sexta-feira, 13 de junho de 2008

Laranja mecânica

Vou manda um e-mail para o setor de comunicação da UEFA e pedir um teipe do jogo de hoje entre Holanda e França, pela Eurocopa. Vou mostrá-lo, principalmente o segundo tempo, para todas as pessoas envolvidas com futebol no Brasil, do roupeiro ao ponta-esquerda, do empresário ao garoto da água, do torcedor ao gandula, mas, acima de tudo, aos técnicos. Aquilo foi uma demonstração perfeita do que é futebol. Com romantismo e muita categoria.

O primeiro tempo acabou em um a zero para os holandeses. Até aí, tudo bem. Na volta do intervalo, a França foi com tudo para cima e envolveu a defesa laranja como o Sport fez com o Corinthians na quarta-feira. O que fez, então, Van Basten, o técnico da Holanda? Sacou um meia que estava um pouco sumido e colocou... um atacante! Foi a maior mostra de inteligência e visão de jogo que vi nos últimos tempos, e seguindo a velha (e ótima) máxima de que o ataque é a melhor defesa. Resultado: dois minutos depois da substituição, 2 a 0 Holanda, gol de Van Persie, o cara que tinha acabado de entrar.

É a consagração do futebol-arte, do futebol verdadeiro. Se fosse no Brasil, num jogo qualquer de 2ª rodada de campeonato regional, o scout tiraria o atacante para reforçar a defesa. Mais um zagueiro ou um volante, tanto faz. Lá não. Holanda e França, clássico do futebol mundial, pela Eurocopa (que, dizem, é uma Copa do Mundo sem Brasil e Argentina) e o técnico subjuga a zaga para atacar mais.

Depois do gol, o jogo ficou mais aberto. Mais França no ataque, outro lance genial do técnico Marco Van Basten: tirou mais um meia e colocou outro atacante. Parecia loucura, mas deu resultado. Os franceses até fizeram um, com Henry, mas um minuto depois veio o terceiro da Holanda. Futebol é isso, é raça, é ataque. Um jogo jamais está ganho – ou perdido. A França lutou até o fim, até os 47 do segundo tempo, quando um golaço do Robben credenciou a Holanda como favorita pelo título.

Foi o tipo de jogo em que o time que ganhou mereceu ganhar, mas o time que perdeu não mereceu perder. Simplesmente lindo.

Não sei como estão dispostas as chaves para a fase final da Euro, mas se tudo correr bem teremos uma final entre Portugal e Holanda. Justamente os dois times que priorizam o ataque, mesmo que degringolando a defesa.

P.S.: Não entendo o termo “Holanda” em inglês. Às vezes é Holland, às vezes é Netherlands. Só que “holandês”, em inglês, é dutch. Vai saber o que se passa nessas cabeças imperialistas.

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