiança, preparei o terreno: cobertorzinho, pipoca e um copão de Coca-Cola. Todo o meu aparato para dias de jogo de seleção durante a semana fora do período de férias. Sim, porque se fosse no fim de semana ou no meio de dezembro eu teria pegado uma dúzia de cervejas e assado uma bela duma picanha no lugar da dupla Coca-Pipoca. Enfim, tudo pronto, Pelé dá início aos trabalhos e, dois minutos depois, gol de Porugal.
Perfeito. Tudo o que eu precisava para abandonar de vez o barco verde-e-amarelo. Um lance bobo, de escanteio, que um segundo a mais de atenção poderia ter evitado. Nem o time atual do Coritiba, com sua zaga em forma de peneira de esgoto (aquela que só serve mesmo para evitar que defundos caiam no rio),teria sofrido com tamanha inoperância. Mas parece que foi justo este gol que acendeu a chama da seleção. Acho que se não fosse esse chacoalhão logo no começo, teríamos mais uma apresentação sofrível de nossos estrangeiros tupiniquins.
Aí Robinho resolveu mostrar serviço. Sabe-se lá por quê o neguinho tava com fome de bola. Roubou-a no meio campo (com uma grande ajuda do luso-brasileiro Pepe, claro) e tocou no meio para Luís Fabiano só empurrar. Para falar dele, aliás, merece ser criado um grande parênteses. Ei-lo:
(Luis Fabiano foi magistral. Eu disse para o meu irmão, há uns dois jogos, que o Fabuloso era um dos melhores atacantes do mundo na atualidade. Ele respondeu "que nada; não dá nem para comparar ele com Ibrahimovic ou Nistelrooy". Walace, leia bem o que eu vou escrever: Luis Fabiano é talvez o melhor atacante do mundo hoje. Sim! Ele é aquele cara que faz gol, a expressão máxima do futebol, não se importando como. Chuta de bico, caindo, de costas, com o pé esquerdo, com o pé quebrado, de nuca, com a pélvis... Para ele só o que importa é que a bola entre. Para ele e para todos os que gostam de vencer. A essência do futebol. Como se isso não bastasse, ontem ele também mostrou habilidade: no seu segundo gol, Luis Fabiano cortou, girou e bateu com o pé-ruim. Gol, e isso é o que importa. Melhor que ele, nem o Obina.)
Futebol é isso aí. Vibração, raça, disposição. Foi lindo ver todos os jogadores correndo, buscando jogo, tocando a bola. Elano foi dez; Robinho, 11; Kaka, mesmo sem gol, chegou perto de 12. Mas Luis Fabiano foi 100. Foi a primeira vez que não senti saudades do Romário na seleção. Não precisou: bola na área, Luis Fabiano resolve.
Aliás, ganhamos apesar do Dunga. Basta ver que foi ele quem insistiu em escalar Kléber e Gilberto Silva, apesar do mundo inteiro rir do futebol deles. Como se não bastasse, depois do intervalo nosso técnico sacou Anderson para pôr Josué.
Um comentário:
hahahahaha
"Melhor que ele, nem o Obina"
naum fala assim do Barack Obina mermão !
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