segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Rumando à Brasília

Alguma coisa acontece no meu coração na esquina lá da Visconde com a Barão. Com toda a licença poética, é nesse endereço que fica a Câmara Municipal de Curitiba, meu reduto antagônico de todos os dias. É onde tenho momentos de grande prazer e muitos (muitos) outros de nervosismo contido.
Contido porque, graças, eu me controlo.
Lá é como quando você vai visitar os parentes naquela cidade do interior de Minas, com seus aproximadamente sete mil habitantes.
Você chega geralmente na quinta feira à tarde, logo depois do almoço. Tudo é tão lindo. Desde aquele ar puríssimo (exceto quando passa um trator “cruzando” a cidade) até os velhos e suas partidas de dominó NA praça. Além disso, às 14 horas até o (pseudo) comércio está fechado para a siesta.
Na sexta feira é melhor ainda. Você acorda cedo com o cheiro do café da tia. O leite foi tirado ali, na hora. Que sabor! Pássaros cantam incessantemente no pomar ao lado da janela atraindo os cachorros que correm e latem como se nunca tivessem sido soltos antes. Que cheiros agradáveis. Que sons agradáveis.
Sábado o dia é igual. Aqueles sons, cheiros e sabores tudo de novo. “Que delícia...essa semana vai ser mais do que agradável”. Na hora de ir no mercadinho repor as coisas da casa você passa a mão na chave do trator e vai pagando de fazendeiro. Está até pensando em se mudar definitivamente pra lá.
Na segunda feira você diz: “esses passarinhos são umas gracinhas né? Piam o dia todinho”. E fica o dia todinho falando dos pios dos passarinhos. Fora os cachorros que agora passam o dia no canil. Você disse pro Vô Leopoldo que é por medo de eles atacarem as crianças. Isso sem falar que sua família já fez tour pela cidade trocentas vezes. De bicicleta, a pé, a cavalo e trator, este por duas vezes. E city-tour parecia a coisa mais interessante a se fazer por lá.
Terça feira é irritante. Aquele leite é cheio de nata e o café forte demais. Sua mulher não agüenta mais as histórias da Vó e as crianças já brincaram até com as emas da chácara ao lado. E ainda faltam três dias!
Quarta feira. É o fim! Ninguém agüenta mais aquele lugar. Dão aquela velha desculpa de dar uma “escapadinha até Brasília” e somem pra nunca mais voltar. Os contras superaram os prós.

Na Câmara eu to mais ou menos no domingo. Acho que mais uns três anos nesse emprego eu vou ter que fugir pra Brasília.

Nenhum comentário: