quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O Príncipe

Quando eu ainda era criança, lembro de ter ouvido a Tia Judite (ela escreve Judith) falando para minha irmã, que um dia ela encontraria um príncipe montado num cavalo branco, que casariam e viveriam felizes para sempre. Minha irmã ficava com os olhos brilhando, quando a Tia Judite fala isso. E eu brincando do lado delas no sofá, ficava só imaginando quem era esse príncipe. Na minha inocência era um daqueles caras com roupa de carnaval das histórias infantis.

Essa história de príncipe, cavalo branco, felizes para sempre me deixou com a pulga atrás da orelha. Passei muito tempo pensando nisso, até que o Tio Joel meu guru para assuntos da vida, veio esclarecer o que significava esse papo de príncipe. Ele me falou que isso era uma balela, contou que esse príncipe que a Tia Judite falara, nada mais era do que um cara normal, sem nada de majestade, que iria namorar minha irmã, só isso. Minha reação foi um “Ah é isso então tio!”.

Eu devia ter insistido com mais três ou quatro perguntas. Porém se fizesse essas perguntas, com tanta informação na minha cabecinha de 6 anos, com certeza eu teria casado antes dos dez. Mas naquele momento achei que o tal príncipe encantado por ser um cara normal, ou seja era só o namorado da minha irmã. Na hora fiquei pensando quem seria esse malandro. Algum dos amigos dela com certeza, mas qual deles? Só que nessas perguntas que não fiz ao Tio Joel estava uma que me perturbava constantemente. Deveria ter perguntado se para ser príncipe o sujeito necessariamente tinha que vestir aquelas roupas, como as do Erick da Caverna do Dragão.

Dias depois Tio Joel era quem estava comandando a churrasqueira, lá em casa. E eu ali do lado dele e do meu pai, tomando só a “espuminha da cerveja” (NE* viram a culpa não foi minha) e ouvindo a conversa dos dois. Falavam de futebol, dinheiro, carro, com certeza falavam da mulherada. Mas disfarçavam davam nomes de animais, como: cavala, cachorra, potranca sei lá achei que era apelido de escola. Para meu espanto minha tia Cris (esposa do Tio Joel) apareceu na janela e me chamou para almoçar. Só que ela disse “vem almoçar meu príncipe” isso não saiu da minha cabeça o dia todo.

Era domingo e tinha jogo do Mengão, apesar do Tio Joel ser Colorado (o ex-Paraná Clube), ele gostava de ver futebol comigo. Ele tinha os melhores comentários, sempre achei que ele era o cara que mais sabia de futebol no mundo. Ele dizia : - Ta vendo aquele cara ali, o número 5 do Atlético Mineiro? Já apitei jogo dele quando esse cara jogou no Pinheiros- era demais ver que meu tio, o Tio Joel, conhecia jogadores de verdade. E ainda me deu uma grana depois do jogo: - Toma, é porque o Flamengo ganhou, e fique esperto que na próxima vez a gente faz uma aposta, o seu time contra o meu, valeu!?

Antes de ir embora enquanto o Tio Joel estava se despedindo fui perguntar a ele, o que a tia quis dizer quando me chamou de “meu príncipe”. Ele do alto de toda sua sabedoria me disse que eu seria o príncipe da garota mais legal e sortuda do mundo. O tio Joel era foda, na hora nem soube agradecer. Naquela noite quando fui dormir fiquei pensando em como eu ficaria com aquelas roupas de príncipe. E ai surgiram outras dúvidas; Que tipo de mulher gosta de caras vestidos daquele jeito? E como eu iria me virar se tenho medo de cavalo. Bem, do cavalo não, mas aquele olhão grande é sinistro.

Fim

Um comentário:

Anônimo disse...

hauhauahahauh

Acho que tenho participação nesse hein!!!

Adorei.

Bjo.