sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Segunda-Feira

Nunca pensei que iria querer isso, mas eu quis e ainda quero. Faz um tempo já que não consigo acordar disposto. Isso é só um problema a mais, pois até uns meses atrás eu não conseguia dormir. Agora acho que não acordar direito é só uma herança deixada pela minha insônia. Mas hoje cedo, seis e quarenta e três, quando meu celular toca a música do Rock Balboa (pan pararan pararan pararan...) eu acordei. Parecia que tinha tomado um porre na noite anterior, o que não foi o caso, puxei a cortina para olhar o tempo e pensei: - porra, ainda não é sábado.

Além de não ser sábado, me senti meio quebrado. Parecia que tinha jogado futebol a pouco tempo ou sido espancado por uma torcida organizada. Entrei no banheiro e o espelho me mostrou uma imagem que seria engraçada se não fosse eu quem ele refletia. Uma figura com o rosto inchado, olhos semi-abertos e com semblante de um filhote recém-nascido incomodado com a luz. O banho resolve parte do problema, o rosto ficou apresentável. Mas os olhos ainda não estavam bem abertos.

Coloquei uma música para melhorar o ambiente, enquanto tomava café. É bom, porque acho o dia melhora com música. Deve ser psicológico, mas comigo funciona. Ainda no café as idéias começam a tomar forma e penso no que tenho que fazer no dia. De repente, me ocorre que é sexta-feira. Não disse que o dia melhora com música. Me visto e saio trabalhar com um certeza, uma estranha certeza. A certeza de que eu quero uma segunda-feira, porque hoje eu saio de férias. Agora não vejo a hora de chegar segunda-feira, só para eu acordar e voltar a dormir.

Fim

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Verde-limão

O verde-limão é a cor mais burra que existe. A cor não, porque cor não pode ser burra; o nome que deram a ela é que é burro. Aquela camisa do Palmeiras, a terceira, que parece uma caneta marca-texto, todo mundo diz que é verde-limão. Não é. Não tem nada a ver. Verde-limão de verdade é a camisa número um do Palmeiras, a principal. Explico.

Quando se diz que uma coisa é a coisa MAIS outra coisa, significa que é a coisa com certas doses da outra coisa. Parece complicado, mas não é. Veja, por exemplo, a arraia negra. Ela é chamada assim pelo mero fato de ser negra, assim como a aranha marrom é aranha marrom por ser... marrom. Simples.

Mas a outra coisa não fica só na cor, não. Tem o esquilo-voador, por exemplo. Ele é chamado assim porque voa, óbvio. E o verme-da-mongólia o é porque vive no deserto de Gobi, que todo mundo aqui sabe que fica no sul da Mongólia. Aliás, supostamente vive, porque sua existência nunca foi provada, mas isso é discussão para outra hora.

Mas e o verde-limão? O limão, aquela ótima fruta com que se faz a melhor-ainda caipirinha, já é verde por natureza (ou amarelo, mas aí ele é honestamente chamado de limão amarelo), e não tem nada a ver com o que se costuma chamar por aí de verde-limão. O verde-limão deveria ser da família do rosa-choque, que é outro nome de cor meio burro mas que tem algum sentido, já que é verde-limão é o verde acrescido de um... choque?

Enfim, essa é uma conversa muitíssimo séria e que ainda pode dar muito pano para a manga – a da camisa, e não a manga espada, de comer, que tem esse nome porque seu corpo é alongado e achatado nas pontas.