segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ensaio Sobre o Pânico

Agora que o blog infelizmente virou uma bagunça institucionalizada, o pessoal passou a fazer reclamações formais. Um ser, porém, foi mais enfático e menos ranzinza: André Godinho, que, para provar que mostra a cobra AND o pau, escreveu um breve ensaio. Deleitem-se.


Nessa oportunidade de aparecer neste blog, dada pelo dileto Maycon o Dimas, proponho-me a escrever pensamentos não concisos que me atormentaram nessa manhã.

A pós-modernidade não é nada senão um projeto inacabado. Eu mesmo, aqui, desafiando a importância da meritocracia, coisa que nos degrada e que só a internet nos permite fazer, quero tratar de dizeres sobre o pânico.

Com mais delongas, penso no aspartame VS Omega3; o primeiro adoça e o último é amargo, mas fazem papéis inversos, na medida em que o doce esconde o câncer e outro cura até inflamação. Nem no café da manhã dá pra livrar-se dele, aquilo que tem mil e nenhuma face: o medo.  Em anexo vai o meu currículo. Brincadeira, não sei nem o que fazer no café da manhã!

As coisas são o que são em si e também o são em potencial, esse é o conceito ontológico que Aristóteles propõe. Tenho me valido desse conceito para sobrevivência, diferenciar do que é bom e pode ser ruim. A vida pós-moderna é a mais primitiva de todas, salve-se quem puder, antes eu do que nós.

Semana passada no café da manhã assistindo TV fiquei apavorado, vendo o inútil esforço de nosso presidente para tentar livrar uma mulher de ser apedrejada no Irã. O aspartame de imediato amargou e me tomou de câncer; Ok, a cultura é inimiga da lógica, mas o que temos visto no Irã não é em absoluto cultura. São más interpretações do dizeres do profeta, que não são os dizeres de deus e que estão no Corão.

Pra entender melhor essa locura temos que ver uma faceta do medo, a sua instrumentalização na política: “rapai se uma muié chifra um caboclo e é apedrejada, eu num me meto com esse presidente!”. É por ai.

Queria ser um bom escritor, só por agora, porque nem mesmo escrevo, pra tentar passar um pouco de pânico ao leitor. Mas acho que não é preciso; o caos dá conta de fazer.

O negócio mesmo é seguir com a correnteza, nada de ler Kafka e deprimir-se. Vou pro Barigui xavecar e escutar um funk. E, quem sabe, arranjar uma boa briga.


“Ontem sonhei que estava num dojo e o sensei pediu pra que eu dormisse. Sonhei dentro do meu sonho. Lá estive seguro. Foi então que a corrente reflexiva desfez-se e quando acordei  adocei o café, apavorado, nessa arena ocidental”.

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