Pedro sempre chegava ao trabalho como um zumbi. Todo escangalhado e com o semblante de quem não dormia direito há muito tempo. As xícaras de café , as cobranças do chefe e as piadas dos colegas eram suas companheiras durante o dia.
Ele não se deixava abalar. Tirava tudo de letra, apesar das olheiras e da cara de cansado, ainda mostrava um sorriso. Até mesmo o apelido WD, de Walking Dead, que ganhou dos colegas da firma. Até imitava um zumbi quando ia buscar um café. A rapaziada se amarrava na imitação.
Porém, todos os dias era a mesma coisa. A cara de cansado, a brincadeira de zumbi, as piadinhas com Walking Dead, o café, as cobranças do chefe, enfim, a rotina. O que ninguém sabia, exatamente, é o que Pedro fazia a noite. Para uns ele era dançarino em uma boate. Para outros ele era usuário de drogas. Ainda tinham alguns que achavam que Pedro era uma desses ‘garotos de aluguel’.
Certa manhã, como tantas outras, Pedro chega ao trabalho e encontra os colegas gargalhando com o jornal do dia nas mãos. Pedro se aproximou para ver do que eles riam. Eles riam da manchete que mostrava o Homem Aranha com o uniforme rasgado nos fundilhos. Pedro fechou a cara e foi para sua mesa, sem dizer uma única palavra. Misteriosamente, depois daquele dia o Homem Aranha nunca mais foi visto e o crime tomou conta da cidade.
Fim
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