terça-feira, 19 de setembro de 2006

Voto limpo, voto triste

Em tempo de eleição, é comum aparecerem cartilhas orientando a nós, eleitores, como votar. Vira e mexe saí uma nova cartilha da igreja, de um sindicato ou de uma federação pedindo atenção na hora da escolha. Salvo aquelas dicas, sempre essenciais, que puxam a sardinha para o lado dos autores, o teor de cada manual é sempre o mesmo: “verifique o histórico do candidato, avalie bem as propostas, conheça aliados, identifique a ideologia do partido, etc.”. Simples assim.
Mas, cá entre nós, como se faz para saber do histórico dos candidatos? Eu conheço duas opções simples e rápidas: ver o currículo do figura através de seu site na internet ou procurar o que dizem seus adversários pelos programas por aí afora. Em uma delas, tudo é perfeito: Candidato formado em não-sei-o-que na Faculdade não-sei-das-quantas – duas vezes –, com participações em tantos governos e com mais mil projetos aprovados no Congresso Nacional. Tudo muito bom, tudo muito bem. Já do outro lado, dizem que ele foi cúmplice de tal e tal escândalo, acusado de n crimes e ladrão, ladrão, ladrão. O que fazer?
Podem-se colocar os dois lados na balança e avaliar. A disputa é dura, injusta, e o lado acusador sempre vence. As pessoas são propensas a desacreditar em políticos e ainda a odiá-los com todas as forças. Isso facilita a desmoralização do aspirante. As propostas são sempre as mesmas, desde sempre e para todos os candidatos. Aliados são subjetivos, são todos e nenhum ao mesmo tempo. Tudo depende de como andam as pesquisas. Como então achar o candidato honesto? Afinal, existe cartilha definitiva sobre eleições? Existe. E, calma, vou lhes contar.
Vote no candidato triste, principalmente se ele busca a reeleição. Quanto mais acabado melhor. Aquelas rugas de preocupação são essenciais. Mais olheira, mais honesto. Isso é óbvio! Como dizem por aí, não se faz política sem colocar a mão na sujeira. E como pode alguém revolver toda aquela porcaria e ainda sair por aí distribuindo sorrisos? Vote no candidato triste, abatido. Aquele que põe a mão lá e não esconde seus sentimentos. Isso é honestidade. Aquele que é político não porque gosta, mas porque alguém tem que ser.
Demos um basta nos políticos felizes. Aqueles que roubam nosso dinheiro e saem rindo por aí da nossa cara. Se forem roubar, ótimo. Mas que pelo menos finjam que isso é de extremo desgosto, um desprazer inenarrável. Político bom é político honesto. E pra ser honesto nessa política que vemos por aí, só sendo muito triste mesmo.

Nenhum comentário: