quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Divago

Ando muitíssimo autocrítico ultimamente. Autocrítico e impaciente. Apago sem dó nem piedade, sem reler ou pensar duas vezes. Este texto, por exemplo, já foi um conto de quase três mil caracteres. Entediei-me e o apaguei sem sequer tentar um final repentino e macabro, características outrora tão marcantes na minha obra.

(Na minha obra? Que m...!)

Não sei bem o que ocorre. Ansioso sempre fui. Cético, crítico e impulsivo também. Será que já não escrevo mais como antigamente? Será que a obrigatoriedade de escrever – ossos do ofício – tirou-me aquela boa e velha gana de ousar? Tenho medo de parecer exagerado ou simplista demais. Sofro só por imaginar uma crítica a um conto breve ou comprido demais. Talvez essa exposição ao público real (aleatório e de diferentes culturas) que passei a ter ao me tornar efetivamente jornalista tem me dado arroubos de autoconsciência.

Deus, perdoai-vos. Eles não sabem o que fazem quando me criticam.

Tenho dificuldades com as críticas, admito. Não consigo vê-las como uma forma de crescimento. Absorvo-as e isso machuca minha própria honra. Mas pior que as críticas vindas de terceiros são as autocríticas – e já disse que nunca fui tão autocrítico na minha vida. Essas ideias que cada um tem de si mesmo são sempre as mais verdadeiras, são a certeza de que a pessoa necessita mudar alguma coisa e só não sabe por onde começar. Porque, afinal, se soubesse não se puniria e mudaria de uma vez.

Mas divago. Disse um sábio certa vez, acho que Sêneca, que nos grandes arroubes de eloquência há mais ruído que sentido. Não vou ficar me julgando nem me penitenciando em público. Já sofro demais dentro da minha própria cabeça. Estou num período de transição que por mais que já tenha durado um tempo relativamento grande trará bons frutos.

Ou não.

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