quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Novela Andrade

É duro ser torcedor do Flamengo e ter algum senso crítico. São coisas completamente antagônicas. A gente sai uma inexplicável fila de 17 anos em um campeonato no qual deveríamos incondicionalmente comandar e onde se afunda o clube? Num lindo e cheiroso mar de rosas? Não. Afunda-se na mais profunda e demoníaca crise.

Sim, crise. Chamem do que quiserem, mas para mim essa novela da renovação do Andrade é mais crise do que ameaça de rebaixamento em Campeonato Carioca. Veja só: o cara é ídolo eterno dentro e fora das quatro linhas; amado e adorado por jovens e idosos, diretoria e jogadores, torcedores e imprensa; levou o Mengão ao hexa da injusta e já supracitada fila; e, além de tudo, foi escolhido o melhor treinador daquele que foi considerado o melhor Campeonato Brasileiro dos últimos tempos. Precisa de mais? Estão esperando o quê? Dêem 250 mil de uma vez para o nosso Tromba. Dêem 300, se precisar! Só não deixem essa oportunidade escapar.

Aí caímos em outra discussão: merece um treinador de futebol receber tanto dinheiro por mês? Não, definitivamente não. Resposta curta e grossa. É óbvio a todos que os salários no futebol são superultrafaturados. É revoltante um cara que teve a sorte de ter um bom empresário (e não estou me referindo sarcasticamente ao Belleti, do Chelsea) receber milhões de libras por ano enquanto nós, reles mortais, pagamos em média oito reais mais o dinheiro da cerveja para jogar uma partida de futebol society com amigos pernas-de-pau numa quinta-feira às onze da noite.

Mas essa é a realidade e temos de aceitá-la. É nisso que infelizmente o futebol se tornou, nesse negócio sujo e inescrupuloso. Não há mais romantismo, não há jogador vestindo a camisa de um clube porque realmente o ama. Fazem-no porque são pagos. E não é o Flamengo que vai mudar isso. Não é o Flamengo que vai convencer o mundo de que um técnico que ganha 50 mil reais por mês pode ser multicampeão e durar décadas à frente de um time à la Sir Alex Fergunson.

Bom, talvez até seja o Flamengo que venha a fazer isso um dia, já que ele é o doutrinador-master do futebol mundial. Mas esse dia não precisa ser hoje. Esta não é a hora certa de mostrar esse tipo de serviço, diretoria! Não é hora de fazer "política pé-no-chão", visando balanço favorável no final do ano. Balanço favorável para clube de futebol é título na estante e torcida ao seu lado. Balanço favorável para clube de futebol é time forte nas mãos do treinador. Vocês têm isso agora -- acordem! Ficar nos assustando com a possibilidade de perder o nosso interino é jogar contra o próprio patrimônio.

Fiquem tranquilos que qualquer salário dado ao Andrade será pago rapidinho com o apoio da Magnética rumo ao bi da Libertadores. Agradar a torcida é o maior investimento que o Flamengo pode fazer.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Reestréia

Voltar a escrever não é fácil. Essa coisa de juntar palavras, coisa que outrora parecia tão simples, tornou-se aquilo que os simplistas chamam de "bicho de sete cabeças" (agora sem os hífens). A malfadada página branca, que até para um treinado é assustadora, agora me botou em desespero. Tomou-me duas semanas para ter a coragem de começar a digitar alguma coisa. Só nessas primeiras linhas, para citar um exemplo esdrúxulo, já apaguei e enxertei uma centena de idéias diferentes e ainda não consegui me dar por satisfeito.

Tá achando ridículo isso de "conversar" com o leitor? Nem queira saber o que estava escrito antes então. Quem me conhece sabe que este é meu último recurso, coisa que só faço uso quando apelar para a escrita em primeira pessoa já não está mais dando conta da falta de inspiração.

Para quem não sabe da novidade, eu estava viajando. Foram oito meses bem vividos na terra dos leprechauns, vulgarmente conhecida como Irlanda. Não vou comentar sobre a viagem porque certamente não interessa a ninguém. Além do mais, já estou envergonhado o suficiente com o uso e abuso desses "eu's", "mim's" e afins. Só o que precisam saber é que foi uma viagem como qualquer outra, com toda a diversão e perrengue que elas têm. Com o agravante de ter como personagem principal eu, Maycon Dimas, o que torna tudo consideravelmente mais chato que o normal.

Fato é que ter viajado me afastou da escrita. Sorte de vocês, porém essa é uma das pouquíssimas coisas que eu gostaria de fazer para ganhar dinheiro na minha vida. Lá eu deixei de escrever primeiro porque não tinha computador, e um escritor moderno não se dá mui bem com canetas em geral; e segundo porque fiquei sem ler livros em português por um bom tempo, o que praticamente eliminou qualquer traço de inspiração que ainda me restava.

(Quê? Vai dizer que alguém achava que aquilo tudo vinha da minha cabeça? Era tudo cópia, irmão. Tudo cópia.)

Agora estou de volta. De volta para os meus livros, de volta para o meu computador. Agora tenho jornais para ler todos os dias (porque apesar de moderno eu não troco um bom jornal de papel sujo por tela nenhuma nesse mundo). Agora tenho o vizinho sonhador para me dizer sobre o que escrever na semana que vem. Foi uma ótima experiência e admito que gostaria de ainda estar por lá, mas também é bom estar de volta. Azar de vocês que terão novamente que me aturar,

Ao menos o "vocês" a que me refiro diz respeito a menos de 10 afortunadas pessoas.