segunda-feira, 2 de julho de 2012

Mas que bóson


Diz que nos EUA alguém está muito próximo de provar a existência do bóson de Higgs. Com esse nome seria muito menos espantoso se a notícia viesse da Inglaterra ou do México, países com a veia cômica bem mais acentuada que a dos Ianques, mas enfim. Fato é que o tal bóson é chamado entre os entendidos de "partícula de Deus". O que ele faz? Dá forma e conteúdo a tudo que existe no universo -- e nem pára para descansar no sétimo dia.

Isso mesmo, crédulos e incrédulos leitores: a ciência, tão empírica em seu modo de ser, herege a ponto de dizer que nossos ancestrais são macacos e que a Terra gira em torno do sol e não o contrário, credita um de seus componentes mais intrigantes e essenciais àquele que por séculos tenta desmentir. Só pode ser ironia.

Se realmente anunciarem a existência do bóson de Higgs (ora, e se ele não existe então de que raios são formadas as coisas?) devemos preparar os ouvidos para as possíveis investidas da Igreja -- das igrejas, todas elas. O geocentrismo voltará com tudo. Nas escolas ensinarão que as mosquinhas sobre um pedaço pútrido de carne tiveram geração espontânea: "vieram dos bósons, crianças". A partícula de Deus virará tendência.

Chances existem, claro, de que isso tudo seja apenas uma piadinha dos homens de jaleco. Tudo pelo bem do bom-humor. Há décadas eles teriam alimentado essa história de bóson de Higgs sob a alcunha de "partícula de Deus" porque já sabem que ela é irreal: um jeito matreiro de dizer ao pessoal da batina que, bem, Deus não existe.

Vamos esperar para ver. Quarta-feira é o dia D.

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